Policiais acusados de matar jovem baleado por engano consideraram adulterar arma para tentar dificultar perícia. Pedro Kauã Moreira Ferraz, de 15 anos, perdeu a vida em novembro de 2023 após ser atingido por um tiro disparado por um militar enquanto saía do quintal de casa em busca de um cavalo. Os policiais militares envolvidos no caso cogitaram alterar o “raiamento” (característica interna do cano) de uma arma para tentar burlar a perícia, conforme revela um relatório da Polícia Civil obtido pelo DE.
Nesse contexto trágico, as consequências da ação dos policiais foram vistas de forma inequívoca em um vídeo que flagrou os agentes negando socorro ao adolescente ferido, que acabaria por falecer. A gravidade do ocorrido gerou repercussão nas redes sociais e na imprensa, principalmente na região metropolitana de Fortaleza, onde o caso chocou a população. O DE teve acesso ao relatório que aponta conversas comprometedoras entre os policiais, indicando tentativas de manipular provas para escapar das consequências de seus atos.
A tentativa de adulterar a arma utilizada no fatídico episódio revela um comportamento condenável por parte dos agentes da lei. A ação criminosa não só resultou na morte de um jovem inocente, mas também colocou em xeque a integridade do sistema policial da região. A gravidade do caso levou à aceitação da denúncia contra os policiais e apontou que eles responderão por homicídio qualificado, tortura, omissão de socorro, coação no curso processual e fraude processual, segundo decisão judicial.
A negação de socorro ao adolescente ferido, como flagrado pelas câmeras de segurança, agravou ainda mais a situação e revela a falta de humanidade por parte dos policiais envolvidos. Enquanto a família de Pedro Kauã lutava para salvá-lo, os agentes responsáveis se mantiveram inertes, recusando-se a prestar auxílio. A crueldade do episódio acende um alerta sobre a conduta ética e profissional dos policiais, destacando a urgência de reformas e medidas que garantam a accountability dos agentes de segurança pública.
De acordo com as informações obtidas pelo DE, o perito Marcos Monteiro explicou que a adulteração do raiamento de uma arma pode comprometer a identificação da munição utilizada, prejudicando a análise forense. A tentativa dos policiais de evitar as consequências de seus atos através da fraude revela um comportamento desonesto e desrespeitoso com a justiça e com a sociedade. A morte de Pedro Kauã é um lembrete trágico das consequências nefastas da conduta irresponsável e criminosa por parte das autoridades policiais.
Com a aceitação da denúncia e a abertura da investigação, a justiça caminha para esclarecer os fatos e responsabilizar os culpados pela morte de Pedro Kauã. A ação irresponsável e criminosa dos policiais envolvidos deve servir como exemplo de como a corrupção e a impunidade podem minar as instituições e causar danos irreparáveis à sociedade. Cabe agora às autoridades competentes agirem de forma célere e transparente para garantir que a justiça seja feita e que a memória de Pedro Kauã seja honrada.