Por que a safra de grãos afeta as exportações do agronegócio: análise Cepea USP Piracicaba

Entenda por que safra de grãos pode limitar crescimento de exportações do
agronegócio

Embarques de produtos do setor somam US$ 126 bilhões entre janeiro e setembro de
2024. Marca é 1% menor na comparação com o mesmo período de 2023, aponta USP de
Piracicaba (SP).

1 de 4 Lavoura de soja — Foto: Raquel Maia/Amazônia Agro/Rede Amazônica

Lavoura de soja — Foto: Raquel Maia/Amazônia Agro/Rede Amazônica

Após quatro recordes seguidos desde 2020, o faturamento com as exportações
brasileiras no agronegócio podem recuar pela primeira vez neste ano. A previsão
é do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) do campus da
Universidade de São Paulo (DE) em Piracicaba (SP)
[https://g1.globo.com/sp/piracicaba-regiao/cidade/piracicaba/], após os
embarques de produtos do setor somarem 126 bilhões de dólares entre janeiro e
setembro de 2024. A marca é 1% menor na comparação com o mesmo período de 2023.

🌽O cenário de incerteza sobre o balanço positivo das exportações no Agro em
2024 se explica pela queda na oferta e preço pago pelos grãos em dólar. A
análise do Cepea é feita com base em dados do Ministério do Desenvolvimento,
Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), da Secretaria de Comércio Exterior
(sistema Siscomex).

> “O faturamento em dólar com as exportações brasileiras do agronegócio deve
> fechar 2024 próximo do obtido em 2023, mas ainda fica a dúvida se o setor irá
> renovar mais uma vez o recorde, sobretudo devido às menores disponibilidade de
> soja e milho e ao menor preço pago em dólar.

*A quantidade exportada cresceu 0,3% até setembro deste ano em relação ao mesmo
período do ano passado devido à redução da colheita da soja na safra 2023/24 e
dos menores embarques do milho, aponta o Cepea. Os preços médios caíram 1%.

* Produção de milho — Foto: Honório Barbosa/Diário do Nordeste

* Produção de milho — Foto: Honório Barbosa/Diário do Nordeste

DEPENDÊNCIA DE FORNECEDORES ESTRANGEIROS

Pesquisadores do Cepea indicam que a reação dos preços, sobretudo dos grãos, vai
depender da oferta norte-americana para este e próximo anos e de outros
fornecedores importantes, além do tamanho das próximas safras brasileira e
argentina.

Pesquisadores do Cepea destacam que, neste ano, chamam a atenção o aumento nos
embarques de alguns produtos. Veja itens e altas percentuais:

🪶Algodão em pluma: + 134%

☕Café: +42%

🪨Açúcar: + 35%)

🐂Carne bovina: +28%

PRINCIPAIS DESTINOS

A demanda da China, Europa e Estados Unidos por produtos brasileiros tem se
mantido firme, segundo o Cepea. Confira, abaixo:

Os embarques para China representaram 34,6% do volume exportado. Na sequência
vem a União Europeia, com 13% e, depois, os Estados Unidos, com 6,7% do total
escoado.

CÂMBIO

A taxa de câmbio nominal mais alta observada nos últimos meses deve favorecer o
desempenho do setor agroexportador, tanto porque os produtos brasileiros ficam
mais competitivos no mercado internacional, quanto por elevar o faturamento em
Reais, quando da conversão das moedas.

“Se o setor conseguir elevar levemente o desempenho do último trimestre de 2023,
conseguirá, sim, superar o valor de US$ 166 bilhões em vendas ao exterior e
alcançar novo recorde.

OUTUBRO

As exportações brasileiras de carne de frango bateram recordes em volume
embarcado e em receita em outubro deste ano na comparação com o mesmo período do
ano passado, segundo levantamento do Cepea a partir de dados da Secretaria de
Comércio Exterior (Secex). Os embarques de ovos também dobraram em outubro,
tendo o melhor desempenho desde agosto de 2023. – Veja detalhes, abaixo.

* Desvalorização da carne de frango está relacionada ao aumento do poder de compra
da população na primeira quinzena de junho. — Foto: Reprodução EPTV

* Desvalorização da carne de frango está relacionada ao aumento do poder de compra
da população na primeira quinzena de junho. — Foto: Reprodução EPTV

Carne de frango: Foram 463,5 mil toneladas de produtos in natura e processados
embarcadas em outubro deste ano. Um aumento de 15,4% em relação ao volume
exportado da carne de frango no mesmo mês em 2023.

De janeiro a outubro, a quantidade escoada soma 4,38 milhões de toneladas,
avanço de 2% em relação ao mesmo período de 2023.

Sem doenças e preços competitivos: De acordo com o relatório de outubro deste
ano do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) sobre o setor, o
aumento nas exportações da carne de frango pode ser explicado pela combinação de
diversos fatores, incluindo os preços competitivos e o fato do Brasil ter o
status sanitário como livre de doenças.

Já na comparação entre os volumes embarcados de um mês para outro, houve queda
de 4,4% em outubro em relação a setembro deste ano.

DEMANDA DOMÉSTICA

Ainda segundo análises do Cepea, além do bom desempenho nas exportações da carne
de frango, a demanda interna pela proteína também foi favorável para o aumento
dos preços.

“A demanda doméstica aquecida típica de início do mês, devido ao recebimento de
salário, tem contribuído para elevar os preços internos da carne de frango”,
apontou.

ALTA NOS INSUMOS

O levantamento do Cepea indica que o poder de compra de avicultores paulistas
frente aos principais insumos utilizados na atividade registrou recuo em
outubro, no comparativo com o mês anterior.

Segundo o estudo, a piora se deve às altas nas cotações do milho e do farelo de
soja combinadas à estabilidade no preço pago pelo frango vivo.

“Frente ao milho, a relação de troca segue desfavorável pelo segundo mês
consecutivo, e, para o derivado da soja, o poder de compra está diminuindo em
outubro, depois de ter avançado entre julho, agosto e setembro”, explicam os
pesquisadores do Cepea.

No mercado de frango, com a oferta interna de carne mais controlada,
compradores estão pouco ativos na aquisição de maiores lotes de animais por
parte da indústria, ainda conforme explicam pesquisadores do Cepea.

Exportação de ovos — Foto: Caminhos do Campo/RPC

Exportação de ovos — Foto: Caminhos do Campo/RPC

OVOS

Assim com a carne de frango, as exportações brasileiras de ovos, incluindo
produtos in natura e processados, também cresceram em outubro deste e os
embarques alcançaram o melhor desempenho desde agosto de 2023, segundo pesquisas
do Cepea, com base em dados da Secex.

> “Esse crescimento foi impulsionado principalmente pelo expressivo aumento nos
> embarques de produtos industrializados, cujo volume avançou quase três vezes
> em comparação ao mês anterior. Os envios de ovos in natura também subiram: 11%
> entre setembro e outubro”, apontou o Centro de pesquisas.

No total, foram 2,083 mil toneladas de ovos (in natura e processados) embarcadas
em outubro, 40,3% a mais que em setembro e o dobro da quantidade escoada no
mesmo período de 2023.

O Chile tem sido o principal destino das exportações brasileiras desde março
deste ano, adquirindo 971 toneladas da proteína nacional em outubro, alta de 4%
frente ao mês anterior.

LEIA MAIS

Nem boi, nem frango: entenda por que preço da carne de porco caiu e ficou mais
competitivo no mercado
[https://g1.globo.com/sp/piracicaba-regiao/noticia/2024/10/21/nem-boi-nem-frango-carne-de-porco-fica-mais-competitiva-com-alta-nos-insumos-e-oferta-limitada.ghtml]

Carne bovina: veja outros dados de exportações no vídeo, abaixo.

Aumento das exportações e redução da oferta no campo explicam a alta da carne
pro consumidor [https://s04.video.glbimg.com/x240/13085479.jpg]

Aumento das exportações e redução da oferta no campo explicam a alta da carne
pro consumidor

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Projeto para ampliar aterro sanitário em SP enfrenta impasse na votação

Projeto para derrubar 10 mil árvores e ampliar aterro sanitário em SP não atinge
votos suficientes

Proposta teve inclusão de ‘jabutis’ como a flexibilização das regras para
emissão de ruídos em shows e não passou em 2º turno por um voto. Nova votação
deve ocorrer na sexta-feira (20).

A Câmara Municipal de São Paulo vota projetos nesta quarta-feira (18) — Foto:
Reprodução/Youtube Câmara Municipal de São Paulo

O projeto de lei que prevê a transformação de uma área de preservação ambiental
em São Mateus, na Zona Leste de São Paulo, em aterro sanitário e a instalação de um incinerador não atingiu a votação necessária e teve a decisão adiada na Câmara Municipal por apenas um voto.

A votação aconteceu já na madrugada desta quinta-feira (19), pouco depois da meia-noite. A proposta precisava de dois terços dos votos da casa, ou seja, 37 dos 55 vereadores. Porém, o projeto teve 36 votos favoráveis e 16 contrários, sem nenhuma abstenção.

Os vereadores iniciaram a votação da proposta sob gritos de “crime ambiental” do
público presente na Casa. Ao não atingir a votação necessária, houve comemoração
do público e dos vereadores que votaram contra o projeto.

A proposta, que teve a inclusão de “jabutis” — temas distintos ao projeto original —, deverá ser votada novamente na sexta-feira (20), quando os vereadores também decidirão sobre o orçamento da capital paulista para 2025, previsto em R$ 125 bilhões, entre outros projetos.

Para a criação do aterro que o projeto prevê terão que ser cortadas 10 mil árvores, entre elas quase mil nativas da Mata Atlântica. A oposição e urbanistas afirmam que não foram apresentados detalhes do projeto para debate. Eles argumentam que o terreno possui córregos, além da nascente do Rio Aricanduva.

O projeto já havia sido aprovado em primeira votação e passou por uma audiência pública. No texto substitutivo, houve a inclusão de um trecho que busca flexibilizar as regras sobre a emissão de ruídos em shows e eventos na capital.

Além disso, em outra emenda, a proposta quer permitir que construtoras construam
prédios em cima de estações do metrô e terminais de ônibus para vender os imóveis.

A proposta de flexibilizar as regras sobre a emissão de ruídos em shows e eventos na capital foi incluída no mesmo projeto de lei que trata do aterro — sem que tivesse sido votada na primeira discussão.

O vereador Celso Giannazi (PSOL) relembrou um caso parecido que aconteceu no fim de 2022. Na ocasião, a Câmara aprovou um projeto de regulamentação das cozinhas industriais na cidade e, no mesmo texto, também aprovou um artigo que tratava do aumento do limite de barulho permitido em estádios durante shows.

O prefeito Ricardo Nunes (MDB) sancionou o projeto menos de 24
horas depois da aprovação dos vereadores. No entanto, em 2023, o Tribunal de
Justiça de São Paulo decidiu que o trecho que tratava do aumento de limite de ruídos era inconstitucional e retirou o tema da lei.

Segundo Giannazi, o mesmo pode acontecer com o projeto de lei em trâmite neste
ano. “Da mesma forma, não tem pertinência temática. Tudo igual. Desrespeitando a
decisão judicial, né, que é bem clara. Estão repetindo o que foi feito lá atrás.
É um absurdo total.”

Uma vez aprovado o projeto, shows não precisarão seguir legislações federais,
estaduais ou municipais sobre o tema e poderão, por exemplo, extrapolar o limite
de ruído definido em lei atualmente.

Em nota, a prefeitura da capital paulista informou que a proposta “segue na
direção de consolidar o papel de São Paulo como capital de eventos e fomento a
geração de emprego e renda”, mas não explicou o motivo pelo qual o tema foi
incluído em um projeto que foge do tema apresentado.

“Importante destacar que o assunto será objeto de regulamentação”, explicou a
administração municipal.

Moradores de São Mateus acompanharam a discussão da proposta, que começou por
volta do meio-dia da quarta-feira (18). Durante a fala de vereadores das
bancadas do PSOL e do PT, eles se manifestaram no plenário contra o aterro e o
incinerador. Parlamentares, inclusive, elogiaram o fato de os eleitores
acompanharem a votação e as audiências.

Os vereadores Eliseu Gabriel (PSB), Silvia da Bancada Feministra (PSOL), Luana
Alves (PSOL), Professor Toninho Vespoli (PSOL), Celso Giannazi (PSOL), Hélio
Rodrigues (PT), Luna Zarattini (PT), Alessandro Guedes (PT), Manoel Del Rio
(PT), João Ananias (PT) e Senival Moura (PT) fizeram críticas a Nunes sobre o
projeto prejudicar o meio ambiente antes de abrir a votação.

Luna Zarattini (PT) chegou a enfatizar, durante sua fala, que Ricardo Nunes
(MDB) merecia o “Prêmio Jabuti”, por colocar um tema totalmente distinto no
texto do projeto de lei sobre o aterro.

Silvia, do PSOL, também mencionou que o prefeito deveria ser premiado com o
“Prêmio Motosserra de Ouro” pelo corte de árvores.

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