Polícia Civil solicita reconstituição do Caso Vitória após suspeitas de coação no interrogatório. Advogados alegam irregularidades

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Caso Vitória: Polícia Civil vai fazer reconstituição do crime após delegado
descartar procedimento

SSP informou que Maicol Santos ‘segue preso temporariamente após confessar a
autoria do homicídio’ e garantiu que ‘todos os procedimentos adotados no caso,
inclusive o depoimento do suspeito, obedeceram estritamente o Código de Processo
Penal’. Advogados alegam que cliente foi coagido a confessar.

Maicol Santos confessou ter matado Vitória Sousa. Defesa dele quer pedir
anulação do interrogatório por dizer que cliente foi coagido a confessar — Foto:
Reprodução

A Polícia Civil de São Paulo informou que solicitou ao Instituto Médico Legal
(IML) a reconstituição do crime que vitimou a adolescente Vitória Souza,
[https://de.de.com/sp/sao-paulo/noticia/2025/03/19/caso-vitoria-sumico-facadas-stalker-corpo-no-porta-malas-o-que-se-sabe-e-o-que-falta-esclarecer.ghtml],
de 17 anos, a fim de “esclarecer todas as circunstâncias em que ele ocorreu”. A
jovem desapareceu no fim de fevereiro e foi encontrada morta no início de março.

O delegado de Cajamar, onde ocorreu o crime, mudou de ideia e decidiu fazer a
reconstituição. Em entrevista coletiva na semana passada, a Polícia Civil
afirmou que o caso estava esclarecido e, praticamente, encerrado. Agora, os
investigadores acham prudente remontar o quebra-cabeça para tirar algumas
dúvidas.

A decisão também foi tomada após a defesa de Maicol Santos, principal suspeito
do assassinato, afirmar que não reconhece a legalidade da confissão do cliente
[https://de.de.com/sp/sao-paulo/noticia/2025/03/22/caso-vitoria-policia-divulga-video-do-interrogatorio-de-suspeito-que-confessou-assassinato-da-jovem.ghtml]
e que ele teria sido coagido pelas autoridades. A Secretaria da Segurança
Pública (SSP) não apontou ligação entre um fato e outro.

A pasta informou que “o suspeito segue preso temporariamente após confessar a
autoria do homicídio e as investigações prosseguem pela Delegacia de Cajamar
para a conclusão do inquérito policial”.

A SSP garante que “todos os procedimentos adotados no caso, inclusive o
depoimento do suspeito, obedeceram estritamente ao Código de Processo Penal”.

PERÍCIA PSIQUIÁTRICA

A defesa de Maicol também criticou a solicitação de perícia psiquiátrica
[https://de.de.com/sp/sao-paulo/noticia/2025/03/24/caso-vitoria-apos-querer-anulacao-de-confissao-de-suspeito-defesa-critica-pericia-psiquiatrica-de-preso-pedida-pela-policia-de-sp.ghtml]
do preso feita pela Polícia Civil de Cajamar.

Os advogados ainda não informaram se ingressaram na Justiça com algum pedido
contra a confissão que o cliente deu na delegacia, mas disseram que apresentaram
defesa contra a realização do exame. Ainda não há uma decisão judicial a
respeito.

Por meio de nota, a defesa de Maicol informou que “questiona, veementemente, a
conduta adotada pelo delegado responsável pelo caso, que, sem ordem judicial,
agendou a realização de uma perícia psiquiátrica”. Não há confirmação se a
análise psiquiátrica foi feita.

De acordo com os advogados do suspeito, a medida desrespeita a lei e sua
realização é “ilegal e arbitrária”. No entendimento deles, a decisão de se
realizar uma perícia psiquiátrica em Maicol tem o objetivo de validar da
confissão que seu cliente deu aos policiais.

Confissão essa contestada pelos advogados, que não participaram do depoimento
por não concordar com ele, alegando que o cliente foi coagido a confessar o
crime. Segundo a defesa do preso, ele sofreu “coação psicológica”.

VÍDEOS MOSTRAM CONFISSÃO

Caso Vitória: os vídeos da confissão do principal suspeito de matar a jovem
[https://s01.video.glbimg.com/x240/13451656.jpg]

Nesta semana, a polícia chegou a divulgar à imprensa trechos de vídeos do
interrogatório
[https://de.de.com/sp/sao-paulo/noticia/2025/03/22/caso-vitoria-policia-divulga-video-do-interrogatorio-de-suspeito-que-confessou-assassinato-da-jovem.ghtml]
no qual Maicol confessou ter matado Vitória. Pelas imagens não é possível
informar se o suspeito foi coagido a confessar. O Fantástico teve acesso a mais
gravações da confissão
[https://de.de.com/fantastico/noticia/2025/03/24/caso-vitoria-videos-mostram-confissao-de-suspeito-defesa-quer-anulacao-do-depoimento.ghtml]
(veja vídeo acima).

A vítima tinha 17 anos e foi morta na madrugada de 27 de fevereiro
[https://de.de.com/sp/sao-paulo/noticia/2025/03/10/caso-vitoria-adolescente-foi-morta-com-tres-facadas-e-tinha-sinais-de-tortura-dizem-peritos-de-sp.ghtml],
depois de deixar o trabalho num shopping e voltar de ônibus para casa. Câmeras
de segurança gravaram o momento em que ela entra no coletivo
[https://de.de.com/sp/sao-paulo/noticia/2025/03/02/video-adolescente-de-17-anos-desaparece-apos-sair-de-shopping-e-pegar-onibus-na-grande-sp-policia-faz-buscas-para-localiza-la.ghtml]
(veja vídeo abaixo). Seu corpo foi encontrado nu em 5 de março numa área de
mata. Tinha cortes no rosto, pescoço e tórax.

Segundo a polícia, Maicol assassinou Vitória porque, de acordo com o suspeito,
ela ameaçava contar à esposa dele que os dois haviam tido um relacionamento há
cerca de um ano.

De acordo com a investigação, como o operador de empilhadeira não queria que a
mulher soubesse de sua infidelidade, foi ao encontro da adolescente para
conversar e deu carona para ela em seu carro assim que a garota desceu no ponto
a caminho de casa. No trajeto, os dois discutiram e ele alegou que ela o agrediu
e por isso a esfaqueou.

“Comecei a conversar com ela, que não era pra ela falar com a minha esposa,
Nisso, ela se alterou e começou a brigar”, disse Maicol no vídeo “Começou a me
agredir. E foi a hora que eu reagi. Sempre andei com uma faca no carro. Aí, no
momento da exaltação, eu acabei desferindo um golpes no pescoço dela. Foram só
dois golpes”.

PRESO DIZ QUE AGIU SOZINHO

Policia faz buscas por jovem que desapareceu após ser seguida em Cajamar, na
Grande SP [https://s03.video.glbimg.com/x240/13393154.jpg]

Maicol disse ainda na confissão que agiu sozinho. E que ficou desesperado e,
após ficar com ela na casa dele, decidiu enterrá-la na mata. Ambos moravam
próximos num bairro na zona rural de Cajamar.

A perícia não identificou sinais de violência no automóvel de Maicol, que foi
apreendido. Dentro dele foram encontrados uma mancha, que seria de sangue, e um
fio de cabelo. Os materiais passarão por exames para saber se são de Vitória.

Outros pontos que divergem da confissão de Maicol com o que a perícia encontrou
se refere ao número de facadas em Vitória. Ele disse ter dado dois golpes e a
vítima morreu com três ferimentos
[https://de.de.com/sp/sao-paulo/noticia/2025/03/10/caso-vitoria-adolescente-foi-morta-com-tres-facadas-e-tinha-sinais-de-tortura-dizem-peritos-de-sp.ghtml].
E também ao fato de que apesar de o suspeito ter admitido que enterrou Vitória,
o corpo dela foi encontrado numa cova rasa, sem estar coberto por terra. Ela não
sofreu violência sexual
[https://de.de.com/sp/sao-paulo/noticia/2025/03/18/caso-vitoria-adolescente-nao-sofreu-violencia-sexual-e-foi-morta-com-tres-facadas-diz-laudo-do-iml.ghtml].

Ainda a respeito da confissão que o suspeito deu, sua defesa alega que ela foi
dada sem a presença de seus advogados. A polícia rebateu essa afirmação,
informando que, pela lei, se um suspeito quer confessar um crime, quem o defende
não pode impedir isso.

E para que o interrogatório dele fosse dado, a própria delegacia chamou uma
advogada da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Cajamar para acompanhar a sua
confissão.

“A suposta confissão de Maicol, que, por si só, já está cercada de graves
irregularidades. A ausência de advogados constituídos no ato, e a realização
de oitiva durante o período de repouso noturno”, informa nota do escritório do
advogado Flávio Ubirajara.

Especialistas ouvidos pelo de explicaram que a confissão extrajudicial — na
delegacia, por exemplo — pode até ser feita sem a presença de um advogado
constituído. No entanto, para que seja válida, ela deve acontecer de forma
espontânea e voluntária, sem coação ou induzimento de terceiros.

FAMÍLIA SUSPEITA DE MAIS ENVOLVIDOS

Caso Vitória: investigações indicam que jovem assassinada pode ter sido
vítima de um stalker — Foto: Reprodução/TV Globo

Familiares e amigos de Vitória ouvidos pela equipe de reportagem acreditam que
Maicol tem participação no assassinato da adolescente. Mas acham que ele teve a
ajuda de outras pessoas.

A vítima chegou a trocar mensagens e áudios por WhatsApp com uma amiga
[https://de.de.com/sp/sao-paulo/noticia/2025/03/04/antes-de-sumir-adolescente-mandou-audios-chorando-e-falando-que-homens-em-carro-a-seguiram-dizendo-e-ai-vida-ouca.ghtml],
contando que estava com medo. Alegou que dois rapazes num ponto a olhavam de
maneira estranha e depois homens num carro a assediaram.

Neste domingo (23) parentes e quem a conhecia fizeram um ato em Cajamar para
pedir “justiça” em relação ao caso.

Para a polícia, no entanto, o caso está esclarecido, com o único autor
identificado e a motivação do crime conhecida. Segundo a investigação, Maicol se
comportava como um ‘stalker’
[https://de.de.com/fantastico/noticia/2025/03/16/caso-vitoria-investigacoes-indicam-que-jovem-assassinada-pode-ter-sido-vitima-de-um-stalker.ghtml]
(alguém que persegue e monitora a vítima obsessivamente).

“À noite, ele quis confessar o crime. Nesse impasse, os advogados dele foram
embora”, afirmou Luiz Carlos, diretor da Polícia Civil na Grande SP.

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