Planalto teme aprovação de anistia a Bolsonaro após retaliação de Motta e Centrão a Lula

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Planalto vê retaliação de Motta e do Centrão a Lula e teme aprovação de anistia
a Bolsonaro

Avaliação no Planalto é de que decisão de aprovar urgência foi resposta a orientação de Lula para o PT votar contra PEC da Blindagem.

**Câmara aprova urgência para votação de anistia a golpistas**

O governo Lula avalia que a aprovação da urgência da anistia, articulada pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e pelo Centrão, foi uma retaliação direta ao Palácio do Planalto. Segundo auxiliares de Lula, o movimento teria sido uma resposta à decisão do presidente de orientar o PT a votar contra a “PEC da Blindagem”.

Na segunda-feira (15), Motta havia informado a Lula, em almoço no Palácio da Alvorada, que pretendia pautar a PEC para, em seguida, derrubar a urgência da anistia e votar uma proposta de redução de penas aos condenados pela trama golpista.

**Orientação de Lula para o PT votar contra a PEC da Blindagem irritou
Motta e o Centrão, que se alinharam à oposição. — Foto: Adriano Machado/Reuters**

O deputado disse ao presidente que havia um acordo com o Supremo Tribunal Federal (STF) e pediu apoio do governo. Lula respondeu que o governo não poderia apoiaria a PEC, por considerá-la anacrônica e ruim para o país, mas deixou claro que o Planalto não iria interferir nas discussões.

Ao longo da semana, porém, Motta e o Centrão passaram a cobrar apoio da bancada petista. A executiva do partido, sob orientação do presidente do PT, Edinho Silva, tendia a votar a favor. A decisão mudou após intervenção direta de Lula, que orientou que o PT deveria votar contra a matéria pela impopularidade do tema. A guinada irritou Motta e o Centrão, que então se alinharam à oposição.

**AVANÇO DA ANISTIA PREOCUPA**

Auxiliares de Lula afirmam que a votação da urgência abalou a relação do presidente com Motta. O pouco de confiança existente entre os dois teria se dissipado.

O diagnóstico no Planalto é que a fragilidade das posições de Motta geram risco de aprovação da anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro.

Lula sinalizou na quarta-feira (17), durante almoço com a bancada do PDT, que não se opõe a discutir redução de penas aos golpistas. Ressalvou, porém, que considera o momento inadequado para levar o tema ao plenário. O presidente entende que o assunto deveria ser tratado após o trânsito em julgado de todos os réus.

**ALA DO GOVERNO CRITICA STF POR ACORDO COM CENTRÃO**

Uma ala do governo entende que ministros do STF erraram ao fazer um acordo com Motta e o Centrão, que previa a derrubada da urgência da anistia e a aprovação da redução de penas, sob relatoria de Arthur Maia (União Brasil-BA).

Após a aprovação da urgência da anistia, Motta escolheu Paulinho da Força (Solidariedade-SP) para ser relator. O deputado é próximo ao ministro Alexandre de Moraes. A interpretação dentro do Planalto é que Motta tentou fazer um aceno ao ministro depois de romper o combinado.

Sob reserva, um auxiliar de Lula afirma que “o governo foi atropelado pelo acordo entre o Supremo e a cúpula da Câmara”. “Essa conta está 100% no colo do STF agora. Quem foi fazer acordo com essa gente foram eles.”

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