A Polícia Federal está realizando investigações sobre fraudes em licitações no Rio Grande do Sul que teriam desviado recursos e prejudicado o atendimento a pacientes. Empresário e advogado são suspeitos de manipular pregão eletrônico para favorecer empresas, o que resultou em problemas no funcionamento de hospitais e no acesso a exames e tratamentos. Uma operação da PF foi deflagrada para combater esse desvio milionário da Saúde não só no RS, mas também em São Paulo.
Mensagens interceptadas pela Polícia Federal apontam envolvimento de um funcionário público em direcionamento de licitação na Fundação de Proteção Especial, ligada à Secretaria de Desenvolvimento Social do RS. O Instituto Riograndense de Desenvolvimento Social Integrado (Irdesi), presidido pelo empresário Humberto Silva, foi o foco da investigação, que apurou indícios de fraude. Humberto é também proprietário da Campi, empresa que venceu um pregão eletrônico em novembro de 2023 para prestar serviços à FPE.
O relatório da PF indica “indícios concretos de manipulação de procedimento licitatório” coordenado pelas empresas Campi e Irdesi, controladas pelos próprios envolvidos. A operação Paralelo Cinco revelou que Humberto Silva é suspeito de desviar recursos públicos enquanto unidades administradas pela organização enfrentam falta de estrutura e materiais básicos. Diálogos interceptados mostram que ele e seu advogado buscavam controlar o certame por meio da inclusão estratégica das empresas na licitação.
Os gastos investigados incluem viagens internacionais, aluguéis de luxo e até uma bolsa de R$ 30 mil. O Irdesi declarava gastos com serviços nunca executados, como obras de manutenção em hospitais. A Valquíria Serviços, uma das empresas investigadas, receberia R$ 260 mil por mês para realizar essas obras, mas foi constatado que a empresa sequer existia no endereço informado em Porto Alegre. A PF prendeu Humberto e seu braço direito, bloqueando R$ 24 milhões em bens.
Em áudios obtidos pela PF, Humberto faz comentários irônicos sobre seus gastos, evidenciando despreocupação com as consequências legais. A investigação mostra um esquema que visava lucro, desviando recursos da saúde em detrimento do atendimento em hospitais. Pacientes e familiares sofrem com a falta de estrutura e materiais básicos nas unidades administradas pelo Irdesi, como no Hospital de Caridade de Jaguari, onde a situação é crítica.
Diversos mandados de busca e apreensão foram cumpridos nos estados envolvidos. A Polícia Federal destaca a importância de apurar as condutas fraudulentas para garantir a transparência e a legalidade na gestão de recursos públicos. Enquanto as investigações prosseguem, as defesas dos envolvidos destacam a presunção de inocência e a necessidade de respeitar os devidos processos legais para apuração dos fatos, contribuindo para a verdade dos acontecimentos.




