Prefeito eleito de Goiânia garante solução para falta de leitos de UTI: ‘Estamos assumindo essa conta’

Mabel diz que falta de leitos de UTI em Goiânia foi causada por falta de pagamento a hospitais e garante que vai solucionar problema: ‘Estamos assumindo essa conta’

Goiânia tem mais de 3 leitos de UTI a cada 10 mil habitantes, mais que o indicado como ideal pela OMS. Secretário de estado diz o problema é a falta de manejo adequado nas UPAs e CAIS

1 de 2 Sandro Mabel (União Brasil) eleito prefeito de Goiânia em 2024 — Foto: Diomício Gomes/O Popular

Sandro Mabel (União Brasil) eleito prefeito de Goiânia em 2024 — Foto: Diomício Gomes/O Popular

O prefeito eleito, Sandro Mabel (UB), afirmou que a falta de leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) em Goiânia foi causada por falta de pagamento aos hospitais que disponibilizam leitos para a capital, que não tem hospital próprio. Na última semana, pelo menos quatro pessoas morreram aguardando vaga de UTI. Em reunião com o setor e com o Governo de Goiás, garantiu que ao assumir a prefeitura, também assumirá a conta.

“Nós estamos assumindo essa conta. Não é mais do prefeito Rogério, passa a ser nossa, da nossa gestão”, disse Mabel durante a reunião.

Ele se reuniu com os secretários de Saúde, Rasível dos Reis (estadual) e Wilson Pollara (municipal), vereadores e representantes de hospitais nesta segunda-feira (25). Segundo Mabel, a intenção foi negociar o valor dos leitos para que eles continuem funcionando neste ano e garantir ao setor que receberá em dia a partir de janeiro. Ele também afirmou que a dívida será paga, mas não especificou o total em aberto ou um prazo para o pagamento.

“Nós vamos pagar a conta, estamos estabelecendo novos preços, um preço de guerra, nós pedimos para os hospitais que pudessem fazer um preço especial. O estado se comprometeu a repassar esse dinheiro para ajudar a gente e nós nos comprometemos a repassar imediatamente [aos hospitais]”, disse Mabel em coletiva de imprensa.

A diária de uma UTI para adulto custa R$ 600,00 na tabela da rede do Sistema Único de Saúde (SUS), de acordo com o Ministério da Saúde. Segundo o secretário municipal, a prefeitura para R$ 1.100 para manter cada UTI nos hospitais particulares. Mabel disse que a negociação quer aproximar o valor ao da tabela SUS.

“O que nós queremos garantir para os fornecedores é que, a partir de primeiro de janeiro, junto com o estado, mesmo o que vai ser faturado em dezembro, nós vamos pagar. Eles podem voltar a trabalhar dentro de uma normalidade. […] Preciso de uma redução de preço. Mais serviço com menos dinheiro”, disse Mabel.

Ele ainda reiterou a parceria com o Governo Estadual, que deve auxiliar nos pagamentos, e anunciou que vai pedir recursos destinados à saúde também para o Governo Federal.

ATENDIMENTO EM UPAS E CAIS

Mais um paciente morre em Goiânia por falta de leito de UTI

Em Goiânia, há 112 leitos contratados, sendo que 20 destes estão bloqueados por falta de pagamento, segundo o secretário municipal. Pollara explica que a distribuição dos pacientes nesses leitos depende também da doença e da “caracterização dos hospitais, o que eles são capazes de fazer e o que eles não são capazes. Você não pode mandar um paciente para um lugar onde não tem recurso para se atender”. Como exemplo, disse que não é efetivo levar um paciente cardíaco a um hospital que não tenha hemodinâmica.

A Organização Mundial de Saúde pontua que a relação ideal de leitos de UTI é de 1 a 3 para cada 10 mil habitantes. Em Goiânia, segundo o secretário estadual, esse número é maior que 3. Sobre isso, Rasível explica que as vagas seriam suficientes se houvesse manejo adequado do paciente na atenção primária, nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e Centro de Atenção Integrada à Saúde (CAIS). Ele explica que por esse motivo há o agravamento dos doentes e consequentemente a necessidade de mais leitos.

“O tempo médio de permanência dos pacientes têm ficado mais longo e os leitos estão ficando insuficientes. Mesmo tendo um volume de leitos superiores estabelecidos, a gente ainda tem tido dificuldade de conseguir vaga para os pacientes que estão aguardando nas UPAs e nos CAIs”, disse. O secretário estadual ainda explicou que, para resolver esse problema, menos pacientes deveriam escalar na doença, ainda no atendimento base.

“Atender o paciente antes dele agravar é muito mais custo efetivo e reduz complicações, torna o giro do leito mais efetivo, ou seja, passar mais pacientes naquele leito, naquele mesmo período”, disse Rasível.

MORTES À ESPERA DE UTI

2 de 2 Severino Santos, Katiane Silva e Janaína de Jesus morreram em Goiânia — Foto: Reprodução/TV Anhanguera e Reprodução/Redes sociais

Severino Santos, Katiane Silva e Janaína de Jesus morreram na última semana enquanto aguardavam vagas para Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em Goiânia. As famílias relataram que lutaram na Justiça para conseguir atendimento adequado, mas o serviço de saúde pública não forneceu a tempo.

“A gente se sente abandonado. A gente lutou tanto. Todo dia a gente estava lá visitando ele, levando as coisas que precisava, que eles pediam. E para nada. A gente tentou, a gente não parou. E, no fim, aconteceu isso”, desabafou a prima de Severino Santos, Lúcia Cleide Leão.

No caso de Severino Santos, a Justiça determinou, um dia antes de sua morte, que o serviço público estadual ou municipal o transferisse para um leito de UTI em até quatro horas. Caso não houvesse vaga disponível na rede pública, a decisão judicial estabelecia que o paciente fosse transferido para um hospital privado, com os custos cobertos pelo SUS. A Justiça fixou uma multa de R$ 5 mil por hora de descumprimento, limitada a R$ 50 mil. No entanto, a decisão não foi cumprida.

O técnico de informática Luiz Felipe Figueiredo da Silva, de 30 anos, também morreu enquanto esperava por uma vaga. À reportagem, a esposa dele, Lavínia Celice da Silva, contou que o marido morreu três dias depois que a vaga foi solicitada, mas sem conseguir o leito. No documento, é explicado que Luiz havia tido crises convulsivas e que a vaga na UTI seria para o tratamento de meningite.

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Daniel Silveira agradeceu a liberdade em igreja antes da nova prisão

Daniel Silveira Agradece a Liberdade em Igreja Antes da Nova Prisão

O ex-deputado Daniel Silveira teria ido a igreja agradecer a liberdade da prisão um dia antes de ser preso novamente. A informação foi dada pelo advogado Paulo Faria, que cuida do caso envolvendo o político condenado por ameaça a democracia.

“A todos que torceram pela liberdade de Daniel Silveira, saibam que ele está feliz em família. Falei com ele hoje, foi à igreja agradecer a ‘liberdade’, e vai curtir a família. Muito obrigado por tudo, e pelas orações. Falo em nome da esposa, filhas, mãe e irmã”, escreveu seu advogado nas redes sociais.

Daniel Silveira foi preso novamente na madrugada do dia 22 de dezembro, após descumprir medidas cautelares impostas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes. Ele havia sido solto na última sexta-feira, 22, após uma decisão que convertia a prisão em condicional após o entendimento de que ele já havia cumprido uma parcela significativa da pena.

Segundo o STF, o ex-deputado teria usado uma ida ao hospital para desrespeitar o toque de recolher, previsto para as 22h. Silveira teria ficado no local até 0h30, mas voltou para casa apenas as 2h da manhã.

“O sentenciado demonstrou, novamente, seu total desrespeito ao poder judiciário e à legislação brasileira, como fez por, ao menos, 227 (duzentas e vinte e sete) vezes em que violou e descumpriu as medidas cautelares diversas da prisão durante toda a instrução processual penal”, disse Moraes na decisão.

Daniel Silveira estava preso desde 2 de fevereiro de 2023, após ser condenado a oito anos e noves meses de prisão por ameaçar o Estado Democrático de Direito e coagir o andamento do processo, ganhando progressão de regime fechado para semiaberto.

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