PMs da Rota vazam operação e livram chefões do PCC da prisão

Como PMs da Rota vazaram operação e livraram chefões do PCC da prisão

Alertados por Gritzbach, promotores comunicaram DE sobre reunião de líderes do
PCC. Policiais, no entanto, teriam avisado criminosos

São Paulo — Policiais da Rota, tropa de elite da Polícia Militar de São Paulo (PMSP), teriam atuado em parceria com o Primeiro Comando da Capital (PCC) na zona leste, repassando informações sobre investigações sigilosas e frustrando operações do Ministério Público de São Paulo (MPSP) contra algumas das principais lideranças da facção.

Entre elas, Silvio Luiz Ferreira, o “Cebola”, apontado como “sintonia geral do progresso” e principal suspeito de ser o mandante do assassinato de Vinícius Gritzbach, em 8 de novembro no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos.

A conduta de PMs da Rota é apurada no mesmo inquérito que deu origem à operação deflagrada nessa quinta-feira (16/1), que prendeu 15 policiais suspeitos de envolvimento no crime. Um PM, identificado como o cabo Dênis Antonio Martins, é apontado como um dos atiradores e está entre os presos.

Antes da morte de Gritzbach, Cebola seria alvo de uma ação orquestrada pelo Gaeco, do MPSP, mas conseguiu escapar após informações repassadas por policiais do setor de inteligência da Rota.

Os promotores do Gaeco foram informados pelo próprio Gritzbach, que na época já era jurado de morte pelo PCC, sobre uma reunião da cúpula da facção na casa do advogado Ahmed Hassan, conhecido como Mudi. No local, também estariam presentes outras importantes figuras ligadas ao crime organizado e a empresa de ônibus UpBus, usada para lavar dinheiro.

Em posse da informação privilegiada, o Gaeco procurou o Comando de Policiamento de Choque, responsável pela Rota, pedindo que equipes fossem até a casa do advogado para prender as lideranças do PCC.

No dia da reunião, os policiais informaram ao MPSP que não havia ninguém no local. Segundo um promotor do Gaeco, mais tarde descobriu-se que “estava todo mundo trabalhando para a facção”.

O tenente Giovanni de Oliveira Garcia, apontado como o responsável por escalar policiais militares para fazer a segurança particular de Vinícius Gritzbach, e mais quatro PMs que faziam a escolta do delator do PCC integram a lista dos presos na operação da Corregedoria da Polícia Militar deflagrada nessa quinta-feira (16).

Apesar de serem todos policiais, a força-tarefa que investiga a morte de Vinícius Gritzbach acredita que o homicídio tenha sido orquestrado pelo PCC.

Os principais suspeitos seriam pessoas ligadas a Cara Preta, morto em dezembro de 2021 após tomar um suposto golpe milionário de Vinícius Gritzbach, que lavava dinheiro para a facção por meio da compra e venda de imóveis. Ele foi acusado de desviar parte de um investimento de R$ 100 milhões do PCC em criptomoedas.

Meses depois, Gritzbach foi sequestrado por integrantes da facção e policiais civis que atuavam junto aos criminosos e submetido a um tribunal do crime. Ele foi libertado sob promessa de entregar escrituras de imóveis e senhas para que o investimento da facção fosse recuperado.

Em dezembro, seis policiais civis que haviam sido citados por Vinícius Gritzbach em delação ao MPSP Paulo foram presos em operação da Polícia Federal (PF), que também investiga o caso.

De acordo com o corretor de imóveis, os agentes teriam tentado extorqui-lo. Eles cobraram R$ 40 milhões para livrá-lo da investigação sobre a morte de Cara Preta.

Entre os policiais presos, estão o delegado Fábio Baena, que na época chefiava a 3ª Divisão de Homicídios do DHPP, responsável pelo inquérito sobre o homicídio de Cara Preta. Além dele, os investigadores Rogério de Almeida Felício, o Rogerinho, e Eduardo Monteiro, que também trabalhavam no departamento.

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