PF e MPF apontam novo roubo de máquinas de cigarro na Polícia Civil RJ; corporação nega

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PF e MPF dizem que mais duas máquinas de cigarro foram furtadas do depósito da Polícia Civil do RJ; corporação nega

Dois dos desvios ocorreram em outubro de 2023, durante a investigação da quadrilha de Adilson Coutinho Filho, o Adilsinho, e foram descobertos porque os federais colocaram um rastreador nos equipamentos. Uma terceira máquina já tinha sido levada em fevereiro de 2023.

Inquérito da PF cita mais duas máquinas de cigarro que teriam sido levadas da Cidade da Polícia

Um inquérito da Polícia Federal indica que outras duas máquinas de cigarro que seriam da quadrilha chefiada por Adilson Coutinho Filho, o Adilsinho, foram desviadas do depósito da Polícia Civil do Rio de Janeiro, em outubro de 2023. O roubo de uma terceira máquina, em fevereiro do mesmo ano, já tinha sido divulgado.

A descoberta das duas máquinas subsequentes foi possível, segundo a PF, porque agentes colocaram rastreadores nos equipamentos. Uma delas foi parar no Rio Grande do Sul, enquanto a outra passou por Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. A Justiça já tinha feito questionamentos sobre essas duas outras máquinas.

Em março de 2024, o RJ2 revelou que uma máquina de produzir cigarros do tamanho de um caminhão desapareceu de um dos locais que deveriam ser os mais seguros do Rio de Janeiro: a Cidade da Polícia – o centro de comando da Polícia Civil no estado.

O equipamento, que tem mais de 6 metros de comprimento, quase 2 metros de altura e pesa mais de 5 toneladas, foi levado na calada da noite – e a polícia só descobriu que a máquina sumiu quatro meses depois. Esse primeiro furto aconteceu no carnaval de 2023.

Agora, investigações da Polícia Federal dizem que duas outras máquinas foram furtadas do mesmo local, mesmo após serem leiloadas. A Polícia Civil nega que tenha ocorrido a subtração dessas duas máquinas (veja o que diz a corporação mais adiante na reportagem).

Ambas são máquinas para enrolar cigarros, avaliadas em R$ 75 mil cada uma e pesando quase duas toneladas.

CHIPS DE RASTREAMENTOS

Segundo o inquérito, os autores do roubo das duas máquinas em outubro são pessoas suspeitas de envolvimento com a quadrilha chefiada pelo bicheiro Adilsinho.

Os chips de rastreamento foram colocados nas máquinas porque agentes desconfiavam que a chamada máfia do cigarro tentaria recuperar as máquinas.

De acordo com relatório da investigação, “além de configurar elemento probatório de cooptação de policiais civis do Estado do Rio de Janeiro, ainda não identificados – esse episódio traz à luz, de maneira indubitável, a atuação da organização criminosa em múltiplos estados brasileiros.

Segundo a PF, dos dois equipamentos que teriam sido furtados em outubro de 2023, uma das máquinas foi localizada no Rio Grande do Sul, apesar de ter sido arrematada em leilão por uma empresa do interior do Rio. Outra, entretanto, não tem o último paradeiro definido. A última movimentação da máquina, segundo o rastreador, foi em um galpão em Jardim Gramacho, em Duque de Caxias.

Já a maior máquina furtada – aquela que o RJ2 noticiou – de cinco toneladas – não tinha chip de localização. Ela foi furtada antes de a PF colocar os rastreadores.

Os criminosos precisaram contratar um caminhão tipo munk para retirá-la da Cidade da Polícia.

OPERAÇÃO LIBERATIS

As informações fazem parte da operação Libertatis 2, deflagrada há duas semanas pela Polícia Federal. Vinte uma pessoas tiveram a prisão decretada, entre elas, Adilsinho, que continua foragido.

A Justiça Federal bloqueou R$ 350 milhões em bens e valores do grupo. Nessa investigação, três fábricas clandestinas de Adilsinho em Duque de Caxias e Paty do Alferes, no interior do Estado, foram fechadas.

Polícia aponta o bicheiro Adilsinho como chefe da máfia do cigarro – Foto: Reprodução

Segundo o inquérito, 49 paraguaios em situação análoga à escravidão foram libertados.

Para o MPF, “a organização criminosa tem forte entranhamento nas estruturas do RJ, mediante cooptação de agentes públicos, principalmente ligados às forças policiais. Agentes que servem desde a realização da segurança pessoal, até o levantamento e vazamento de investigações policiais”.

Levantamento feito pelo RJ2 em 2024, mostrou que em, dois anos, de 2022 a 2024, foram, pelo menos, 20 ocorrências entre mortes, tentativas de assassinato e desaparecimentos ligados à máfia do cigarro no Rio.

CIVIL DIZ QUE MÁQUINAS FORAM LEILOADAS

Em nota sobre o inquérito da PF sobre os “novos” equipamentos roubados, a Polícia Civil disse que “não procede a informação de subtração das máquinas da Cidade da Polícia”.

Segundo a Civil, os dois equipamentos foram leiloados pela instituição, após decisão judicial. “Todo o procedimento foi acompanhado pelo Ministério Público do Trabalho. Na ocasião, inclusive, houve uma medida inovadora no que tange à recuperação de ativos, com o objetivo de agilizar o processo indenizatório das pessoas que trabalhavam no local, em situação análoga à escravidão. Vale ressaltar que a Inteligência da Polícia Civil acompanhou todo o processo de instalação dos rastreadores, bem como integrou a investigação relacionada ao destino dos bens arrematados”.

A instituição informa ainda que a investigação sobre o furto da primeira máquina “está em andamento na Corregedoria-Geral de Polícia Civil (CGPOL). Mais de 40 testemunhas foram ouvidas. Laudos periciais e imagens de câmeras de segurança foram analisados. Houve troca de informações com a Polícia Rodoviária Federal e rastreio de veículos. As diligências, que são acompanhadas pelo Ministério Público, seguem para apurar a autoria do crime”.

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