PM admite crime ao arremessar homem de ponte em SP: o que se sabe até agora.

“Só quis levantar do chão”, disse PM sobre homem arremessado de ponte

Em depoimento à Corregedoria da PM, soldado que aparece em vídeo admite crime e
também argumenta que não pretendia jogar vítima

São Paulo — Logo após ser afastado das ruas — por aparecer em imagens
arremessando um entregador de uma ponte, na madrugada do último dia 2 na zona sul paulistana — o soldado da Polícia Militar (PM) Luan Felipe Alves Pereira argumentou, em depoimento à Corregedoria da corporação, que sua intenção era somente “levantar do chão” a vítima.

Ele teve a prisão preventiva decretada, na manhã desta quinta-feira (5/12), pelo Tribunal de Justiça Militar (TJM), que acatou pedido da Corregedoria, em cujo prédio o soldado e mais 12 policiais realizavam serviços administrativos, desde a repercussão do caso. O soldado seria submetido a uma audiência de custódia, ainda na tarde desta quinta.

Na decisão pela prisão preventiva, obtida pelo Metrópoles, o juiz substituto da Justiça Militar, Fabrício Alonso Martinez Della Paschoa, menciona o depoimento do soldado Luan Felipe ao órgão fiscalizador da PM.

Questionado sobre a autoria do crime, Luan Felipe admitiu ter “projetado” o rapaz, mas que isso “seria realizado no solo”, sem a intenção de arremessá-lo ponte abaixo. Os argumentos dele, porém, não convenceram a Corregedoria.

> “Não há como acolher as declarações apresentadas pelo investigado, pois as
> imagens largamente difundidas e materializadas no presente feito demonstram
> conduta errante e inaceitável a quem deveria proteger a integridade de outras
> pessoas e fazer cumprir a lei”, argumenta o órgão.

CRIME E OMISSÃO

Um vídeo feito com celular (assista abaixo) mostra Luan arremessando o entregador Marcelo Barbosa Amaral, de 25 anos, durante abordagem no bairro Cidade Ademar. A vítima ainda não foi ouvida pelos investigadores do caso.

Durante a ação policial, os PMs estavam com câmeras corporais, contribuindo para a equipe de investigação entender a dinâmica do caso. Luan Felipe foi ouvido nessa terça-feira (3/12).

No relatório interno da PM, os policiais envolvidos na ocorrência omitiram a informação de que um homem havia sido jogado de uma ponte. Eles dizem ter perseguido suspeitos, em motos, até chegarem a um baile funk, cujo fluxo se dispersou com a presença dos policiais do 24º Batalhão da corporação.

Um homem teria sido ferido com um tiro. Ao supostamente apresentarem o caso do rapaz baleado no 26º Distrito Policial (Sacomã), ainda segundo relato feito pelos policiais militares, o registro da ocorrência teria sido “dispensado”. A Secretaria da Segurança Pública (SSP), no entanto, desmente o argumento ao afirmar, em nota encaminhada ao Metrópoles, que o caso não foi apresentado à Polícia Civil. A origem do tiro ainda não foi esclarecida.

Somente após o comando do 3º Batalhão da Polícia Militar (PM) ficar ciente do vídeo, feito com celular –- no qual o soldado das Rondas com Motocicletas (Rocam) aparece jogando o homem da ponte –- um inquérito foi instaurado pela corporação.

O soldado Luan Felipe seguia atrás das grades, no presídio militar Romão Gomes, na zona norte paulistana, até a publicação desta reportagem.

DEFESA DO SOLDADO

O advogado Wanderley Alves afirmou, em nota encaminhada ao Metrópoles, afirma que a prisão preventiva de seu cliente foi “travestida de prisão com claro viés de antecipação de culpa”.

Ele argumenta que “infelizmente” Luan Felipe não é submetido a um “processo penal democrático” que, de acordo com o advogado, “impede que o jogo político e o clamor social fiquem alheios ao campo penal”.

“Ora, como prender alguém preventivamente que se apresentou a todos os atos e estava cumprindo expediente na Corregedoria, não se evadiu e possui residência fixa? Tudo soa estranho, e pergunto: onde o processo penal tem fracassado?”, alega Alves.

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Nunes garante aliado na presidência da Câmara com escolha de Teixeira: entenda os bastidores da disputa em DE.

O preço da vitória de Nunes para alçar aliado à presidência da Câmara

Disputa embolada pelo comando da Câmara de DE terminou com mais espaço ao União
Brasil no 1º escalão da Prefeitura de Nunes

São Paulo – A escolha do vereador Ricardo Teixeira (União Brasil) para ser o candidato do partido à presidência da Câmara Municipal da capital, e consequentemente o principal nome para ocupar o posto, sela uma vitória do prefeito Ricardo Nunes (MDB) após uma embolada disputa nos bastidores e novas negociações por espaço no 1º escalão da Prefeitura.

O nome de Teixeira foi definido por Nunes e pelo atual presidente da Câmara, o vereador Milton Leite (União), em uma reunião no início da semana. No acordo, o prefeito cedeu a Leite o controle sobre a Secretaria de Habitação e sobre a Companhia DE de Habitação de São Paulo (Cohab), além de manter a Secretaria de Transportes sob o domínio do vereador.

Nunes também argumentou a Leite que ambos corriam o risco de derrotas que poderiam enfraquecê-los politicamente. A montagem da chapa pela reeleição do prefeito previa que o União, comandado por Leite na capital paulista, manteria o comando da Câmara. No entanto, não havia um consenso a respeito do nome, o que poderia levar a uma surpresa no dia da eleição, marcada para 1º de janeiro, após a posse dos vereadores.

Nunes defendia que o presidente fosse Teixeira, de quem é próximo, mas Leite tentava emplacar o seu pupilo Silvão Leite, um novato, o que desagradava boa parte dos vereadores. Por fora, o nome de Rubinho Nunes (União) também corria com maior aceitação entre os parlamentares. No entanto, Rubinho, que vinha coletando assinaturas dos vereadores, havia sido vetado pelo prefeito por ter apoiado Pablo Marçal (PRTB) no 1º turno das eleições deste ano.

O MDB, partido de Nunes, ameaçava lançar uma candidatura própria à presidência caso o candidato do União fosse Rubinho, contrariando um acordo interno da maioria das bancadas da Câmara de lançar apenas uma única chapa. Nunes expôs todo o cenário de indefinição a Leite indicando que havia, ainda, o risco de que um nome de fora do União se aventurasse e vencesse em uma eventual disputa, enfraquecendo prefeito e aliados.

Com a garantia de mais de uma secretaria sob o seu comando, além da estatal de habitação, Leite teria cedido sobre seu sucessor. Com isso, reuniu a bancada do União, nesta quinta-feira (26/12), para oficializar a indicação de Teixeira como o nome do partido. A votação na Câmara no dia 1º de janeiro deve confirmar Teixeira na presidência. Respeitando a proporcionalidade das bancadas, o PT deve manter a 1ª secretaria. Já o MDB e o PL devem ficar com a 1ª e 2ª vice-presidências, respectivamente.

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