Polícia prende 13º suspeito de envolvimento em morte de PM em ‘tribunal do crime’

Polícia prende 13º suspeito de envolvimento na morte de PM que passou pelo
‘tribunal do crime’

Samuel dos Santos Gomes foi preso enquanto acompanhava a esposa grávida em uma consulta médica pré-natal. A defesa alega que ele não tem as mesmas características físicas do homem citado pelos outros investigados no processo.

Samuel dos Santos Gomes foi preso por ser suspeito de participar da morte do PM Luca Romano Angerami, em Guarujá (SP) — Foto: Polícia Militar e Reprodução/Redes Sociais

Um homem foi preso suspeito de participar da morte do PM Luca Romano Angerami, que ficou desaparecido por mais de um mês após passar pelo ‘tribunal do crime’ em Guarujá, no litoral de São Paulo. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública (SSP-SP), esta é a 13ª prisão por envolvimento no assassinato. A defesa de Samuel dos Santos Gomes alegou que ele é inocente.

O PM foi visto pela última vez perto de um ponto de tráfico de drogas da cidade, em 14 de abril. Durante as investigações, os policiais encontraram 12 corpos. Luca foi encontrado enterrado, em 20 de maio, com 18 perfurações causadas por projéteis de arma de fogo e um cadarço no pescoço.

A SSP-SP informou que policiais militares de Santa Catarina e da Divisão PM Vítima [serviço de investigação de crimes contra a vida de agentes] cumpriram o mandado de prisão na última terça-feira (3), no bairro Volta Grande, em Navegantes (SC).

Segundo o 25º Batalhão da PM de Navegantes, a agência de inteligência da cidade recebeu informações da PM de São Paulo sobre o suspeito estar escondido no município. Os policiais iniciaram as investigações e encontraram Samuel em um posto de saúde.

Advogada de Samuel dos Santos Gomes alegou que a esposa grávida dele foi ferida durante abordagem policial em Navegantes (SC) — Foto: Arquivo Pessoal

Ao DE, a advogada Alice Bandeira, que representa Samuel, alegou que o cliente estava junto com a esposa grávida em uma consulta pré-natal. A profissional acrescentou que, durante a abordagem, o casal foi atropelado pela polícia. A mulher, segundo ela, ficou ferida ao cair no chão.

De acordo com a advogada, o Samuel estava sendo ameaçado e saiu do estado de São Paulo para manter a própria segurança. “Claro que também estava com mandado de prisão. Porém, como ele é inocente, preferiu se esconder a se entregar”, explicou ela.

Sobre as acusações da defesa, a PM de SC disse que a responsabilidade para responder a demanda seria da corporação de São Paulo. Enquanto a Polícia Civil de Santa Catarina não respondeu ao DE, a SSP-SP informou estar apurando o caso.

O mandado de prisão foi expedido após Samuel ter sido citado por outros investigados presos pelo crime. Por outro lado, a advogada alegou que o cliente não é conhecido como ‘Fininho’ e não tem as características descritas nos depoimentos dos outros suspeitos. A defesa de Samuel está fazendo o possível para comprovar a sua inocência, pois não faz parte de qualquer facção criminosa e tampouco tem qualquer participação no infeliz assassinato do policial Luca Angerami.

Durante as investigações da morte do PM, de acordo com a SSP-SP, os policiais encontraram 12 corpos e prenderam 13 suspeitos de envolvimento no crime. Na noite de 14 de abril, mesmo dia do desaparecimento, um homem identificado como Edivaldo Aragão, de 36, foi preso por ser suspeito de participar do assassinato de Luca. Ele foi abordado por policiais militares na Rua das Magnólias, em local próximo à adega. Conforme apurado pelo DE junto à Delegacia de Homicídios de Santos, a Polícia Civil descartou o homem das investigações por entender que ele não teve envolvimento e confessou a mando de uma organização criminosa. O homem foi indiciado por obstrução à Justiça.

Conforme apurado pelo DE, um sétimo suspeito, conhecido como “Caga”, apresentou-se espontaneamente na Divisão de Homicídios de Santos no dia 22 de abril. Um oitavo homem, de 23, foi preso em 26 de abril no bairro Chácaras, em Bertioga (SP). A PM chegou ao suspeito com base nas informações obtidas em depoimentos anteriores. Na ocasião, a polícia disse que ele provavelmente mentiu ter envolvimento para despistar as autoridades.

De acordo com a SSP-SP, um homem, de 41, foi preso por policiais militares em 10 de maio, no bairro Jardim Primavera, em Guarujá. Na ocasião, uma equipe viu o rapaz em atitude suspeita em uma via pública. Assim que ele notou a presença policial, entrou em um comércio, mas foi seguido pelos agentes. Em busca no sistema, a corporação constatou que havia um mandado de prisão temporária expedido contra ele por suspeita de envolvimento no crime contra o soldado.

Conforme apurado pelo DE junto ao delegado Fabiano Barbeiro, duas pessoas foram presas entre o dia 10 de maio e 3 de junho. Depois deste período, de acordo com a SSP-SP, o 12º suspeito foi detido. O 11º homem foi preso por policiais militares, em 3 de junho, após ser citado nos depoimentos de outros investigados, que foram detidos. As informações do décimo e 12º, no entanto, não foram divulgadas pela Polícia Civil à equipe de reportagem.

Em 3 de dezembro, o 13º suspeito, identificado como Samuel dos Santos Gomes, foi preso enquanto acompanhava a esposa grávida em uma consulta médica pré-natal. O cumprimento do mandado de prisão aconteceu em Navegantes (SC) após ele ser citado por outros investigados pelo crime. A advogada que representa Samuel alegou que ele é inocente e não tem as características descritas nos depoimentos dos outros suspeitos.

Ainda de acordo com o delegado, após ser visto em uma adega na comunidade Santo Antônio, em Guarujá, na madrugada do dia 14 de abril, os criminosos colocaram Luca em um carro e o levaram até o final da Rua Chile, na Vila Baiana. O agente acrescentou que, uma vez decidida a ‘sentença’ de morte pelos criminosos, apenas porque Luca era policial e estava no “lugar errado, na hora errada”, o rapaz foi levado até uma clareira no morro, onde foi executado e colocado em uma cova de aproximadamente dois metros.

De acordo com o Delegado Seccional de Santos (SP), Rubens Eduardo Barazal Teixeira, o corpo foi encontrado em 20 de maio após um homem, de identidade não divulgada pela corporação, ‘mapear’ o Morro da Vila Baiana à polícia. Ainda segundo Barazal, seis policiais foram ao local com fotos das tatuagens de Luca. No ponto indicado pelo ‘guia’, os agentes encontraram a cova com o corpo. O cadáver, conforme informado pelo delegado, apresentava marcas de cortes e tiros, além de ter uma corda ao redor do pescoço. O corpo foi encaminhado ao IML de Santos, onde passou por uma série de exames que determinaram que Luca estava com 18 perfurações causadas por projéteis de arma de fogo e um cadarço no pescoço. As informações foram confirmadas pela 3ª Delegacia de Homicídios da Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic) de Santos.

O PM foi visto durante a madrugada do dia 14 de abril em uma adega na comunidade Santo Antônio com dois amigos. Depois, câmeras de monitoramento filmaram o agente sendo acompanhado por Carlos Vinicius Santos da Silva — preso em 18 de abril — até a biqueira onde foi visto pela última vez. As imagens, obtidas pela TV Tribuna, emissora afiliada à Globo, mostram quando o PM chega em uma rua na comunidade às 6h41 em um carro de cor prata. O veículo era semelhante ao automóvel dele, que foi encontrado abandonado na Rodovia Cônego Domênico Rangoni.

🔔Receba as notícias do Diário do Estado no Telegram do Diário do Estado e no canal do Diário do Estado no WhatsApp

Tradição de Natal: Família de Itapetininga prepara ravioli um mês antes.

Família do interior prepara prato principal do almoço de Natal com um mês de
antecedência

Em Itapetininga (SP), há 60 anos a família Mazzarino se reúne para celebrar o
almoço de Natal com uma receita tradicional da Itália: o ravioli. Mas, para dar
conta da quantidade a produção começa um mês antes.

Família de Itapetininga mantém tradição de Natal em almoço especial

Em Itapetininga (SP), o Natal tem um sabor especial na casa da família Mazzarino. Há mais de 60 anos, a ceia natalina é marcada pela tradição de preparar ravioli, um prato que une gerações e que começa a ser preparado em novembro, um mês antes do almoço tradicional do dia 25 de dezembro.

Maria Angela Mazzarino Adas, aposentada, relembra o início da tradição ao lado do pai. “Meu pai virava o cilindro e eu acompanhava tudo desde os meus sete anos. Era uma festa: conversa daqui, histórias antigas dali, uma bagunça boa, com todo mundo participando”, conta.

A confecção do prato começou a crescer junto com a família, como relembra Inez dos Santos Mazzarino de Oliveira, também aposentada. “No início, tudo era feito na véspera do Natal, com meu pai liderando os preparativos. Mesmo depois que ele e minha mãe se foram, seguimos com a tradição. Agora, é algo que une ainda mais nossa família.”

O prato, que veio da Itália, carrega a história da família. “O ravioli era comida de ceia de festa para minha avó. Minha mãe aprendeu com ela e passou o conhecimento para as noras. Hoje, ele representa nossa identidade familiar”, explica Maria Margarida Mazzarino.

Inicialmente, a receita era preparada apenas com recheio de carne moída. Mas, com o passar dos anos, a família adaptou o prato para atender todos os gostos. “Atualmente, temos uma opção de recheio de palmito para os veganos”, comenta Regina Mazzarino.

Paulo Roberto Mazzarino destaca a importância de envolver as novas gerações. “Antes, as crianças apenas observavam o preparo. Hoje, ensinamos para elas. Temos aqui cinco ou seis crianças que já estão aprendendo e levarão essa tradição adiante.”

O aumento no número de integrantes da família levou a uma mudança nos preparativos. Se antes o prato era feito na véspera, agora as quatro irmãs da família organizam tudo com antecedência, reunindo todos em novembro para preparar a massa e os recheios.

Para a família Mazzarino, o ravioli é mais do que um alimento. “Sem ele, não é Natal”, conclui Maria Margarida.

Receba as notícias do Diário do Estado no Telegram do Diário do Estado e no canal do Diário do Estado no WhatsApp