Polícia do Tocantins investiga suspeita de canibalismo após declaração de acusado

Três pessoas são suspeitas de terem cometido canibalismo no último domingo (27), na cidade de Dois Irmãos, interior do Tocantins. Um homem confessou o crime à Polícia durante depoimento para apurar um latrocínio. A ideia macabra teria partido da menor que acompanhava ele e um comparsa após esfaquearem a vítima de 62 anos. Antes de irem embora, eles roubaram R$342 do idoso e fugiram. Após denúncia, o trio foi flagrado e preso menos de 24 horas depois do assassinato.

“Eu fiz o primeiro corte no pescoço dele, mas não chegou a degolar não. Aí ele caiu e não mexeu mais. Ela [a menor] sentou em cima e começou a esfaquear ele. Ela fez um corte assim nele [sinal na região do peito] e falou ‘ah, vou arrancar o coração dele’. Falei ‘ah’. Foi lá, arrancou um pedaço dele [do coração], mordeu, mastigou e falou ‘quer experimentar?’. Experimentei e joguei fora, não engoli”, declarou Rafael Araújo de Oliveira, de 27 anos, em um vídeo obtido pelo Jornal do Tocantins.

A rixa com o comerciante chamado Raimundo Nonato começou após uma discussão em um bar. Ele teria cobrado uma dívida do rapaz, que teria respondido agressivamente e irritado o idoso. Mais tarde no mesmo dia, o grupo foi até a casa do homem. Segundo Rafael, eles haviam consumido “maconha, pedra, pó e uísque”. A adolescente de 17 anos teria batido à porta da casa de Nonato. Logo quando ele abriu começaram os golpes de faca realizados pelo trio.

Brutalidade

De acordo com o delegado Clecyws Alves, uma perícia foi realizada no local, mas ainda não se sabe se a brutalidade informada pelo suspeito realmente ocorreu. “Ainda não temos confirmação porque aguardamos um laudo necroscópico. Estamos tratando como latrocínio. Se fosse homicídio seria qualificado pelo meio cruel”, afirma.

Procurada pela reportagem do Diário do Estado, a assessoria da Polícia Civil do Tocantins afirma que não pode passar informações sobre a data de divulgação do laudo do Instituto Médico Legal porque não tem acesso a elas.

O outro suspeito adulto, Rafael dos Reis de Azevedo, também de 27 anos e a menor não foram ouvidos ainda. Eles devem prestar depoimento ainda nesta semana. Os adultos foram autuados por roubo qualificado pelo resultado morte e corrupção de menores, enquanto a adolescente pela prática do ato infracional análogo ao latrocínio. Eles foram recolhidos à Casa de Prisão Provisória de Miracema e a garota foi encaminhada para o estabelecimento compatível com a sua situação, porém o local não foi informado. O corpo da vítima foi enterrado ontem, terça (01).

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BYD cancela contrato com empreiteira após polêmica por trabalho escravo

Na noite de segunda-feira, 23, a filial brasileira da montadora BYD anunciou a rescisão do contrato com a empresa terceirizada Jinjiang Construction Brazil Ltda., responsável pela construção da fábrica de carros elétricos em Camaçari, na Bahia. A decisão veio após o resgate de 163 operários chineses que trabalhavam em condições análogas à escravidão.

As obras, que incluem a construção da maior fábrica de carros elétricos da BYD fora da Ásia, foram parcialmente suspensas por determinação do Ministério Público do Trabalho (MPT) da Bahia. Desde novembro, o MPT, juntamente com outras agências governamentais, realizou verificações que identificaram as graves irregularidades na empresa terceirizada Jinjiang.

Força-tarefa

Uma força-tarefa composta pelo MPT, Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Defensoria Pública da União (DPU) e Polícia Rodoviária Federal (PRF), além do Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF), resgatou os 163 trabalhadores e interditou os trechos da obra sob responsabilidade da Jinjiang.

A BYD Auto do Brasil afirmou que “não tolera o desrespeito à dignidade humana” e transferiu os 163 trabalhadores para hotéis da região. A empresa reiterou seu compromisso com o cumprimento integral da legislação brasileira, especialmente no que se refere à proteção dos direitos dos trabalhadores.

Uma audiência foi marcada para esta quinta-feira, 26, para que a BYD e a Jinjiang apresentem as providências necessárias à garantia das condições mínimas de alojamento e negociem as condições para a regularização geral do que já foi detectado.

O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que sua embaixada e consulados no Brasil estão em contato com as autoridades brasileiras para verificar a situação e administrá-la da maneira adequada. A porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning, em Pequim, destacou que o governo chinês sempre deu a maior importância à proteção dos direitos legítimos e aos interesses dos trabalhadores, pedindo às empresas chinesas que cumpram a lei e as normas.

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