Policiais roubaram de Gritzbach sítio comprado do dentista dos famosos
Equipe do DHPP presa por associação criminosa e lavagem de dinheiro também pegou relógios de luxo e R$ 20 mil em imóvel do delator
São Paulo — Em delação premiada feita ao Ministério Público de São Paulo (MPSP) em 16 de julho deste ano, o corretor de imóveis Vinícius Gritzbach, executado a tiros no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, afirmou que policiais civis “roubaram” dele, além de relógios de luxo, um sítio que o delator havia comprado de Roberto Viotto, conhecido como o “dentista dos famosos”.
A área rural, localizada em Biritiba Mirim, na Grande São Paulo, foi comprada pelo delator por R$ 1,5 milhão, como afirmado por ele a promotores do Grupo de Atuação de Combate ao Crime Organizado (Gaeco).
No entanto, Gritzbach ainda não havia passado o sítio para seu nome quando policiais do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) cumpriram um mandado de busca e apreensão em um de seus imóveis em fevereiro de 2022. Na ocasião, segundo a denúncia do corretor de imóveis, os agentes recolheram a escritura da área rural, mas não relacionaram o documento na lista de itens apreendidos.
Com o documento em mãos, como consta na delação, o investigador Rogério de Almeida Felício, o Rogerinho, teria coagido o dentista Roberto Viotto para que ele transferisse o sítio diretamente a uma pessoa indicada por ele. Durante o depoimento de Gritzbach, o promotor questiona se Rogerinho trabalhava com o delegado Fábio Baena. “Sim. É até vergonhoso, né?”, responde o delator.
Em um áudio entregue por Gritzbach ao Gaeco, é possível ouvir o chefe de investigações Eduardo Monteiro, também do DHPP, afirmar que o sítio comprado pelo delator seria vendido e que era para o corretor pagar uma propina “para eles não roubarem o imóvel”.
Gritzbach segue o depoimento afirmando que, após as ameaças, o imóvel foi negociado com uma terceira pessoa entre o dentista e os policiais. Assim, o sítio pago pelo delator foi registrado no nome de uma pessoa, não mencionada na investigação, indicada pelos policiais. Quem muniu o delator com essas informações teria sido o próprio Eduardo Monteiro.
O delator foi assassinado com 10 tiros de fuzil, em 8 de novembro, oito dias após denunciar a corrupção policial à Corregedoria da Polícia Civil. Rogerinho, policial civil suspeito de elo com PCC, é preso em Santos.
O “dentista dos famosos” Roberto Viotto afirmou que “nunca” foi procurado “por ninguém”, com relação ao sítio, “muito menos foi coagido”. Viotto acrescentou que colocou o sítio à venda na imobiliária de Gritzbach “devidamente credenciado para essa atividade”. Faça uma denúncia ou sugira uma reportagem sobre São Paulo por meio do WhatsApp do Metrópoles SP: (11) 99467-7776.