Dois policiais militares do BOPE foram denunciados pelo Ministério Público do Rio de Janeiro por envolvimento na morte de um jovem no Morro Santo Amaro, localizado no Catete, Zona Sul da cidade. O primeiro-sargento Daniel Sousa da Silva foi acusado de efetuar os disparos que resultaram na morte de Herus Guimarães Mendes da Conceição, de 23 anos. Já o primeiro-tenente Felippe Carlos de Souza Martins foi denunciado por omissão penalmente relevante. A denúncia aponta que a vítima não ofereceu resistência e tentou se proteger no momento em que foi atingida.
A decisão do Ministério Público contrasta com o relatório final do Inquérito Policial da Delegacia de Homicídios da Capital, que concluiu por legítima defesa putativa por parte do sargento Daniel. Os promotores alegam que a vítima não apresentou qualquer atitude agressiva e contestam a conclusão do inquérito, destacando que análises de imagens e laudos periciais demonstram a falta de ameaça por parte de Herus. A Polícia Civil, por sua vez, afirmou que a investigação foi conduzida de forma transparente e encaminhada ao Ministério Público para análise judicial.
Além da denúncia, o Ministério Público solicitou à Justiça a aplicação de medidas cautelares contra os policiais, incluindo a suspensão integral de suas funções, restrição de contato com testemunhas e proibição de acesso a unidades militares. Também foi apontada uma possível tentativa de manipulação de imagens de câmera por um dos policiais, reforçando a necessidade dessas medidas. A defesa dos acusados alega que a atuação dos agentes foi regular e amparada por provas técnicas.
A incursão da Polícia Militar no Morro Santo Amaro foi justificada com base em fatores como avanço do Comando Vermelho na região, informações sobre a presença de um traficante importante e proximidade com o quartel do BOPE. A defesa dos policiais argumenta que o tempo de reação no momento do disparo foi mínimo e que o sargento Daniel agiu para proteger a própria vida e dos demais policiais presentes. Em relação ao tenente Felippe, é ressaltado que ele agiu de acordo com os protocolos de segurança estabelecidos.
Herus Guimarães faleceu durante a tradicional festa junina da comunidade, realizada há mais de quatro décadas no local. A Polícia Civil não encontrou indícios de envolvimento da vítima com o tráfico de drogas. Caberá à Justiça decidir se aceita a denúncia apresentada pelo Ministério Público, analisar os pedidos de afastamento dos policiais e dar prosseguimento à ação penal. A situação continua sob investigação e provocando debates acerca do uso da força policial e dos protocolos de segurança em operações em áreas urbanas sensíveis.




