Pesquisa: novo medicamento pode ser capaz de inibir Zika Vírus e evitar a microcefalia

Pesquisa: novo medicamento pode ser capaz de inibir Zika Vírus e evitar a microcefalia

Após a recente descoberta de como o vírus da zika age no cérebro dos bebês infectados, nesta segunda-feira, dia 20, um grupo de cientistas brasileiros, argentinos e estadunidenses publicou um estudo na revista Nature Neuroscience revelando a descoberta de um mecanismo de bloqueio à ação do vírus em camundongos, impedido o aparecimento da microcefalia.

A forma de ataque do vírus ao feto foi descrita de forma inédita pelos pesquisadores, que identificaram que o vírus percorre a placenta e, em seguida, é disseminado no cérebro do feto. A multiplicação acontece por meio dos neurônios.

A invasão do vírus ocorre pelas células e a sua atividade acontece por meio do receptor AHR, que é uma proteína. Com isso, o elo é ativado e passa a frear a produção das células imunes, uma das responsáveis pela imunidade antiviral em humanos e animais. Por conta dessa ação, o zika encontra caminho livre, sem proteção, para se multiplicar e, consequentemente, invadir os precursores neuronais dos fetos. O fim do processo é o surgimento da microcefalia em bebês.

Com o mecanismo de atuação identificado, os pesquisadores deram início à etapa de estudos para remediar o problema. O medicamento foi testado em fêmeas de camundongos em gestação infectadas com o zika. Como esperavam, as lesões apresentaram uma boa recuperação. A atuação nos neurônios do cérebro foi ainda melhor, já que segundo o imunologista ele “bloqueou 100% da ação do vírus”.

Por conta da composição descoberta, o cérebro de fetos contaminados com o vírus, mas medicados, se assemelhou com um cérebro não infectado. Agora, os cientistas partem para a fase de testes em seres humanos, que concluirá se o medicamento é realmente eficaz na luta contra a microcefalia. Ficamos na torcida.

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Preconceito e discriminação atingem 70% dos negros, aponta pesquisa

Sete em cada dez pessoas negras já passaram por algum constrangimento por causa de preconceito ou discriminação racial. O dado é de pesquisa de opinião realizada pelo Instituto Locomotiva e pela plataforma QuestionPro, entre os dias 4 e 13 de novembro.

Os sentimentos de discriminação e preconceito foram vividos em diversas situações cotidianas e são admitidos inclusive por brancos. Conforme a pesquisa, a expectativa de experimentar episódios embaraçosos pode tolher a liberdade de circulação e o bem-estar de parcela majoritária dos brasileiros.

Os negros, que totalizam pretos e pardos, representam 55,5% da população brasileira – 112,7 milhões de pessoas em um universo 212,6 milhões. De acordo com o Censo 2022, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 20,6 milhões (10,2%) se autodeclaram “pretos” e 92,1 milhões (45,3%), “pardos”.

O levantamento do Instituto Locomotiva revela que 39% das pessoas negras declararam que não correm para pegar transporte coletivo com medo de serem interpeladas. Também por causa de algum temor, 36% dos negros já deixaram de pedir informações à polícia nas ruas.

O constrangimento pode ser também frequente no comércio: 46% das pessoas negras deixaram de entrar em lojas de marca para evitar embaraços. O mesmo aconteceu com 36% que não pediram ajuda a vendedores ou atendentes, com 32% que preferiram não ir a agências bancárias e com 31% que deixaram de ir a supermercados.

Saúde mental

Tais situações podem causar desgaste emocional e psicológico: 73% dos negros entrevistados na pesquisa afirmaram que cenas vivenciadas de preconceitos e discriminação afetam a saúde mental.

Do total de pessoas entrevistadas, 68% afirmaram conhecer alguém que já sofreu constrangimento por ser negro. Entre os brancos, 36% admitem a possibilidade de terem sido preconceituosas contra negros, ainda que sem intenção.

Para o presidente do Instituto Locomotiva, Renato Meirelles, os dados apurados indicam “a necessidade urgente de políticas públicas e iniciativas sociais que ofereçam suporte emocional e psicológico adequado, além de medidas concretas para combater o racismo em suas diversas formas”.

Em nota, Meirelles diz que os números mostram de forma explícita que a desigualdade racial é uma realidade percebida por praticamente todos os brasileiros. “Essa constatação reforça a urgência de políticas públicas e ações efetivas para romper as barreiras estruturais que perpetuam essas desigualdades e limitam as oportunidades para milhões de pessoas negras no Brasil.”

A pesquisa feita na primeira quinzena deste mês tem representatividade nacional e colheu opiniões de 1.185 pessoas com 18 anos ou mais, que responderam diretamente a um questionário digital. A margem de erro é de 2,8 pontos percentuais.

Racismo é crime

De acordo com a Lei nº 7.716/1989, racismo é crime no Brasil. A lei batizada com o nome do seu autor, Lei Caó, em referência ao deputado Carlos Alberto Caó de Oliveira (PDT-BA), que morreu em 2018. A lei regulamenta trecho da Constituição Federal que tornou o racismo inafiançável e imprescritível.

A Lei nº 14.532, sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em janeiro de 2023, aumenta a pena para a injúria relacionada a raça, cor, etnia ou procedência nacional. Com a norma, quem proferir ofensas que desrespeitem alguém, seu decoro, sua honra, seus bens ou sua vida poderá ser punido com reclusão de 2 a 5 anos. A pena poderá ser dobrada se o crime for cometido por duas ou mais pessoas. Antes, a pena era de 1 a 3 anos.

As vítimas de racismo devem registrar boletim de ocorrência na Polícia Civil. É importante tomar nota da situação, citar testemunhas que também possam identificar o agressor. Em caso de agressão física, a vítima precisa fazer exame de corpo de delito logo após a denúncia e não deve limpar os machucados, nem trocar de roupa – essas evidências podem servir como provas da agressão.

Nesta quarta-feira, 20, o Dia de Zumbi e da Consciência Negra será, pela primeira vez, feriado cívico nacional.

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