A morte da Rainha Elizabeth II nesta quinta-feira, 8, provocou apelos políticos e ativistas para que ex-colônias no Caribe removam o agora Rei Charles como chefe de Estado e que o Reino Unido pague indenizações por escravidão.
Na Jamaica, o primeiro-ministro disse que o país lamenta a morte da Rainha. Em Antígua e Barbuda foi ordenado que as bandeiras ficassem a meio mastro até o dia do enterro da monarca, previsto para o dia 18.
Apesar disso, em alguns lugares ficou a dúvida sobre o papel que um rei ou rainha deve desempenhar no século XXI. Apesar da recuperação neste momento delicado, o tema já estava em debate há algum tempo.
Rei Charles: Reparação histórica
No início do ano, alguns líderes da Commonwealth expressaram desconforto em uma cúpula em Kigali, Ruanda, sobre a passagem da liderança do clube de 54 países de Elizabeth para Charles.
Já em março, em uma turnê de oito dias, o agora herdeiro do trono, príncipe William e a esposa, Kate, a Belize, Jamaica e Bahamas foi marcada por pedidos de pagamento de reparações e um pedido de desculpas pela escravidão.
Além disso, nesta quinta-feira, 8, o mbi Hall-Campbell, acadêmico de 44 anos que preside o Comitê Nacional de Reparações das Bahamas, enviou condolências. No texto ele destacou o reconhecimento de Charles da “atrocidade da escravidão” em uma cerimônia no ano passado marcando o fim do domínio britânico quando Barbados se tornou uma república.
“À medida que o papel da monarquia muda, esperamos que esta seja uma oportunidade para avançar nas discussões sobre reparações para nossa região” disse Hall-Campbell.
Além disso, ela disse que espera que Charles lidere de uma maneira que reflita a “justiça exigida dos tempos. E essa justiça é justiça reparatória”.
Já a defensora jamaicana de reparações, Rosalea Hamilton, disse que os comentários de Charles durante a conferência de Kigali dá a população “algum grau de esperança de que ele aprenderá com a história, entenderá o impacto doloroso que muitas nações sofreram até hoje” e abordará a necessidade para reparações.
Vale ressaltar que Charles em nenhum momento mencionou reparações no discurso de Kigali.
Indenização
No início do ano, o governo jamaicano anunciou no ano passado planos para pedir indenização à Grã-Bretanha por transportar à força cerca de 600 mil africanos para trabalhar nas plantações de cana-de-açúcar e bananas em propriedades britânicas.
“Quem assumir o cargo deve ser solicitado a permitir que a família real pague indenizações aos africanos “, disse David Denny, secretário-geral do Movimento Caribenho para a Paz e Integração, de Barbados. Em seguida afirmou: “Todos nós devemos trabalhar para remover a família real como chefe de estado de nossas nações.”
Uma pesquisa realizada em agosto deste ano apontou que 56% dos jamaicanos são a favor da remoção do monarca britânico (Charles) como chefe do Estado.