O Brasil tem um histórico de tornados, e o que devastou uma cidade no Paraná pode ser um dos mais fortes já registrados. Um pesquisador da Unicamp que catalogou 205 tornados no país em sua tese de doutorado explica por que as regiões Sul e Sudeste são mais suscetíveis a esse fenômeno. De acordo com ele, o país continua sendo a segunda área de risco mais intenso para a ocorrência de tornados no mundo, ficando atrás apenas do corredor dos tornados nos Estados Unidos.
O tornado que atingiu cidades da região Centro-Sul do Paraná recentemente e alcançou o índice EF3, em uma escala que vai até 5, pode estar entre os mais fortes já registrados no Brasil. O pesquisador Daniel Henrique Cândido, doutor em geografia pela Unicamp, destaca que o país possui um histórico expressivo de tornados e ocupa uma posição significativa no cenário mundial. Em sua tese de doutorado, defendida em 2012, ele catalogou 205 desses fenômenos ocorridos entre 1990 e 2011.
Os tornados são fenômenos atmosféricos menores, porém muito intensos, surgem geralmente de tempestades severas em áreas com grandes variações de vento. O Brasil é propenso a essa ocorrência devido às suas condições geográficas e climáticas, especialmente nas regiões Sul e Sudeste. As massas de ar encontram canalização devido à presença da Cordilheira dos Andes, a oeste, e à Serra do Mar, no litoral brasileiro, facilitando o escoamento dessas massas de ar e criando um ambiente propício para a formação de ciclones e tempestades severas.
A combinação entre o aquecimento do ar, a condensação da umidade e os ventos em altitude pode gerar tornados e outros fenômenos destrutivos. A cultura de prevenção ainda é um desafio no Brasil em comparação com países como os Estados Unidos, onde casos como esse são mais recorrentes. A densidade populacional das regiões afetadas, os padrões construtivos de cada país e a cultura de prevenção influenciam nos impactos dos tornados.
O especialista destaca a importância da educação e infraestrutura para criar uma cultura de prevenção. Nos Estados Unidos, por exemplo, as pessoas crescem aprendendo a confiar na meteorologia e acompanhar as condições climáticas diariamente. No Brasil, a burocracia para acessar informações meteorológicas muitas vezes dificulta a criação dessa cultura. O país ainda tem um longo caminho a percorrer em termos de prevenção e resposta a desastres naturais como tornados.




