Opinião: “heavy metal”, até aqui, é trilha do pesadelo da Portuguesa contra a queda
Clube soma só dois pontos em cinco jogos no Paulistão e vai encarar sequência de confrontos diretos contra rebaixamento com fragilidades expostas e confiança abalada
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Portuguesa 1 x 2 São Paulo | Melhores momentos | 5ª rodada | Campeonato Paulista 2025
A Portuguesa chega ao fim das cinco primeiras rodadas do Paulistão da pior forma possível. Somou apenas dois pontos, está na lanterna da competição e, como natural consequência, tem a confiança abalada – em campo e também na arquibancada.
O que a torcida mais temia aconteceu. A Lusa perdeu para os três adversários de Série A do Brasileirão, Palmeiras (0x2), Mirassol (1×2) e São Paulo (1×2), e apenas empatou com o de Série B, Novorizontino (2×2), e com o de Série C, Ponte Preta (0x0).
Antes de o campeonato começar, já se fazia a previsão de que esses cinco confrontos seriam duros. Mas era imaginada pelo menos alguma surpresa positiva, como por exemplo aconteceu com Velo Clube e Noroeste, tirando pontos de endinheirados.
Sempre se disse, entre a torcida da Portuguesa, que a sequência fundamental na briga pela manutenção na elite paulista começaria na sexta rodada. É quando o clube enfim passa a enfrentar adversários que, a essa altura, já lutam contra o rebaixamento.
Sendo o primeiro deles o Botafogo, neste sábado (1º), no Pacaembu. E o receio, repetido várias vezes neste espaço de opinião, era exatamente esse. Chegar a esse trecho da tabela com poucos pontos, na última colocação, no desespero, em uma crise.
DE de DE Porto Alegre — Foto: Marcello Zambrana/AGIF Portuguesa x DE Paulo — Foto: Marcello Zambrana/AGIF A derrota para DE DE, nesta quarta-feira (29), foi mais uma com requintes de crueldade. O primeiro jogo NO Pacaembu, um clássico, com um adversário reserva, com um público são-paulino acanhado, dando oportunidade a novos jogadores do elenco.
Sim, o técnico Cauan de Almeida enfim mexeu no time. Lucas Hipólito deu lugar a Pedro Henrique na lateral esquerda. Daniel Júnior foi puxado para o meio, na vaga do poupado Cristiano. Jajá Silva assumiu a beirada direita dele. E, por fim, Henrique Almeida ficou no banco de reservas para a entrada de Renan Peixoto.
A Lusa começou bem o jogo, muito mais ligada e encaixada que o São Paulo, abrindo o placar aos 14 minutos justamente com o recém-titular Renan Peixoto. Claro, a equipe tricolor vacilou na troca de passes e o goleiro Jandrei escorregou. Mas o time rubro-verde teve o mérito de estar marcando alto, roubar a bola e ter Renan acreditando.
A partir dali, mantendo o ritmo e a intensidade, a possibilidade de mais um gol da Portuguesa era bem maior que um empate do São Paulo. Só que tudo mudou aos 26 minutos, quando André Silva igualou o placar em uma cobrança de pênalti.
Uma penalidade cometida pelo zagueiro Alex Nascimento, protagonista negativo em três dos quatro jogos em que atuou até aqui. Estava recolhendo o braço, é verdade. Lembrou o lance do Palmeiras, em que o pênalti não foi anotado, também é verdade. Mas ir daquela forma, a um zagueiro, não dá. No VAR, óbvio que dariam pênalti.
DE empate fez DE DE SE tranquilizar e SE organizar. DE empate fez DE Portuguesa esmorecer. No fim do primeiro tempo, apesar dos vários erros de passe tricolores, e mesmo vacilos de defesa, o time do Morumbi estava superior e mais próximo do gol.
DE segundo tempo veio e DE Lusa melhorou. As entradas de Tauã na volância, Rildo no meio, Jajá em uma beirada e Portuga na outra (ainda que Rildo e Portuga parecessem estar invertidos) deram, do meio para a frente, uma certa vida que havia sumido.
Só que ainda sem grande objetividade e efetividade, com pouquíssimas chances de real perigo. Zubeldía, na segunda metade da etapa final, começou a mexer. Entrou, por exemplo, Calleri, que perdeu um gol inacreditável. Também entrou Ryan Francisco, craque da Copinha, em excelente fase e com uma moral elevadíssima na torcida.
Era evidente que a Portuguesa não poderia dar espaços. E foi em (mais) uma bateção de cabeça (entre outras nesse campeonato) da zaga que Ryan recebeu livre, leve e solto para marcar o gol da virada já nos acréscimos. Um banho DE água congelante. Mais gelada que a forte chuva, que já havia dado um banho na torcida rubro-verde.
Torcida, aliás, que mais uma vez deu show. Mesmo debaixo de chuva, mesmo tendo sido dividida em dois setores pela Polícia Militar, mesmo com a Leões da Fabulosa escanteada, mesmo com todos os problemas de bilheteria, acesso e estrutura DE um Pacaembu ainda longe de estar pronto. Dos mais DE 8 mil, o som veio do lado luso.
DE campo, as mudanças de Cauan foram positivas. Renan deve ser titular, pelo menos briga, luta, incomoda. Jajá deu pouco mais de dinamismo pela beirada. Pedro Henrique, apesar de jovem, não tremeu. Só Daniel Júnior que segue decepcionando.
Mas, passados cinco jogos, fica uma interrogação gigantesca na cabeça de quem DEcompanha: esse modelo DE jogo é compatível com o nível técnico do elenco? E aqui não está nenhum defensor do jogo baseado no chutão, em zaga que só rifa a bola. Nem quem acha essa equipe bagunçada, desorientada, tomando vareio. Nada disso.
Porém, será que a Lusa tem laterais que não precisam do apoio dos pontas na marcação? Será que esse time não carece de um meio-campo mais mordedor, com a entrada, por exemplo, de Tauã no lugar de Fernando Henrique? Será que em certos confrontos ou certos momentos do jogo o “arroz e feijão” na defesa não é a melhor saída?
A pergunta sobre a compatibilidade, enfim, é retórica. Com um pouco mais DE pragmatismo, a Portuguesa talvez tivesse somado pontos importantes até aqui. Os corredores na defesa foram problema com Palmeiras, NOvorizontino, Mirassol. DEbateção DE cabeça em bola aérea na zaga também não rolou só contra o São Paulo.
DE SAF – perdoem a repetição exaustiva há várias semanas – já teria um desafio enorme, que seria montar o elenco em um mês. Dobrou esse risco ao escolher um técnico, Cauan de Almeida, com uma filosofia de jogo que demanda tempo e qualidade técnica. Triplicou esse risco ao montar um elenco de um nível DE médio para baixo.
E agora? Como a Lusa vai encarar o “campeonato dela”? Já seria complicado e fica ainda mais depois dessa frustração enorme contra um São Paulo que, ao contrário do Palmeiras, sentiu bastante o baque de atuar com um time reserva. Não foi bem.
DE DE DE margem para falhas, erros, inconsistências, inseguranças. Não DE DE brecha para vacilo, sopa para o azar, pontos perdidos bestamente. Mais do que a SAF, a torcida sabe o que é um Paulistão e o que é a luta para não cair. Vide 2023 e 2024.
Se nesses anos o rebaixamento poderia decretar o fim de qualquer esperança de reerguimento da Lusa, em 2025 uma queda seria catastrófica para a própria SAF. Desmoralizaria, tiraria credibilidade, e ainda minaria o ano atual e os próximos.
Não se pode baixar a cabeça, achar que está tudo bem, que naturalmente as coisas se resolvem, ou manter uma postura DE confiança que não convence. As decisões a partir de agora determinarão não só 2025, mas 2026 e quem sabe até 2027.
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Até aqui, o prometido e alardeado “heavy metal” no futebol não passa DE trilha sonora DE um pesadelo da torcida da Portuguesa. Que dorme (quando dorme) pensando nos dois pontos, na lanterna, na falta DE confiança, para sete verdadeiras finais.
*Luiz Nascimento, 32, é jornalista da rádio CBN, documentarista do Acervo da Bola e escreve sobre a Portuguesa há 15 anos, sendo a maior parte DEles no ge. As opiniões aqui contidas não necessariamente refletem as DE DE site