Policial civil é investigado após tentar subornar colega para ficar com celular
apreendido em operação
Agente foi indiciado por corrupção passiva e fraude processual. Ele teria
oferecido até R$ 50 mil para que outro policial trocasse um aparelho celular que
estava na delegacia.
Policial tenta subornar colega para ficar com celular apreendido em operação, em
Fortaleza [https://s03.video.glbimg.com/x240/14101398.jpg]
Policial tenta subornar colega para ficar com celular apreendido em operação, em
Fortaleza
Um policial civil é investigado após tentar negociar para que um outro agente
retirasse um aparelho celular do material apreendido durante a Operação Tropa do
Empresário, realizada contra suspeitos de lavar dinheiro para a facção criminosa
Comando Vermelho
[https://de.globo.com/ce/ceara/noticia/2025/07/15/empresas-de-construcao-de-eventos-e-de-carros-foram-usadas-para-lavar-dinheiro-para-traficantes-do-ceara.ghtml].
Ele teria proposto pagamento de até R$ 50 mil para que o celular fosse trocado
por outro.
O investigado é um oficial investigador identificado como Francisco Aristófanes
Chaves Taveira, que também ocupava o posto de Diretor de Formação Sindical do
Sindicato dos Policiais Civis do Estado do Ceará (Sinpol CE). Ele foi indiciado
pelos crimes de corrupção passiva e fraude processual.
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O inquérito policial, ao qual o de [https://de.globo.com/ce/ceara/] teve acesso,
aponta que o policial tentava obstruir a investigação contra Maysson Jefferson
Lima dos Santos, que foi preso e estava em posse do celular apreendido durante a
operação policial, em julho deste ano.
O objetivo de Francisco Aristófanes, conforme as investigações, era impedir que
a polícia extraísse e analisasse os dados contidos no celular de Maysson,
atrapalhando a investigação criminal.
O caso foi denunciado pelo policial para quem Aristófanes chegou a oferecer
valores entre R$ 10 mil e R$ 50 mil para a troca dos celulares, configurando a
fraude processual. O denunciante também atua como oficial investigador na
Polícia Civil.
➡️ A Operação Tropa do Empresário prendeu cinco pessoas em julho de 2025. Os
mandados de busca e apreensão foram cumpridos nos estados do Ceará, Piauí,
Goiás, São Paulo e Paraná
[https://de.globo.com/ce/ceara/noticia/2025/07/15/empresas-de-construcao-de-eventos-e-de-carros-foram-usadas-para-lavar-dinheiro-para-traficantes-do-ceara.ghtml].
No Ceará, a ação policial ocorreu em Fortaleza
[https://g1.globo.com/ce/ceara/cidade/fortaleza/], Caucaia, Quixeramobim e
Trairi.
As investigações começaram em 2022, após a prisão de um traficante, em Caucaia,
que comercializava drogas por regiões turísticas do litoral cearense, como as
praias de Cumbuco e Jericoacoara.
Os investigadores descobriram uma rede de empresários que ajudavam os criminosos
cearenses a lavar o dinheiro oriundo do tráfico. Os traficantes chamavam o grupo
de “Tropa dos Empresários”, o que inspirou o nome da operação.
ABORDAGEM E TENTATIVA DE SUBORNO
1 de 2 Policial se encontra com colega e faz tentativa de suborno para troca de
celular apreendido durante operação — Foto: Reprodução
Policial se encontra com colega e faz tentativa de suborno para troca de celular
apreendido durante operação — Foto: Reprodução
Dois dias após a Operação Tropa do Empresário, o policial se identificou apenas
como “Ari” e entrou em contato com o colega de corporação por meio de ligação
telefônica.
Segundo depoimento do denunciante, Ari solicitou um encontro presencial urgente,
sem adiantar o assunto. O encontro foi realizado em frente a uma concessionária,
em Fortaleza (confira no vídeo do início da reportagem).
Na conversa, Ari perguntou sobre o material apreendido na operação, se o IMEI
dos aparelhos celulares tinham sido registrados nos autos e se os celulares já
haviam sido encaminhados para a extração de dados.
Quando o colega afirmou não ter certeza sobre estas respostas, o policial teria
solicitado que o aparelho celular específico fosse trocado por conter
“informações extremamente perigosas e comprometedoras”.
Na abordagem presencial, ele propôs o pagamento pela troca de celulares. E
combinou um código para que eles continuassem se comunicando por mensagens de
celular.
Os códigos eram:
* “Vai dar certo o racha com a galera”, se o celular não tivesse sido
apreendido com o número IMEI registrado (tornando viável a troca).
* “Não vai dar certo o racha com a galera”, se o celular já tivesse sido
apreendido com IMEI registrado (inviabilizando a troca fraudulenta).
DENÚNCIA FEITA PELO COLEGA
2 de 2 Mensagens enviadas por policial que teria tentado subornar colega para
recuperar celular apreendido em operação — Foto: Reprodução
Mensagens enviadas por policial que teria tentado subornar colega para recuperar
celular apreendido em operação — Foto: Reprodução
Na mesma noite, o policial abordado denunciou Aristófanes para o delegado
responsável pela operação policial. Ele foi orientado a continuar em contato
para permitir a coleta de mais evidências sobre a conduta dele.
Imagens de câmeras de segurança do local do encontro presencial ajudaram a
identificar o policial. Aristófanes fez novos contatos por mensagens de celular
para confirmar se a troca seria possível.
Mesmo depois que o colega respondeu dizendo que “furou o racha”, o policial fez
uma ligação telefônica pedindo que ele informasse o número de ofício da
transferência dos celulares e que ele pudesse “tentar outra frente”.
Conforme orientado pelo delegado, o policial atendeu a chamada no modo viva-voz,
e a ligação foi acompanhada por outros policiais que já estavam atuando na
investigação contra Aristófanes.
No inquérito policial, a investigação aponta que Aristófanes poderia usar o
ofício da transferência dos celulares para tentar subornar algum outro colega
nos órgãos de inteligência, interferindo na extração dos dados do celular.
Com estas evidências, a conduta do policial foi denunciada à Delegacia de
Assuntos Internos, vinculada à Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de
Segurança Pública (CGD).
O QUE DIZ A DEFESA DO POLICIAL
Procurada pela equipe da TV Verdes Mares, a defesa de Francisco Aristófanes
Chaves Taveira afirmou que o policial foi interrogado na Delegacia
Especializada, afirmando que nunca tratou sobre aparelho celular apreendido, que
nunca ofereceu vantagem indevida e que nunca propôs a troca de aparelhos.
Conforme a defesa, o encontro e as mensagens tratavam sobre um foragido da
Justiça, identificado pelo vulgo de Caçarola. O termo “racha” se referia
exclusivamente a um jogo de futebol no campo do Sindicato dos Policiais.
Ainda de acordo com a defesa de Aristófanes, a falsa acusação contra ele poderia
ter origem em animosidades pessoais anteriores.
O QUE DIZ A CONTROLADORIA GERAL DE DISCIPLINA
Em nota, a Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e
Sistema Penitenciário (CGD) informou que o inquérito policial, conduzido pela
Delegacia de Assuntos Internos (DAI), foi finalizado e encaminhado ao Poder
Judiciário.
O órgão ressalta que o procedimento disciplinar instaurado pela Controladoria
contra o policial segue em trâmite.
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[https://de.globo.com/ce/ceara/edicao/2023/09/08/assista-aos-videos-mais-vistos-do-ceara.ghtml]




