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Infartos fazem vítimas cada vez mais jovens, alerta cardiologista

Última atualização 09/03/2022 | 13:08

Dois estudantes goianos morreram em decorrência de um evento súbito investigado como infarto. O primeiro caso aconteceu no dia 11 de janeiro, durante um torneio da copa Nacional de Futebol, em Goianésia, vitimando o jogador Pedro Henrique Oliveira da Silva Souza, de 15 anos.

O menino, que jogava pelo Revelação Futebol Clube, de Valparaíso de Goiás, teve um ataque fulminante e morreu no local, apesar de ter sido encaminhado para um hospital da cidade. O torneio foi suspenso por causa do trauma dos demais participantes, que presenciaram a morte precoce do atleta.

O outro caso aconteceu na Escola Municipal Eudóxio de Figueiredo, em Morrinhos, no dia 22 de fevereiro. O aluno do 5º ano, também de 15 anos, identificado apenas como Felipe, desmaiou no intervalo das aulas e foi socorrido pelo Corpo de Bombeiros até ao hospital da cidade e de onde foi transferido para Goiânia, local em que morreu no último dia 3. A suspeita é que os dois adolescentes tenham sofrido um infarto fulminante, o que chegou a ser divulgado pela imprensa.

O presidente da Sociedade Goiana de Cardiologia, o médico Humberto Graner, vê com muita precaução esta informação, uma vez que infarto em adolescentes é muito raro.

“É preciso confirmar se houve alguma avaliação de necrópsia que confirme o infarto, porque, muitas vezes esses jovens são acometidos de morte por conta de doenças congênitas como a hipertropia miocárdica ou displasias ritmogênicas, por exemplo, que se manifestam na infância e na adolescência, que, às vezes, já se manifestam pela primeira vez causando a morte”, explica.

Ele lembra que há uma comoção muito forte quando mortes assim acontecem e que elas acendem um sinal de alerta em toda a sociedade. “O ideal seria que toda criança e adolescente do país passasse por uma avaliação médica, mas não conseguimos nem vacinar todo mundo. É difícil fazer esse rastreamento, mas é importante estar atento a algumas reclamações de crianças e de adolescentes.

Queixas de que o coração está disparado, tendo palpitações, o recomendável é procurar um especialista”. Graner recomenda ainda que parentes de primeiro grau – irmãos, pais e tios – das vítimas de mortes súbitas passem por avaliações também. “É preciso verificar se não há novos casos na família”.

O especialista conta que tem visto pacientes cada vez mais jovens sofrendo infartos. “Há 20 anos, uma vítima de infarto com 40 anos era considerada jovem. Era preocupante, porque quem infartava era gente de 50, 60, 70 anos. Hoje, tem jovem que infarta com 30, 33, 35 anos. Tivemos um caso de 29 anos, mas infarto em adolescentes continua sendo uma coisa muito rara”.

Causas

As principais causas dos infartos agudos do miocárdio são o estresse, a má alimentação, o sedentarismo que podem estar associados a outros fatores de risco como o tabagismo, obesidade, hipertensão, diabetes, colesterol elevado, além do histórico familiar. Consumo de drogas como anfetaminas e cocaína também aumentam o risco de um infarto.

“Posso te falar com absoluta segurança que não há nenhuma evidência de que vacinas contra a Covid-19 ou qualquer outra vacina provoque infarto, quer seja indivíduos jovens ou mesmo de outras faixas etárias”, garante o presidente da Sociedade Goiana de Cardiologia. Internautas negacionistas antivacinas chegaram a associar de forma especulativa a causa do suposto infarto nos adolescentes a aplicação de uma ou outra vacina contra covid-19.

“Existem algumas preocupações obviamente em relação a alguns potenciais efeitos adversos (das vacinas), mas a maioria deles se refere a miocardite que é uma inflamação do coração que pode acontecer e é muito rara. É coisa de normalmente dois casos pra cada um milhão de doses aplicadas”, explica.

O médico faz parte da Comissão de Investigação da Segurança Cardiovasculas das Vacinas, cujo levantamento feito recentemente serpa publico pela Sociedade Brasileira de Cardiologia. “Posso te falar com absoluta segurança que a vacina não causa infarto”, finaliza.

O Diário do Estado não conseguiu contato com as famílias dos dois adolescentes para obter informações sobre possíveis laudos periciais que atestem as causas das mortes.