Poluição do ar em São Luís ultrapassa limites seguros 900 vezes em 2023; estudo

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Poluição do ar ultrapassou os limites seguros em mais de 900 vezes em 2023 em
São Luís; aponta pesquisa

Pesquisas da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) apontam que a poluição do
ar pode ter relação com os crescentes casos de doenças respiratórias em algumas
áreas de São Luís. Comunidades rurais alegam que já sentem na pele os impactos
causados.

Pesquisa aponta a relação da poluição do ar em São Luís com o aumento de doenças
respiratórias [https://s02.video.glbimg.com/x240/13448637.jpg]

Pesquisa aponta a relação da poluição do ar em São Luís com o aumento de doenças
respiratórias

Um levantamento apontou a relação entre o aumento da poluição do ar e o
crescimento de casos de doenças respiratórias em São Luís
[https://de.de.globo.com/ma/maranhao/cidade/sao-luis/]. Dados do Movimento em
Defesa da Ilha indicaram que, em 2023, a poluição do ar na capital maranhense
ultrapassou os limites seguros em mais de 900 vezes.

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A pesquisa utilizou dados da rede de monitoramento mantida pela Secretaria de
Indústria e Comércio. No entanto, em 2024, os dados ficaram sem registros por
quase seis meses e, quando retornaram, os números apresentaram queda. A situação
chamou a atenção dos pesquisadores, gerando alertas sobre a falta de
transparência e fiscalização.

De acordo com Naira Barros, superintendente de Planejamento e Levantamento da
Secretaria de Meio Ambiente do Estado do Maranhão (SEMA), tanto os níveis
elevados quanto o apagão do monitoramento ocorreram devido a uma diferença entre
os medidores da Secretaria de Indústria e Comércio e os das próprias indústrias.

Ela explica que a diferença foi recente, percebida rapidamente, e, por isso, os
números foram ajustados. “Foram feitas as alterações e, se vocês observarem,
estão todos dentro do padrão, conforme as estações que podem ser acompanhadas
pelo site Monitorar”, afirmou a superintendente.

Famílias vivem em meio ao aumento da poluição do ar em São Luís — Foto:
Reprodução/TV Mirante

Famílias vivem em meio ao aumento da poluição do ar em São Luís — Foto:
Reprodução/TV Mirante

Para Guilherme Zagallo, advogado e ativista ambiental, o monitoramento público
sobre os dados da poluição faz parte da licença concedida às empresas que atuam
na região do Distrito Industrial e, por isso, ele deveria estar funcionando a
todo o momento.

“O monitoramento público é uma condicionante da licença do Distrito Industrial.
Se não está funcionando seria o caso, inclusive, de suspender a licença até que
exista uma rede pública de monitoramento de qualidade. As declarações da SEMA
são extremamente preocupantes”, explica o advogado.

COMUNIDADES SOFREM COM A POLUIÇÃO

Comunidades que vivem na região do Distrito Industrial sofrem com o
aumento da poluição do ar — Foto: Reprodução/TV Mirante

Comunidades que vivem na região do Distrito Industrial sofrem com o aumento da
poluição do ar — Foto: Reprodução/TV Mirante

Por outro lado, comunidades localizadas na zona rural de São Luís têm percebido,
a cada dia, o impacto do aumento da poluição do ar em seus meios de
subsistência.

Há décadas, o pescador Alberto Lopes observa a comunidade do Tain, na zona rural
da capital — local onde ele cresceu — ser engolida pelo crescimento das
indústrias na região. Para ele, a contaminação é constante na área e varia
conforme a época do ano.

“O resíduo da fábrica, o que já foi jogado na floresta, e agora a chuva lava e
traz para o rio do mesmo jeito. E, no período seco, ele vem pelo ar mesmo, o que
afeta ainda mais a respiração”, diz o pescador.

Ao todo, 200 famílias vivem da pesca e do extrativismo na região. Entretanto, a
presença das indústrias de alumínio e asfalto ameaça esse modo de vida.

“Há 40 anos, há 30 anos, a gente respirava um ar mais puro e saudável. A água, o
ar, as frutas eram todas mais saudáveis. Agora, já vemos o resultado das
indústrias ao redor das comunidades. As fruteiras ainda dão frutos, mas não são
mais como antes, com a mesma qualidade”, conta Zé Reinaldo Moraes, produtor
rural.

POLUIÇÃO AFETA QUALIDADE DE VIDA

Pesquisas da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) apontam que a poluição do
ar em São Luís pode ser a causa do aumento de doenças respiratórias, sendo as
comunidades localizadas próximas ao polo industrial as mais afetadas.

“O resultado das pesquisas indicou uma área mais central da cidade e uma área
próxima à região Itaqui-Bacanga, próxima ao Distrito Industrial. Portanto, as
pessoas nessas áreas podem estar adoecendo devido a doenças respiratórias.
Identificamos também duas grandes fontes de poluição: os veículos automotores e
as indústrias”, explica Márita Ribeiro, doutora em Geografia Humana da UFMA.

Poluição do ar ultrapassou os limites seguros em mais de 900 vezes em
2023, diz pesquisa — Foto: Reprodução/TV Mirante

Poluição do ar ultrapassou os limites seguros em mais de 900 vezes em 2023, diz
pesquisa — Foto: Reprodução/TV Mirante

Para pesquisadores e ativistas, é necessário rever a política econômica do
Maranhão, adotando uma fiscalização mais rigorosa e maior transparência na
divulgação dos dados sobre a poluição.

“É preciso repensar o modelo de desenvolvimento econômico que temos hoje na
cidade de São Luís e no Maranhão de forma geral. Isso está diretamente
relacionado a repensar a matriz energética do Estado e de São Luís, em direção a
uma matriz energética mais limpa”, afirma Luiz Eduardo Neves, geógrafo.

Em nota, a Secretaria de Estado do Meio Ambiente afirma que tem intensificado a
fiscalização de empreendimentos industriais, combatido atividades não
licenciadas e criado normativas para melhorar a qualidade ambiental no Estado.

Por outro lado, as comunidades afetadas pela poluição seguem sentindo na pele os
impactos da mudança e alegam que a situação está destruindo a forma como elas
sobrevivem.

“A gente está morrendo mesmo no dia a dia, vítimas desse sistema e dessas
transformações, que não estão mais nos polos Ártico ou Antártico; estão aqui, no
meio da gente, em plena Linha do Equador”, finaliza o pescador Alberto Lopes.

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