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Peritos investigam crime ambiental em abandonado Hospital Santa Genoveva

Última atualização 03/09/2022 | 11:09

Nesta última sexta-feira, 2, a Polícia Técnico-Científica fez uma perícia no antigo Hospital Santa Genoveva, em Goiânia, que está abandonado desde 2017. A perícia foi solicitada pela Delegacia Estadual de Crimes Contra o Meio Ambiente (DEMA), após uma requisição do Ministério Público de Goiás.

O delegado Luziano Carvalho, que está a frente do caso, alega ter recebido denúncias sobre as condições do local através dos moradores. De acordo com ele, essas condições são graves.

“Está um cenário de filme de terror”, disse o delegado.

Apesar de possuir materiais tóxicos, não há risco de produto radioativo no local, como Césio-137, que aconteceu em setembro de 1987 na capital. E para chegar no responsável pelo abandono, o resultado da perícia será enviado à Dema.

Maíra Ludovico, que fazia parte do Grupo Santa Genoveva, foi contatada para saber se a administração do local continua com o grupo e a motivação do abandono. Porém, o advogado Ricardo Gonçalez ressaltou que foi uma decisão judicial que declarou a falência do hospital e que Maíra não é mais administradora do local, “não respondendo pelo mesmo e nem podendo falar em seu nome.”

“A decisão judicial gera efeito imediato, não não tendo os recursos interpostos efeito suspensivo”, explicou o advogado.

Um outro advogado, Dyogo Crossara, que agora é síndico e responde judicialmente pelo o hospital, foi contatado e apontou que somente os sócios poderiam falar sobre a atual situação do hospital.

O delegado Luziano explicou que a abertura do inquérito tem o propósito de apurar se há crime ambiental, a partir do abandono dos materiais tóxicos às margens do rio Meia Ponte. Ele ainda afirma que foram encontrados os seguintes produtos e substâncias tóxicas: materiais hospitalares, medicamentos, ampolas de sangue, móveis quebrados, uma geladeira abandonada, entre outros. Também falou dos equipamentos presentes no local e o risco de incêndio e até desabamento, devido a diversos buracos e parte de telhas e gesso caindo.

Já de acordo com a perita do caso, Patrícia Castro Braga, todo o trabalho da polícia técnico-científica vai levar cerca de três a quatro meses, devido ao material que está sendo analisado. Em junho, a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEM) desmontou os equipamentos para retirar as fontes ionizantes dos seguintes equipamentos: raio-X, tomógrafo, mamógrafo e outros utilizados em diagnósticos médicos. Assim ressaltando que não há risco de material radioativo.

Patricia declara que a principal preocupação de fato é a massa falida desativada e abandonada que consolidou no hospital. “Cabe à polícia científica apontar os riscos dessa ocupação de faixa marginal do curso hídrica”.

Ela ainda ressalta que os materiais abandonados estão contribuindo para a proliferação de animais e que “podem ser um risco à saúde pública da população vizinha em especial”.

Por fim o delegado fala sobre a importância da retirada imediata de todos os produtos hospitalares que estão no local, e ainda citou o artigo 56 da Lei 9.605/1998, “armazenar, guardar, ter em depósito ou usar produto ou substância tóxica, perigosa ou nociva à saúde humana ou ao meio ambiente, em desacordo com as exigências estabelecidas”. Luziano afirma que a pena pode variar de um a quatro anos e multa.

Quando concluir o inquérito, será remetido à Justiça de Goiás, que deve decidir quem deve ser responsabilizado e como.