Preço dos Ovos de Páscoa sobe 21% e pesa no bolso dos consumidores

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Com o aumento da inflação, a tradicional troca de ovos de chocolate nesta Páscoa pode ser menos acessível para muitos. O preço médio dos ovos subiu significativamente em relação ao ano passado, e os consumidores buscam alternativas criativas para não deixar a data passar em branco.

O costume de presentear com ovos de chocolate remonta ao século XVIII na França, mas, assim como na época, o produto continua restrito àqueles que podem arcar com os altos custos. De acordo com pesquisa do site Buscapé, o preço médio dos ovos aumentou 21% em comparação com 2024, passando de R$ 94 para R$ 114. As opções mais baratas também sofreram acréscimos: o menor preço registrado subiu 24%, alcançando R$ 36.

Apesar do aumento geral, o maior preço encontrado teve uma redução de 29%, o que pode refletir alterações nas estratégias de vendas ou mudanças no portfólio de produtos de algumas marcas.

Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Chocolates (Abicab), a previsão é que 45 milhões de ovos de Páscoa sejam vendidos em 2025, embora a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) estime uma leve queda de 1,4% nas vendas, o que representa um total de R$ 3,36 bilhões para o setor.

Fatores que explicam o aumento

O aumento no preço dos ovos de Páscoa está diretamente relacionado ao custo dos insumos utilizados na produção, como cacau e açúcar, que passaram por valorizações expressivas. Embora o preço do açúcar refinado tenha caído 1% neste ano, o aumento acumulado nos últimos cinco anos superou 80%. O chocolate em barra, por exemplo, subiu 16% em relação ao ano passado, e os bombons ficaram 12% mais caros.

O analista Antônio Sanches, da Rico, aponta que eventos climáticos afetaram a produção agrícola, com consequências no preço dos insumos. “A escassez de chuvas em algumas regiões e o excesso em outras impactaram diretamente os custos de vários produtos alimentícios”, afirma.

A inflação também tem desestimulado o consumo, o que leva muitos consumidores a buscar alternativas mais acessíveis, como barras de chocolate ou ovos caseiros. “É importante avaliar o valor dessa tradição e optar por alternativas mais em conta, se possível”, sugere Sanches.

Influência do dólar e da logística

Outro fator que contribui para o aumento do preço é a alta do dólar. Mesmo com produtos fabricados no Brasil, muitas matérias-primas, como o cacau, são importadas. O aumento do valor da moeda e os custos de logística, como frete e energia, pressionam os preços para cima, como explica Américo José, da Cherto Consultoria.

Além disso, a demanda por chocolate segue crescente mundialmente, o que reduz a oferta e mantém os preços elevados. “Há mais consumidores e menos produtos disponíveis no mercado, o que tem impulsionado o aumento dos preços”, afirma o consultor.

Estratégias publicitárias e dicas para o consumidor

Com a alta dos preços, as marcas de chocolates têm intensificado suas estratégias publicitárias, oferecendo brindes colecionáveis ou relançando sabores nostálgicos para atrair os consumidores. Leopoldo Jereissati, da All Set Comunicação, destaca que essas táticas visam não apenas aumentar o valor percebido pelos consumidores, mas também incentivá-los à recompra.

Para os consumidores que não querem abrir mão da tradição, Fábio Bentes, economista-chefe da CNC, aconselha a compra antecipada e a pesquisa de preços, especialmente em atacarejos ou pela internet, para encontrar melhores ofertas. “É importante ajustar o orçamento e não se endividar para manter a tradição, considerando o cenário econômico e o aumento das taxas de juros”, conclui.

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