Portuguesa empata heroicamente com Ponte Preta após expulsões – Análise completa das estratégias e desafios enfrentados pela Lusa para conquistar o ponto em Campinas.

Opinião: organização e luta rendem empate heroico à Lusa após expulsões surreais

Com dois jogadores expulsos ainda no primeiro tempo, em lances displicentes e
evitáveis, Portuguesa conquista 0 a 0 em Campinas na base da disciplina e do
empenho.

Mesmo com dois jogadores a mais, Ponte Preta só empata com a Portuguesa
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Em menos de uma semana, dois empates de sabor totalmente distinto. No Canindé,
um 2 a 2 amargo diante do Novorizontino após ter aberto 2 a 0. Em Campinas, um 0
a 0 adocicado contra a Ponte Preta depois de sofrer duas expulsões no primeiro
tempo.

Se no “até breve” à casa lusitana faltou atenção, foco e concentração nos dois
lances capitais da segunda etapa, no estádio Moisés Lucarelli esses elementos
foram os mais importantes para a Portuguesa levar um ponto precioso à capital
paulista.

Antes de a bola rolar, o confronto diante da Ponte Preta era tratado como “de
seis pontos” para a Lusa. Afinal, as cinco primeiras rodadas são ingratas: três
adversários de Série A de Campeonato Brasileiro (Palmeiras, Mirassol e São
Paulo), um de Série B (Novorizontino) e um de Série C (justamente a Ponte
Preta).

Em teoria, a partida menos desnivelada tecnicamente para uma Portuguesa que
neste ano jogará a Série D. Sem contar que, entre esses adversários, a equipe
campineira é aquela que mais reformulou o elenco. Foram nada menos que 18
contratações.

Ou seja, tanto a equipe rubro-verde comandada pelo técnico Cauan de Almeida
quanto o time alvinegro liderado pelo treinador Alberto Valentim estão em início
de trabalho, em estágio de amadurecimento, em um campeonato curto, que não dá
tempo ou trégua.

Para o confronto, Cauan repetiu a escalação das duas primeiras rodadas. Rafael
Santos no gol; Alex Silva na lateral direita e Lucas Hipólito na esquerda;
Gustavo Henrique e Alex Nascimento no miolo de zaga; Fernando Henrique e Hudson
sendo os volantes; Cristiano com a camisa 10; no ataque, Daniel Júnior, Henrique
Almeida e Maceió.

A Ponte Preta começou o jogo tomando a iniciativa, mas logo a Portuguesa
equilibrou as ações. A equipe rubro-verde começava a ficar mais com a bola,
pisar mais no campo de ataque e criar chances de gol, uma com Hudson e outra com
Henrique Almeida.

Houve também chances do time da casa, mas nada que fizesse a balança pender para
o lado alvinegro. Era um jogo aberto, de uma Lusa organizada defensivamente e
mais incisiva no campo de ataque, até que veio a expulsão de Alex Nascimento.

O zagueiro ganhou de Jean Dias, tirou a bola da área lusitana e ia carregando
para a lateral. Sem perigo, sem riscos. Tendo opções para tirar a bola dali. Na
disputa, acabou levando o cotovelo ao rosto do pontepretano. Falta clara. Para
cartão. Vermelho. Uma jogada de displicência, falta de equilíbrio, até certa
irresponsabilidade.

Aos 30 minutos, Cauan foi obrigado a mexer. Sacou o centroavante Henrique
Almeida, até aqui discretíssimo no ataque rubro-verde, e colocou o zagueiro
Maurício. Manteve a organização defensiva e passou a contar, em vez de três, com
dois na frente. Beiradas.

A Portuguesa não sentiu tanto o baque, nem se bagunçou em campo. Mesmo com um a
menos, ainda construiu duas chances. Uma com Cristiano e outra com Daniel
Júnior. O jogo se encaminhava ao intervalo equilibrado, parelho, de igual para
igual.

Só que, faltando poucos instantes para o fim da primeira etapa, uma nova cena de
displicência, imaturidade e até certa irresponsabilidade surpreendeu a todos.
Maceió foi flagrado exibindo o dedo do meio em direção ao banco de reservas da
Ponte Preta.

O VAR não deixou dúvidas. Expulsão é o que recomenda a comissão de arbitragem.
Tem acontecido no futebol brasileiro. Seja mostrando o dedo, as partes íntimas,
o que for. Seja à arbitragem, ao adversário ou à torcida. Não há muito que
argumentar.

Torcedores da Portuguesa se despedem do Canindé antes da reforma
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Claro que o atacante luso deve ter reagido a alguma provocação. Cauan disse, na
coletiva, que ele reagiu a uma brincadeira do ex-lusitano Victor Andrade,
reserva pontepretano. Só que hoje, com tantas câmeras e tantos casos, não dá
para agir assim.

Maceió pagou pelo risco seríssimo que criou. Se por cabeça quente ou
ingenuidade, prejudicou a si e à Portuguesa. Tal qual Alex Nascimento. As
expulsões, àquela altura, praticamente tiravam do clube as chances de sair de
Campinas com três pontos.

Vale registrar aqui uma revolta da torcida lusitana: ter visto na mesma rodada,
na mesma noite, só que na Vila Belmiro, o palmeirense Naves fazer o mesmo gesto
à torcida santista e não ter sido expulso. Não faz com que Maceió deixe de ser
passível de expulsão, mas coloca na cabeça do público a dúvida: dois pesos e
duas medidas?

Enfim, o segundo tempo trouxe outro jogo entre Portuguesa e Ponte Preta. A
equipe da casa explorou muito o jogo pelas beiradas, sobretudo o lado direito,
que é o esquerdo da defesa rubro-verde. Em parte porque ali havia o zagueiro
reserva, Maurício, em parte porque Valentim deve ter visto as dificuldades
defensivas de Hipólito nos outros jogos.

Mas o que se viu no Moisés Lucarelli foi uma Lusa extremamente organizada
defensivamente, com o volante Tauã reforçando a marcação no lugar do atacante
Daniel Júnior. Uma equipe que correu por duas e esbanjou concentração, suor e
dedicação.

A Ponte Preta enfrentou sérias dificuldades para entrar na área rubro-verde. Os
chutes a gol vinham, na maioria das vezes, de fora. Para um time que jogou um
tempo inteiro com dois atletas a mais, criar três chances de mais perigo foi
muito pouco.

Foram duas cabeçadas mais incisivas após chuveirinho à área. Uma de Jean Dias,
para fora, e outra de Danrlei, a queima-roupa, exigindo ótima defesa de Rafael
Santos. Falando no goleiro, um desvio providencial dele impediu o sucesso da
outra oportunidade, um chute a longa distância do meia Serginho.

Já do lado lusitano, claro, o foco foi defensivo. Mas não só. Cristiano, no
começo do segundo tempo, teve uma chance de ouro. Cara a cara com o goleiro
Diogo Silva. Finalizou mal. Teria sido um gol apoteótico, dadas as
circunstâncias. Um pecado.

Circunstâncias essas que foram suficientes para, ao apito final de Edina Alves,
fazerem explodir a torcida da Portuguesa. Festa de vitória. Afinal, esse foi o
significado desse ponto precioso. Ponto que protagonizou a primeira cena de
sinergia time/torcida nesse Paulistão. Algo simbólico, mas que pode significar
uma virada de chave na relação.

É preciso, internamente, lidar com seriedade com as posturas de Alex Nascimento
e Maceió. Também será necessário, em curto espaço de tempo, encaixar as
reposições para enfrentar o Mirassol, fora de casa, no próximo domingo (26). Uma
pedreira.

Pragmaticamente falando, é uma pena a Lusa não ter somado mais de dois pontos
nessas duas últimas rodadas. Mereceu. Só que esse empate em Campinas, se bem
gerido por comissão técnica, elenco e torcida, pode ser um combustível e tanto.

Um quarto da primeira fase do Paulistão já se foi. É preciso não só pontuar, mas
vencer. Merecendo a Portuguesa já está. É vital para premiar, aliviar a tensão e
energizar para a sequência. Que esse empate, com sabor adocicado, seja o
empurrão que falta.

*Luiz Nascimento, 32, é jornalista da rádio CBN, documentarista do Acervo da
Bola e escreve sobre a Portuguesa há 15 anos, sendo a maior parte deles no ge.
As opiniões aqui contidas não necessariamente refletem as do site.

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