Porto de Santos: Risco de perda de cargas com taxa dos EUA; saiba mais

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Porto de Santos corre risco de perder cargas com taxa imposta por Trump; entenda

Tarifa de 50% sobre produtos brasileiros tem potencial para impactar o principal
complexo portuário do País; atualmente, Estados Unidos são o 2º maior importador
via cais santista.

1 de 8 Porto de Santos corre risco de perder cargas com taxa imposta pelos EUA —
Foto: Sílvio Luiz/A Tribuna Jornal

Porto de Santos corre risco de perder cargas com taxa imposta pelos EUA — Foto:
Sílvio Luiz/A Tribuna Jornal

A taxação de 50% anunciada pelos Estados Unidos sobre os produtos brasileiros
deve impactar negativamente as exportações a partir de 1º de agosto, data
prevista para a medida entrar em vigor. Desde já, essa possibilidade de recuo no
envio de mercadorias ao mercado americano acende o sinal de alerta no Porto de
Santos, que é o fiel da balança comercial nacional – escoa 30% do comércio internacional – e corre risco
de perder cargas se não houver solução para o impasse.

Em 2024, os EUA importaram mais de 8,1 milhões de toneladas via Porto de Santos,
atingindo R$ 12,8 bilhões. Isso equivale a 12,6% do total exportado pelo
complexo portuário, colocando os americanos atrás apenas da China, que importou
42,4 milhões de toneladas (R$ 26 bilhões e 25,5%). Os dados foram informados
pela Autoridade Portuária de Santos (APS).

Segundo a APS, os cinco principais produtos exportados aos EUA no ano passado
foram café em grãos, óleos brutos de petróleo, suco de laranja, máquinas e
implementos e carnes bovinas.

“Não há dúvidas de que a tarifa impactará o Brasil e forçará uma reorganização
das relações com outros parceiros comerciais. Neste sentido, a Autoridade
Portuária de Santos está preparada para atender a eventuais mudanças no perfil
das movimentações”, informou a APS, em nota à Reportagem.

2 de 8 EUA está entre os dez principais destinos das exportações embarcadas via
Porto de Santos — Foto: Vanessa Rodrigues/A Tribuna Jornal

EUA está entre os dez principais destinos das exportações embarcadas via Porto
de Santos — Foto: Vanessa Rodrigues/A Tribuna Jornal

BALANÇA

A gestora do principal porto brasileiro mencionou ainda que, incluindo os seis
primeiros meses de 2025, tem prevalecido um superávit a favor dos americanos.
“Se considerarmos os últimos 16 anos, segundo dados do Ministério do
Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), a vantagem comercial
chega a US$ 90 bilhões a favor dos EUA. Assim, esperamos que eles não
concretizem a ameaça (de tarifação de 50%), inclusive porque sairão perdendo”.

3 de 8 Taxa anunciada por Donald Trump acende sinal de alerta no Porto de Santos
— Foto: Alexsander Ferraz/A Tribuna Jornal

Taxa anunciada por Donald Trump acende sinal de alerta no Porto de Santos —
Foto: Alexsander Ferraz/A Tribuna Jornal

PERDAS

Segundo o advogado Emanuel Pessoa, doutor em Direito Econômico e professor da
China Foreign Affairs University, cerca de 35% das exportações brasileiras
destinadas aos EUA — estimadas em US$ 38 bilhões (2024) — passaram pelo Porto de
Santos.

“Isso representa aproximadamente US$ 13,3 bilhões em mercadorias. Com a possível
alta tarifária, projeta-se uma queda de até 25% nesse volume, o que resultaria
em uma redução de cerca de US$ 3,3 bilhões no fluxo de exportações via Santos
até dezembro”, analisou.

“Essa desaceleração prejudicará a arrecadação do Porto. Considerando uma receita
média de 0,8% sobre o valor das cargas exportadas, o impacto direto na receita
portuária pode ultrapassar US$ 26 milhões — o equivalente a aproximadamente R$
145 milhões, na cotação atual”, complementou.

4 de 8 Possibilidade de recuo no envio de mercadorias ao mercado americano
acende o sinal de alerta no Porto de Santos — Foto: Vanessa Rodrigues/A Tribuna
Jornal

Possibilidade de recuo no envio de mercadorias ao mercado americano acende o
sinal de alerta no Porto de Santos — Foto: Vanessa Rodrigues/A Tribuna Jornal

TRANSPORTE TERRESTRE

Também poderá haver recuo no transporte terrestre. “Com menos cargas partindo de
estados como Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, São Paulo, Paraná e Minas
Gerais, o volume de fretes com destino a Santos pode cair entre 10% e 18%. Isso
afetará transportadoras, cooperativas agrícolas e caminhoneiros autônomos,
especialmente nos corredores logísticos Santos-Campinas-Rondonópolis, que
concentram grande parte da movimentação de produtos agroindustriais e
frigorificados para exportação”, disse Pessoa.

O especialista afirmou também que em um cenário moderado, estima-se que até 800
empregos diretos possam ser afetados apenas no Porto de Santos, além de cerca de
2 mil postos de trabalho indiretos nas áreas de logística, segurança e serviços
gerais.

MERCADO TEME IMPACTOS

Os portos brasileiros movimentam 95% de tudo que é produzido no País. Dessa
forma, a imposição de uma taxa de importação de 50% sobre os produtos nacionais
pelos Estados Unidos impactará não só a cadeia de comércio exterior, mas as
operações portuárias e a economia doméstica.

“Qualquer alteração em alíquotas de importações gera reflexos nas atividades de
comércio exterior e com consequências nas atividades portuárias. Ainda não há
dados suficientes para avaliar os impactos econômicos e sociais”, afirmou o
presidente da Federação Nacional das Operações Portuárias (Fenop), Sérgio
Aquino.

5 de 8 Porto de Santos corre risco de perder cargas com taxa anunciada pelos EUA
— Foto: Vanessa Rodrigues/A Tribuna Jornal

Porto de Santos corre risco de perder cargas com taxa anunciada pelos EUA —
Foto: Vanessa Rodrigues/A Tribuna Jornal

Para o presidente executivo da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB),
José Augusto de Castro, a medida é uma ameaça à economia do País. “É certamente
uma das maiores taxações a que um país já foi submetido na história do comércio
internacional, só aplicada aos piores inimigos, o que nunca foi o caso do
Brasil”.

Castro receia que o anúncio dos EUA possa criar uma imagem negativa do Brasil,
gerando medo em importadores de outros países ao fechar negócios. “Quem vai
querer se indispor com o presidente Trump? Todavia, acreditamos que o bom senso
prevalecerá e a taxação será revertida”.

O diretor de Comércio Exterior da Câmara de Comércio, Indústria e Serviços do
Brasil (Cisbra), Arno Gleisner, declarou que o setor está preocupado e perplexo.
“O impacto direto nas exportações brasileiras para os EUA, se mantidas as
tarifas de 50%, será grande. O mercado americano é o maior do mundo, uma grande
diversidade de produtos importados. No caso do Brasil, serão afetados produtos
como petróleo, café, carne, açúcar, celulose, sucos, frutas, semiacabados de
aço, alumínio, aeronaves e peças”.

Gleisner disse também que o projeto Nearshoring, da Cisbra, que está em curso e
buscar ampliar negócios com parceiros comerciais próximos, poderia ser
prejudicado pela nova taxação. “O projeto prevê um forte incremento das
exportações brasileiras para os Estados Unidos”.

O executivo comentou ainda que a busca dos exportadores brasileiros por outros
mercados já existe e faz parte da rotina, porém nenhum tem potencial, pelo
tamanho e diversidade do mercado americano.

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