Última atualização 03/03/2022 | 15:56
Na Ucrânia, mulheres trans estão enfrentando dificuldades para deixar o país em meio a invasão de tropas russas e temem por suas vidas.
Segundo informações do portal de notícias norte-americano VICE, mulheres trans ucranianas que tentaram deixar o país, não estão conseguindo passar pelas fronteiras já que os documentos de identificação dizem “masculino” e ainda mencionam seus “nomes de batismo”.
O fato acontece porque após as invasões russas o governo ucraniano impediu a a saída de homens de 18 a 60 anos, e por lá não há uma política que considera a identidade de gênero das mulheres trans – as considerando como “homens”.
De acordo com a reportagem, uma mulher trans chegou a ser obrigada a entrar no exército e atuar na linha de frente do combate como um homem.
Grupos de direitos humanos sugerem que essas mulheres “percam suas identidades” para conseguirem sair do país, mas também há riscos de como essas pessoas serão recebidas nos postos de acolhimento. Isso significa que há riscos em ficar na Ucrânia, mas é ainda mais perigoso tentar sair de lá.
Reconhecimento legal de gênero
A matéria da VICE também alertou que as pessoas trans na Ucrânia podem obter o reconhecimento legal de gênero, mas o processo é considerado abusivo por “violar os direitos à privacidade e integridade física”, considerando que as pessoas precisam “provar seu gênero”.
Uma ucraniana trans relatou ser muito perigoso para ela e para outras mulheres trans estar na Ucrânia em um dia normal. Com a guerra se tornou impossível.
“Muitos gays cis na Ucrânia podem se misturar com o resto da sociedade agora, mas para pessoas trans é impossível”, declarou a ucraniana.
Já Zi Fámelu (31), uma mulher trans de Kyiv, explica que ela se sente vivendo em uma guerra dentro de outra guerra. “Assim como centenas de pessoas trans na Ucrânia, eu sou mulher, mas tenho ‘homem’ em meu passaporte e documentos, então esta é uma guerra dentro de outra guerra. Existem centenas de pessoas presas, vivendo vidas miseráveis. Nós precisamos de pessoas para escrever para seus políticos e instituições de caridade para nos ajudar”.