Policial que agiu em legítima defesa ao matar paciente em UTI, conclui delegado

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Policial que matou paciente que fazia técnica de enfermagem refém agiu para garantir a integridade da mulher, conclui delegado

Caso aconteceu em janeiro deste ano, em Morrinhos. A Polícia Civil conclui o inquérito e pediu ao Ministério Público de Goiás (MP-GO) o arquivamento do caso.

1 de 1 Enfermeira é feita de refém durante surto psicótico de paciente em UTI de Morrinhos, Goiás — Foto: Reprodução/Redes Sociais

Enfermeira é feita de refém durante surto psicótico de paciente em UTI de Morrinhos, Goiás — Foto: Reprodução/Redes Sociais

O policial militar que matou o paciente Luiz Claudio Dias, de 59 anos, que fez uma técnica de enfermagem refém agiu para garantir a integridade da mulher, segundo o delegado Fabiano Jacomelis. O caso aconteceu no dia 18 de janeiro deste ano, em Morrinhos, no sul de Goiás.

A Polícia Civil conclui o inquérito e pediu ao Ministério Público de Goiás (MP-GO) o arquivamento do caso. O documento, obtido pela TV Anhanguera, diz que o delegado do caso, concluiu que a intervenção do PM foi necessária para garantir a segurança e a integridade da profissional.

O delegado disse que durante a negociação, a técnica de enfermagem conseguiu escapar do agressor, sofrendo uma queda. Neste momento, Luiz Claudio Dias foi em direção a técnica de enfermagem no intuito de golpeá-la.

Diante da situação, o policial militar atirou contra o agressor, que morreu mesmo sendo prontamente socorrido. Com isso, o delegado entendeu que o policial agiu em legítima defesa da mulher, com a intenção de interromper a agressão injusta de Luiz Cláudio Dias.

A Polícia Militar disse que todas as medidas administrativas cabíveis foram adotadas à época dos fatos e se manteve a disposição dos órgãos investigativos durante a tramitação do inquérito.

O MP-GO disse que os autos do inquérito foram remetidos na última terça-feira (18) para a 2ª Promotoria de Justiça de Morrinhos. O prazo processual é de 15 dias para oferecimento ou não de denúncia. O promotor Guilherme Vicente de Oliveira vai analisar os autos.

RELEMBRE O CASO

Luiz Cláudio Dias estava internado em uma unidade de terapia intensiva (UTI) do Hospital Municipal de Morrinhos quando teve surto psicótico, foi ao banheiro e quebrou uma janela de vidro. Ele pegou um caco de vidro, pressionou no pescoço de uma técnica de enfermagem e a fez refém com ameaças.

A Polícia Militar foi acionada e tentou negociar com o paciente a soltura da profissional. Um vídeo mostra o momento em que, ameaçada com um pedaço de vidro, a profissional da saúde consegue afastar o braço do paciente, que foi baleado logo depois, e escapar (veja abaixo). Ele foi socorrido, mas não resistiu.

De acordo com informações da PM, o tiro seria para imobilizar o paciente, que ameaçava a enfermeira, mas ele se moveu durante a ação e o tiro acabou perfurando o abdômen. Na época, o Hospital Municipal de Morrinhos disse à reportagem que ainda não comentaria sobre o caso.

Em entrevista ao DE, o prefeito de Morrinhos, Maycllyn Carreiro (PL), afirmou que Luiz Claudio não tinha histórico de surtos psicóticos e que fazia um tratamento renal há três dias. O prefeito disse ainda que casos de surtos durante a internação em uma UTI não são incomuns.

Ainda segundo Maycllyn, os outros membros da equipe médica tentaram dialogar com Luiz Cláudio, mas sem sucesso. Como não conseguiram reverter a situação, os funcionários do hospital acionaram a PM.

A família do paciente ficou revoltada com a situação e cobrou justiça pelo caso. “A polícia matou meu pai dentro de uma UTI”, disse o filho em uma rede social.

Nas redes sociais, o dentista Luiz Henrique Dias, filho de Luiz Cláudio, postou um vídeo em frente ao Instituto Médico Legal (IML), enquanto esperava pela liberação do corpo do pai. Ele disse que soube da morte do pai por vídeos que circularam entre os moradores do município.

“A polícia matou meu pai dentro de uma UTI, um paciente com hipoglicemia, com menos de 60 kg, fragilizado”, desabafou o dentista no vídeo.

A família escreveu uma carta e disse que Luiz foi executado de forma cruel, e questionou a conduta dos militares e da equipe de saúde.

Em resumo, o caso envolvendo o paciente em surto que fez uma enfermeira de refém em uma UTI em Morrinhos, Goiás, resultou na morte do paciente pelas mãos da polícia militar, que agiu para proteger a integridade da profissional de saúde. Ainda sob investigação, aguarda-se a posição do Ministério Público para possíveis desdobramentos. A família do paciente expressou revolta com o desfecho trágico e busca por justiça.

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