Na terça-feira, 10 de dezembro, a Polícia Federal (PF) deflagrou uma operação que resultou na apreensão de R$ 15 milhões em um jatinho que decolou de Salvador com destino a Brasília. A ação faz parte de uma investigação sobre um esquema de corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo altos valores.
A operação, denominada ‘Overclean’, visa desarticular uma organização criminosa suspeita de atuar em fraudes licitatórias, desvio de recursos públicos, corrupção e lavagem de dinheiro. Segundo as autoridades, o grupo movimentou cerca de R$ 1,4 bilhão, incluindo R$ 825 milhões em contratos firmados com órgãos públicos apenas em 2024.
Foram cumpridos 17 mandados de prisão preventiva, 42 mandados de busca e apreensão, além de ordens de sequestro de bens em cinco estados: Bahia, Tocantins, São Paulo, Minas Gerais e Goiás. Entre os presos estão Lucas Maciel Lobão Vieira, ex-coordenador estadual do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS) na Bahia, e Flávio Henrique de Lacerda Pimenta, servidor da Secretaria de Educação da capital baiana (Smed).
Durante a operação, os policiais federais apreenderam uma quantia significativa na casa de Flávio Henrique em Salvador, embora o valor exato não tenha sido divulgado. Além disso, foi determinado o sequestro de R$ 162.379.373,30, referentes ao valor obtido pela organização criminosa por meio dos crimes investigados. Também foram sequestrados três aeronaves, imóveis de alto padrão, três barcos e dezenas de veículos de luxo.
As investigações, que contaram com a cooperação policial internacional, apontam que a organização criminosa direcionava recursos públicos de emendas parlamentares e convênios para empresas e indivíduos ligados a administrações municipais, por meio de superfaturamento em obras e desvio de recursos. O esquema ilícito atingiu diretamente o DNOCS, principalmente na Coordenadoria Estadual da Bahia, além de outros órgãos públicos.
Os crimes apurados incluem corrupção ativa e passiva, peculato, fraude em licitações e contratos, e lavagem de dinheiro. As penas somadas podem ultrapassar 50 anos de reclusão, além das multas previstas na legislação.
A Receita Federal destacou que a lavagem de dinheiro era realizada de forma ‘altamente sofisticada’, envolvendo empresas de fachada controladas por ‘laranjas’ e empresas com grande fluxo financeiro em espécie para dissimular a origem dos valores desviados.