Após a recente descoberta de como o vírus da zika age no cérebro dos bebês infectados, nesta segunda-feira, dia 20, um grupo de cientistas brasileiros, argentinos e estadunidenses publicou um estudo na revista Nature Neuroscience revelando a descoberta de um mecanismo de bloqueio à ação do vírus em camundongos, impedido o aparecimento da microcefalia.
A forma de ataque do vírus ao feto foi descrita de forma inédita pelos pesquisadores, que identificaram que o vírus percorre a placenta e, em seguida, é disseminado no cérebro do feto. A multiplicação acontece por meio dos neurônios.
A invasão do vírus ocorre pelas células e a sua atividade acontece por meio do receptor AHR, que é uma proteína. Com isso, o elo é ativado e passa a frear a produção das células imunes, uma das responsáveis pela imunidade antiviral em humanos e animais. Por conta dessa ação, o zika encontra caminho livre, sem proteção, para se multiplicar e, consequentemente, invadir os precursores neuronais dos fetos. O fim do processo é o surgimento da microcefalia em bebês.
Com o mecanismo de atuação identificado, os pesquisadores deram início à etapa de estudos para remediar o problema. O medicamento foi testado em fêmeas de camundongos em gestação infectadas com o zika. Como esperavam, as lesões apresentaram uma boa recuperação. A atuação nos neurônios do cérebro foi ainda melhor, já que segundo o imunologista ele “bloqueou 100% da ação do vírus”.
Por conta da composição descoberta, o cérebro de fetos contaminados com o vírus, mas medicados, se assemelhou com um cérebro não infectado. Agora, os cientistas partem para a fase de testes em seres humanos, que concluirá se o medicamento é realmente eficaz na luta contra a microcefalia. Ficamos na torcida.