Última atualização 20/05/2017 | 19:29
Gravação feita pelo delator Joesley Batista, da JBS, da conversa que ele teve com o presidente Temer, no Palácio do Jaburu, no dia 7 de março, será um dos pontos mais discutidos durante a investigação autorizada pelo Supremo Tribunal Federal contra o presidente da República. O áudio foi entregue pelo empresário à Procuradoria Geral da República dentro de um acordo de delação premiada. Os jornais “Folha de S.Paulo” e “O Estado de S. Paulo” deste sábado trazem reportagens ouvindo peritos sobre o áudio da conversa do delator com o presidente.
Os peritos detectaram o que classificam de interrupções ou edições. Um deles diz que não é possivel afirmar o que as provocou, se defeito no gravador ou outro motivo.
Os peritos ressalvam que está íntegra a parte fundamental da gravação: quando Joesley diz que zerou suas pendências com Eduardo Cunha e ficou de bem com o ex-deputado preso em Curitiba, ouvindo em outro trecho, a seguir, o presidente incentivar, dizendo “isso tem que continuar, viu”. Para o perito ouvido pela “Estadão”, o mesmo ocorre na parte em que o presidente Temer ouve de Joesley que está manipulando a Justiça.
A reportagem da “Folha” diz que o áudio entregue por Joesley tem cortes, segundo um perito contratado pelo jornal.
O jornal afirma que “uma perícia contratada pela ‘Folha’ concluiu que a gravação sofreu mais de 50 edições”. O laudo foi feito por Ricardo Caires dos Santos, perito judicial pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo.
Para a “Folha”, ele diz que o áudio teria “indícios claros de manipulação, mas “não dá para falar com que propósito”. Em entrevista à “Folha”, outro perito, Ricardo Molina, declarou que a gravação é de baixa qualidade técnica e diz que “percebem-se mais de 40 interrupções, mas não dá para saber o que as provoca. Pode ser um defeito do gravador, pode ser edição, não dá para saber”, diz Molina.
Ainda segundo a reportagem da “Folha de S.Paulo”, “no momento mais polêmico do diálogo, quando, segundo a PGR, Temer dá anuência a uma mesada de Joesley a Cunha, a perícia feita por Ricardo Caires dos Santos não encontrou edições.
O jornal “O Estado de S. Paulo” também aborda o tema, com um perito que diz que “detecta 14 ‘cortes’ em áudio de conversa entre Temer e empresário, mas que, segundo o jornal, também “não vê, no entanto, ‘fragmentações’ no intervalo em que Eduardo Cunha é citado”. Ao “Estadão”, o perito Marcelo Carneiro de Souza disse que “os 14 trechos em que o perito encontrou possíveis edições estão entre o 14º minuto e o 34º minuto do áudio.
Essa parte da gravação não inclui o trecho em que Joesley fala que está segurando dois juízes e um procurador. Essa parte da gravação foi confirmada pela Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República, no próprio dia em que o áudio veio a público, em nota afirmando que “o presidente Michel Temer não acreditou na veracidade das declarações. O empresário estava sendo objeto de inquérito e por isso parecia contar vantagem”.
Segundo a nota, “o presidente não poderia crer que um juiz e um membro do Ministério Público estivessem sendo cooptados”.
Fonte: G1