A Polícia Federal prendeu o ‘Careca do INSS’ em uma operação contra fraudes no sistema de aposentadorias e pensões do Instituto Nacional de Seguridade Social. Além dele, também foi detido o empresário Maurício Camisotti.
Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como o “Careca do INSS”, foi preso juntamente com o empresário Maurício Camisotti, suspeitos de participarem de um amplo esquema de desvios de dinheiro de aposentadorias e pensões do INSS. Segundo informações da Polícia Federal, Antunes é considerado o ‘facilitador’ do esquema.
De acordo com as investigações, associações e entidades que prestavam serviços aos aposentados realizavam cadastramentos não autorizados, com assinaturas falsas, para descontar mensalidades dos benefícios pagos pelo INSS. O prejuízo estimado entre os anos de 2019 e 2024 pode alcançar a marca de R$ 6,3 bilhões, conforme revelado pela PF.
Antunes foi encaminhado para a Superintendência do Distrito Federal, onde os agentes também estão realizando buscas em sua residência. Durante as investigações, foi identificado que ele transferiu cerca de R$ 9,3 milhões para pessoas relacionadas a servidores do INSS entre os anos de 2023 e 2024. Já Camisotti, preso em São Paulo, é apontado como sócio oculto de uma entidade envolvida nas fraudes na Previdência.
Nas ações realizadas, também foram alvo a casa e o escritório do advogado Nelson Wilians, na cidade de São Paulo, onde foram encontradas diversas obras de arte. A defesa de Wilians afirmou que ele está colaborando integralmente com as autoridades e confia que a investigação comprovará sua inocência.
Ao todo, foram cumpridos dois mandados de prisão preventiva e 13 mandados de busca e apreensão nos estados de São Paulo e no Distrito Federal. Os mandados foram expedidos pelo ministro do STF André Mendonça. Diversos veículos de luxo, incluindo Ferrari, Land Rover, Porsche, Mercedes e até um carro de Fórmula 1, foram apreendidos durante a operação.
Segundo as autoridades, o esquema operava oferecendo propina a servidores do INSS para obter dados de beneficiários, utilizando assinaturas falsas para autorizar descontos e criando associações de fachada, frequentemente presididas por idosos, pessoas de baixa renda ou aposentados por incapacidade. A investigação teve início em 2023 na Controladoria-Geral da União (CGU) e foi posteriormente encaminhada à Polícia Federal em 2024.
A defesa de Nelson Wilians destacou que ele tem colaborado integralmente com as autoridades e confia na apuração para demonstrar sua total inocência. A relação do advogado com um dos investigados é descrita como estritamente profissional e legal, e os valores transferidos estão relacionados à uma transação lícita de aquisição de terreno. A nota ressalta que a medida cumprida é de cunho investigativo e não implica em juízo de culpa ou responsabilidade.