Pesquisa revela que 15% das brasileiras foram vítimas de estupro, mas maioria não denuncia

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Uma pesquisa realizada pelo Instituto Patrícia Galvão em parceria com o Instituto Locomotiva e divulgada recentemente aponta que 15% das brasileiras afirmam ter sido vítimas de estupro. A maior parte dessas mulheres (12% dos 15%) relata que a violência ocorreu quando tinham até 13 anos de idade. Surpreendentemente, mais da metade delas (57%) não contou a ninguém sobre o ocorrido. Além disso, a pesquisa revelou que a maioria das mulheres estupradas, seja na infância ou na idade adulta, não buscou nenhum serviço de saúde após o trauma. Outro dado alarmante é que 8% das vítimas relataram ter engravidado em decorrência do estupro.

O estudo realizado pelos institutos Patrícia Galvão e Locomotiva também apontou que seis em cada dez brasileiros (59%) conhecem alguma mulher que foi estuprada na infância. Além disso, 22% da população afirmou conhecer alguma vítima de estupro que engravidou. O silêncio que envolve as vítimas de estupro, especialmente as crianças, foi abordado na pesquisa. Marisa Sanematsu, diretora de conteúdo do Instituto Patrícia Galvão, destacou a dificuldade das vítimas em serem ouvidas devido ao tabu e estigma que envolvem o abuso sexual.

Segundo Marisa, muitos abusos ocorrem no ambiente familiar e são cometidos por parentes ou conhecidos, o que dificulta a denúncia por parte das vítimas. O agressor geralmente se aproveita da proximidade com a vítima e da confiança da família para manter o abuso em segredo. Os traumas causados pelos abusos podem levar a apagões de memória e ressurgir na vida adulta, demandando tratamento terapêutico. A pesquisa também revelou a percepção da população em relação ao aborto legal em casos de estupro.

Segundo o levantamento, a maioria dos entrevistados concorda que meninas de até 13 anos não possuem estrutura física e emocional para serem mães. Além disso, 7 em cada 10 brasileiras gostariam de ter o direito de interromper legalmente uma gestação decorrente de estupro. No entanto, o estudo aponta um desconhecimento significativo em relação à legislação sobre o aborto, com apenas 43% dos entrevistados sabendo que é permitido por lei em casos específicos. Diante desses dados, fica evidente a necessidade de mais informações claras e acesso a serviços de saúde para as vítimas de estupro e violência sexual no Brasil.

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