A força-tarefa da Secretaria da Segurança Pública (SSP) de São Paulo informou na terça-feira, 12, que afastou preventivamente oito policiais militares investigados por suspeita de envolvimento na execução de Antônio Vinicius Lopes Gritzbach, delator da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). Gritzbach foi morto a tiros durante um atentado na sexta-feira, 8, no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos.
As câmeras de segurança capturaram o momento em que dois criminosos encapuzados e armados com fuzis dispararam 29 vezes na direção do empresário. Gritzbach foi atingido por vários tiros e morreu no local. Além dele, outras três pessoas ficaram feridas durante o tiroteio.
A força-tarefa, composta por representantes da Polícia Civil, Polícia Militar (PM) e Polícia Técnico-Científica, investiga as causas, motivos e eventuais responsabilidades pelo crime. O caso é apurado como “homicídio, lesão corporal e localização e apreensão de objeto” pelo Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que preside o inquérito.
A investigação analisa vídeos do crime e ouve depoimentos de testemunhas e sobreviventes para tentar esclarecer o que ocorreu. Até a última atualização, nenhum dos criminosos foi identificado ou preso. O Ministério Público (MP) acompanha as apurações, e a Polícia Federal (PF) também investiga o caso devido ao local do atentado.
Uma das linhas de investigação é a de que Gritzbach foi morto por agentes de segurança pública. Em 31 de outubro, oito dias antes de ser executado, ele foi ouvido pela Corregedoria da Polícia Civil e denunciou agentes da instituição que estariam tentando extorquir dinheiro dele. Os policiais denunciados trabalham no DHPP, no Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), no 24º Distrito Policial (DP) de Ermelino Matarazzo, e no 30º DP de Tatuapé.
Outra linha de investigação sugere que Gritzbach possa ter sido morto a mando da facção criminosa por ter delatado membros do PCC envolvidos em esquemas de lavagem de dinheiro. Ele havia fechado um acordo de delação premiada com o Ministério Público de São Paulo (MP-SP) em março e fornecera informações que levaram à prisão de dois policiais civis que trabalhavam no Departamento de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico (Denarc).
Os quatro policiais militares que serviam de segurança para Gritzbach alegaram que não estavam presentes no momento do assassinato devido a problemas com os carros. No entanto, investigadores desconfiam dessa versão, considerando a possibilidade de que os seguranças teriam falhado de forma proposital.
O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) criticou a proposta de emenda à Constituição (PEC) do governo federal sobre segurança pública, afirmando que ela “não serve para muita coisa” e defendendo que facções criminosas sejam classificadas pela lei como organizações terroristas. Ele argumentou que é necessário endurecer as penas e integrar as polícias e o Coaf (órgão de inteligência financeira) para combater mais efetivamente as facções criminosas.
Gritzbach levava uma bagagem contendo mais de R$ 1 milhão em joias e objetos de valor no momento do crime, incluindo itens de joalherias caras como Bulgari, Cristovam Joalheria, Vivara e Cartier. A polícia investiga quem fez o repasse desses itens valiosos ao delator e se eles têm alguma ligação com o crime.
Duas armas foram apreendidas pela polícia: um fuzil e uma pistola, encontradas próximo ao local onde o carro usado no tiroteio foi abandonado. Até a última atualização, não havia confirmação pericial de que essas armas foram usadas no crime.