Pesquisa revela que sapos de Fernando de Noronha têm maior taxa de deformidade do mundo: 50% dos espécimes apresentam malformações.

pesquisa-revela-que-sapos-de-fernando-de-noronha-tem-maior-taxa-de-deformidade-do-mundo3A-5025-dos-especimes-apresentam-malformacoes

Deformidades dos sapos de Fernando de Noronha chega a 50% dos casos, maior percentual do mundo, diz pesquisador

Estudiosos da Unicamp iniciaram análise para identificar causas da malformação. Sapos são encontrados com falta de dedos das mãos e dos pés, ausência de pernas, além de problemas de visão.

Os sapos de Fernando de Noronha têm a maior taxa de deformidade no mundo. A constatação foi feita pelos pesquisadores da Universidade de Campinas (Unicamp), que realizam estudo dos anfíbios da ilha há 15 anos. A nova fase da pesquisa quer descobrir os motivos da malformação.

Os estudiosos cruzaram dados dos sapos cururus, que têm nome científico Rhinella diptycha, e concluíram que em outras localidades a malformação chega a 20%, enquanto em Noronha esse índice atinge 50% da espécie.

“Essa é uma espécie introduzida, é o maior percentual de deformidade do mundo. Em outros locais, como o Caribe, esse percentual varia entre 10% e 20%, o que já é alto. No continente, o índice de malformação é de cerca de 5%, uma percentagem natural até para o ser humano”, declarou o biólogo Felipe Toledo, que é professor da Unicamp.

Os animais são encontrados com falta de dedos nas mãos e pés, ausência de pernas, além de problemas de visão.

A nova fase da pesquisa quer identificar os motivos dessas deformações. “Vamos analisar a água onde esses animais se reproduzem, no solo analisaremos contaminantes químicos e dados dos animais. Vamos estudar músculos, fígados e outras áreas do sapo”, informou Felipe Toledo.

Uma das possibilidades é a contaminação da água onde vivem esses animais. “O sapo pode ser um bioindicador que existe algum problema na água de Noronha, pode ser que a gente precise remediar esse problema, caso a gente identifique. Vamos monitorar locais específicos onde os sapos se reproduzem”, falou Toledo.

As análises iniciais também identificaram que os sapos da ilha têm se alimentado, entre outros itens, de plástico. “Nós encontramos plástico no estômago dos sapos que analisamos nessa visita à Noronha. A quantidade de plástico encontrada nos animais é sem precedentes. Essa é a primeira vez que identificamos isso. Se tem no sapo, tem em outros animais que se alimentam na região do mangue, como as aves marinhas. Isso é preocupante”, declarou o pesquisador.

A pesquisadora da Unicamp, Mariana Carvalho, também participa do estudo. Ela vai analisar o material recolhido nos animais de Fernando de Noronha. “Vou fazer análises químicas da água e do solo para tentar identificar poluentes metálicos e orgânicos por diversos motivos, inclusive pelos microplásticos. Vou analisar os órgãos dos animais, para saber se eles passam por algum estresse ou se estão expostos a algum contaminante”, falou Mariana Carvalho.

Os trabalhos realizados em Fernando de Noronha serão divulgados na palestra que será realizada nesta segunda (9), no Centro de Visitantes do Projeto Tamar, a partir das 19h, com entrada gratuita. Os pesquisadores vão apresentar os dados e, ainda, um desenho animado, com uma paródia da música De repente Califórnia, que conta de forma bem-humorada os resultados da pesquisa.

Os problemas envolvendo as deformidades nos sapos de Fernando de Noronha podem demandar atenção imediata para preservar a espécie e o ecossistema local. É fundamental o acompanhamento constante dos pesquisadores e a promoção de ações de educação ambiental para conscientizar a população sobre os impactos da contaminação do meio ambiente na vida dos animais. São necessárias medidas efetivas para garantir a saúde e a sobrevivência dos sapos e de toda a biodiversidade da região.

🔔Receba as notícias do Diário do Estado no Telegram do Diário do Estado e no canal do Diário do Estado no WhatsApp