Dizer palavrões pode desempenhar um papel no alívio tanto da dor física quanto da emocional do ser humano, afirma alguns psicólogos. Timothy Jay, renomado professor de psicologia do Massachusetts College of Liberal Arts, nos Estados Unidos, conduziu pesquisas nessa área por mais de quatro décadas e concluiu que o ato de xingar pode ser considerado como uma válvula de escape para a raiva, o sofrimento e a frustração.
Além dele, outro psicólogo e professor da Universidade Keele, na Inglaterra, Richard Stephens, realizou estudos que revelaram que o uso de palavrões auxilia os indivíduos a lidarem com a dor. Segundo ele, o ato de xingar desencadeia uma resposta ao estresse que ativa o reflexo defensivo do corpo, resultando em uma descarga de adrenalina que acelera o ritmo cardíaco e a respiração, preparando os músculos para a conhecida resposta de “lutar ou fugir”.
Ao mesmo tempo, o uso de palavrões promove uma resposta fisiológica conhecida como resposta analgésica, que fortalece a capacidade do corpo de lidar com a dor, tornando-o mais resistente a ela.
“É algo que faz sentido do ponto de vista evolucionário, porque você vai ser um lutador melhor e um corredor mais rápido se não estiver sendo atrasado por preocupações com a dor… Ao soltar palavrões, você desencadeia uma resposta emocional, o que produz uma redução da dor induzida pelo estresse”, completa Stephens.
Uma pesquisa indicou que as pessoas que expressaram palavras de baixo calão ao mergulhar as mãos em água gelada relataram sentir menos dor e conseguiram manter as mãos submersas por períodos mais longos em comparação àquelas que utilizaram palavras neutras.
Outro trabalho científico constatou que ciclistas que xingaram durante uma prova de resistência apresentaram maior potência e força do que aqueles que optaram por palavras neutras. Além disso, um terceiro estudo revelou que pessoas que praguejaram enquanto apertavam um torno foram capazes de utilizar mais força por um período prolongado.
Outros levantamentos também mostraram que, ao bater o dedo do pé em uma quina, expressar uma sequência de palavrões pode resultar em uma percepção reduzida da dor em comparação com o uso de palavras neutras. Da mesma forma, ao fechar a porta do carro no dedo, a sensação de dor pode ser amenizada ao expressar palavras consideradas ofensivas em vez de termos mais suaves.