Saiba o perfil dos lares que enfrentam insegurança alimentar no DE
Com base no estudo do Ipedf divulgado em dezembro, o DE traçou o perfil dos lares que enfrentam insegurança alimentar no DF. Cerca de 21% dos domicílios no Distrito Federal apresentam algum grau de insegurança alimentar. A situação afeta principalmente lares com crianças, chefiados por mães solos, famílias negras e com pessoas com deficiência.
O Instituto de Pesquisa e Estatística do Distrito Federal (Ipedf) divulgou, no início de dezembro, dois suplementos que completam o estudo “Segurança alimentar no Distrito Federal: um panorama sociodemográfico”. Os dados usados pela instituição são referentes à Pesquisa Distrital de Amostra de Domicílios, de 2021. Com os levantamentos, o DE traçou o perfil dos lares que enfrentam insegurança alimentar no Distrito Federal: a localidade, o tipo de renda, se recebem benefícios sociais e a estrutura familiar das casas que passam por dificuldades para se alimentar.
O estudo aponta que a 12,7% dos domicílios no Sol Nascente vivem em insegurança alimentar. Ceilândia, Itapoã e Varjão também fazem parte das regiões administrativas que registram o maior número de ocorrências do tipo.
A subsecretária de Segurança Alimentar e Nutricional, Vanderléa Cremonini, da Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes) defende que, como os dados são de 2021, ações do Governo do Distrito Federal foram feitas como resposta para garantir a assistência à população. Em 2023, por exemplo, foi inaugurado o segundo restaurante comunitário no Sol Nascente, sendo a única região administrativa a contar com dois estabelecimentos do tipo.
Os restaurantes cobram R$ 1 para o almoço e há unidades com café da manhã e jantar, custando R$ 0,50 as duas refeições. A insegurança alimentar atinge mais casas que são chefiadas por mulheres negras. Cerca de um terço dos domicílios nessas condições enfrentam algum tipo de redução na quantidade e/ou na qualidade dos alimentos. Quando os lares contam com crianças de 0 a 6 anos, o número aumenta para 41,5% das casas com mães solo negras.
A insegurança alimentar é mais presente em casas com crianças. Pela pesquisa, nas moradias que contam apenas com adultos, a insegurança chega a 17%. Por outro lado, quando o lar tem um morador com menos de 18 anos, a prevalência vai para 23,2%. Nas casas em que tem dois moradores menores de 18 anos, o índice sobe para 31,8%. Já nos domicílios com três ou mais crianças ou adolescentes, o número atinge 47,2%.
Os lares que contam com a presença de pessoas com algum tipo de deficiência também registram uma prevalência na insegurança alimentar. Segundo os estudos, 41,9% se apresenta em casas com PCDs. O estudo ainda apresentou que mais da metade dos domicílios que recebem algum tipo de benefício social registraram insegurança alimentar, sendo a prevalência apresentada em 55,4% dos casos. Já as casas que não recebem benefício apresentaram insegurança alimentar em apenas 17,8% dos casos.
O estudo apresentou, ainda, detalhes sobre as famílias que têm despesa com aluguel comprometendo cerca de 30% da renda. Essas também estão em uma situação maior de insegurança alimentar, com 43%. A subsecretária Vanderléa explicou que as famílias que estiverem em situação de insegurança alimentar podem se apresentar a um dos Centros de Referência e Assistência Social (Cras). As famílias são submetidas a um teste e passam a receber benefício pelo programa Prato Cheio. Nos casos graves, a pessoa sai com uma cesta básica de alimentos não perecíveis e uma cesta básica verde, com alimentos da agricultura familiar para garantir a alimentação dos integrantes da família.
De acordo com a Organização Pan-americana de Saúde (Opas), há diferença entre insegurança alimentar e fome. Fome é uma sensação desconfortável ou dolorosa causada por energia insuficiente da dieta, com prevalência de desnutrição. A insegurança alimentar é quando uma pessoa enfrenta incerteza sobre sua capacidade de obter alimentos e se vê obrigada a reduzir a quantidade ou qualidade da comida que consome. A gravidade varia de acordo com o período que as pessoas ficam sem comer, podendo ser uma refeição ou até mesmo um dia em caso extremo.