Por que o norte do Paraná tem tão poucas geadas? Especialista explica

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Por que é tão difícil ter geada no norte do Paraná?

Em sete meses, segundo o Simepar, ocorreu formação de geada 21 vezes no sul do
PR, enquanto o norte teve apenas duas. Combinação de fatores justifica a
diferença, segundo agrometeorologista.

Por que é tão difícil ter geada no norte do Paraná? Especialista explica

A paisagem tradicional proporcionada pelas geadas, com camadas brancas de gelo
em superfícies externas no início dos dias, tem sido mais comum de ser observar
no inverno deste ano no Paraná, especialmente na região sul. Na região norte, no
entanto, o fenômeno quase não aparece – e dados do Sistema de Tecnologia e
Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar) confirmam isso.

Em 2025, até o dia 21 de julho, o sul do Paraná registrou geada 21 vezes. Já no
norte, onde estão cidades como Londrina e Maringá, o fenômeno apenas duas
vezes no mesmo período. Mas qual a explicação para isso?

Segundo o agrometeorologista Heverly Morais, há motivos geográficos,
topográficos e climatológicos para o norte ser notadamente mais quente do que as
outras regiões do Paraná. Assista acima.

A altitude tem grande impacto na temperatura, por exemplo. Enquanto a média das
cidades da região de Londrina está entre 500 e 600 metros, a região sul do
Paraná chega a até 1.200 metros, o que favorece a formação da geada. Segundo
Heverly, a cada 100 metros acima, a temperatura diminui aproximadamente 1ºC. Se
for abaixo, a temperatura sobe a mesma quantidade.

Apucarana, por
exemplo, tem altitude de 840 metros, também está no norte e fica a 55
quilômetros de Londrina. Conforme o Simepar, no dia 24 de junho, Apucarana teve
mínima de -4,1ºC, mesmo dia em Londrina atingiu -2,2ºC. Assim, a capital
nacional do boné carrega a fama de ser mais “gelada”.

> “Quanto maior é a altitude, maior é o frio”, a agrometeorologista detalha.

O Paraná é dividido pelo Trópico de Capricórnio. Algumas cidades do norte estão na parte superior – como Londrina e Paranavaí – enquanto outras estão no inferior – como Maringá e Umuarama. Mas todas estão perto da linha imaginária.

Quanto mais próximo ao trópico, Heverly explica que existe maior interferência
do clima tropical, que possui temperaturas mais elevadas. Quanto mais afastado,
do temperado, com estações bem definidas.

As massas polares são formadas nas proximidades dos polos da Terra, que são os
pontos mais frios devido à inclinação solar. As massas do Polo Sul passam pela
Argentina, Chile, Uruguai até chegar no sul do Brasil e, consequentemente, no
sul do Paraná.

Heverly explica que, neste movimento, o norte do estado é a última região a
receber a massa polar, que chega já “enfraquecida” e causando quedas menores nos
termômetros.

É improvável que aconteça geada somente no norte do Paraná, mas não é
impossível.

Heverly explica que bloqueios atmosféricos, como massas de ar quente e seco,
podem fazer com que uma região – ou até um estado todo – não tenha a geada,
enquanto outros estados no entorno registram o fenômeno.

Então, em um caso de bloqueio atmosférico em outras regiões do estado, o norte
pode, sim, ser o único local a ter geada. Para isso, entretanto, seria
necessária uma combinação dos fenômenos.

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