Um levantamento aponta que houve um aumento de 75% em mensagens de discurso de ódio nas redes sociais nos últimos anos no Brasil. A pesquisa foi realizada pelo Ministério da Justiça em parceria com a Safernet, associação que atua em defesa dos direitos humanos na internet, juntos eles mapearam que as denúncias de crimes triplicaram nos últimos anos.
O levantamento mostra que as agressões motivadas por ódio, preconceito e intolerância dispararam em ano eleitoral, como em 2018 e em 2022. Foram 74 mil denúncias de crime de ódio contra pouco mais de 44 mil só em 2021. O maior aumento foi nos crimes de ódio contra as mulheres, saltando de pouco mais de 8 mil para mais de 28 mil, justamente no ano em que o Brasil registrou o maior número de feminicídios desde que a lei entrou em vigor.
As agressões envolvendo intolerância religiosa, racismo e xenofobia também não ficam de fora, tendo um aumento disparado.
De acordo com o presidente da Safernet, o ódio tem sido utilizado como tática política durante a eleição de 2022, o que estimulou a proliferação de mensagens criminosas na rede.
“Algumas pessoas acham que porque estão na internet estão anônimas e não são obrigadas a respeitar o outro, não são obrigadas a cumprir as leis, não são obrigadas a ter um comportamento minimamente decente que se espera de qualquer cidadão que tenha consciência dos seus direitos e também dos seus deveres”, diz Thiago Tavares.
A influenciadora digital Valéria Lessa, afirma que vive na pele no dia a dia do trabalho o que são discurso de ódio, preconceito na internet, principalmente nas redes sociais. Ela ainda ressalta que faz de tudo para limitar o que a filha de 7 anos e o filho de 12 assistem.
“Nós estamos numa geração que hoje a realidade é ter as telas nas mãos, né? Então, não tem como você privar isso. É o efeito manada, né? Porque quando você fala de uma coisa ruim, você também pode incentivar, instigar outras pessoas que já de alguma forma tinham aquilo ali internamente aflorar, parece que dar coragem”, diz.
A especialista em educação pela Universidade de Brasília, a professora Catarina de Almeida aponta que a escola é fundamental na reeducação dos usuários das redes sociais. Porém a tarefa é de todos.
“Consciência você não empurra. Consciência você constrói. E precisa construir através de diversos espaços. Não adianta a gente achar que esse é um papel só da escola. Esse é um papel dos meios de comunicação, esse é um papel das redes sociais, é um papel do parlamento brasileiro, esse é um papel do Poder Judiciário, do Poder Legislativo, Executivo. Todos nós precisamos nos debruçar na busca de soluções, na busca de ações. Se nós não combatermos isso em todos esses espaços, a gente não vai reverter essa situação na sociedade brasileira”, diz.