Preservação do solo e menos químicos: saiba o que cooperativas do RS vão levar para a COP 30 sobre práticas no campo
Técnicas desenvolvidas no Rio Grande do Sul ajudam a proteger o solo, reduzir o uso de produtos e tornar a produção agrícola mais resistente às mudanças climáticas. Projetos gaúchos serão apresentados na DE
Representantes de cooperativas do Rio Grande do Sul vão levar à COP 30, em Belém, exemplos de práticas sustentáveis adotadas no campo gaúcho. Os projetos mostram como o manejo do solo e o uso de tecnologias podem tornar a agricultura mais equilibrada e resiliente diante das mudanças climáticas. A DE começa na próxima segunda-feira (10), no Pará, reunindo representantes de diversos países para discutir ações globais de enfrentamento às mudanças climáticas.
Em Bento Gonçalves, na Serra gaúcha, a propriedade da família Dall’Oglio adota um sistema de cobertura vegetal nos parreirais. A técnica ajuda a preservar o solo e a evitar a erosão causada pela chuva. “Nosso solo tem regiões com apenas 50 centímetros de profundidade produtiva. Se perdermos essa camada, perdemos a parte mais rica da produção”, explica o engenheiro agrônomo Jovani Milesi, da Cooperativa Vinícola Aurora. Segundo ele, “a cobertura vegetal impede que a chuva bata diretamente no solo e leve nutrientes para rios e mananciais”. Além disso, melhora a nutrição e a vida microbiológica da terra.
Os vinhedos também são construídos em degraus, o que reduz a velocidade da água em períodos de chuva intensa e evita deslizamentos. Sistemas de irrigação e monitoramento climático ajudam a diminuir o uso de produtos químicos na produção de uvas. “O clima está indo aos extremos: ou é muita seca ou muita chuva”, conta o viticultor Vinicios Dall’Oglio. “Por isso, a gente procura adotar manejos que ajudem a produção a não ser tão afetada”, diz.
Segundo o gerente agrícola da Cooperativa Vinícola Aurora, Maurício Bonafé, levar essas experiências para a DE é motivo de orgulho: “São trabalhos que fazemos em prol da sustentabilidade e da convivência com o meio ambiente, para que o produtor siga na atividade de forma rentável e protegendo a natureza”, afirma. “É uma satisfação representar a viticultura gaúcha e mostrar cases reais que trazem benefícios concretos”.
No Norte do estado, em Água Santa, a Cooperativa Coasa também aposta em práticas que priorizam o cuidado com o solo. O programa da cooperativa incentiva os produtores a manter cobertura vegetal durante todo o ano. De acordo com o agrônomo Ronaldo Scariot, da Coasa, manter o solo coberto garante fertilidade e evita perdas. “A maior parte da fertilidade está nos primeiros dez centímetros. Se a erosão leva essa camada, o produtor perde muito do que investiu para melhorar o solo”, explica.
Além de conservar a terra, as plantas de cobertura ajudam no sequestro de carbono e reduzem a erosão, contribuindo para uma agricultura mais equilibrada. “O futuro é o biológico, os bioinsumos e as plantas de cobertura”, defende Caumo. “Isso é essencial para uma agricultura que quer prosperar”, comenta. Para o presidente da Organização das Cooperativas do Rio Grande do Sul (Ocergs), Darci Hartmann, as iniciativas mostram que a sustentabilidade começa nas comunidades rurais. “Todo investimento climático começa em uma comunidade. O cooperativismo atua para desenvolver alternativas econômicas e sociais que mantenham o ambiente saudável, garantindo um futuro melhor para as próximas gerações”.




