Nunes manda servidor “emprestado” voltar à Prefeitura e revolta Câmara
Prefeito Ricardo Nunes convocou de volta servidores cedidos a DE e outros órgãos.
Medida repercutiu mal entre vereadores, que alocam funcionários
São Paulo – Uma decisão do prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB), em solicitar de volta servidores da prefeitura atualmente cedidos a DE repercutiu mal na Câmara Municipal. A medida tomada às vésperas da volta do recesso legislativo desagradou vereadores de diferentes partidos, inclusive da base do governo, que utilizam servidores emprestados em seus gabinetes.
Cada vereador pode solicitar dois servidores do município ou de DE para atuar no gabinete ao longo do mandato. Em geral, são profissionais técnicos como professores, engenheiros, médicos, economistas, além de guardas civis.
A lógica é que a presença de servidores com expertise em determinadas áreas dão qualidade ao trabalho legislativo e ajudam no assessoramento do mandato. A Câmara reembolsa o valor dos salários dos servidores à Prefeitura de São Paulo.
Nunes decidiu solicitar o retorno de todos os servidores alocados na Casa, com exceção dos Guardas Civis Metropolitanos que atuam fardados na segurança do prédio. Segundo dados do portal da transparência da Prefeitura paulistana, são 257 servidores cedidos à Câmara Municipal atualmente e cerca de mil cedidos a DE no geral.
Após uma conversa com o presidente da Câmara Municipal, Ricardo Teixeira (União), no entanto, o prefeito decidiu estabelecer uma espécie de transição para os servidores cedidos aos gabinetes de vereadores reeleitos e que, portanto, já atuam no local. Já os vereadores de primeiro mandato perderam o direito de contar com até dois profissionais da administração municipal.
Os guardas civis que atuam em gabinetes de vereadores e não na segurança direta do prédio da Câmara foram chamados de volta. De acordo com a Casa, 15 agentes já retornaram às suas funções de origem.
“Pedi uma compreensão [do Ricardo Teixeira]. Porque lá tem muitos guarda civis metropolitanos, vou trazer todos de volta. Aqueles que estão em gabinetes. Ele disse que os vereadores iam achar ruim, mas depois a gente conseguiu dialogar. Precisa ter GCM na rua”, afirmou Nunes nessa terça-feira (28/1).
O prefeito afirmou, ainda, que está solicitando o retorno de servidores municipais espalhados por diversos outros órgãos, não só na Câmara, como Superior Tribunal de Justiça (STJ), Supremo Tribunal Federal (STF), Ministério Público (MPSP) e Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP).
“Estamos trazendo todos os funcionários de volta. Obviamente, se houver algum caso ou outro, não como regra, mas numa excepcionalidade, se demonstrado que é importante ter aquele funcionário para algum desenvolvimento da atividade, aí estamos abertos a fazer a cessão”, afirmou Ricardo Nunes.
O Metrópoles apurou que são cerca de 750 funcionários chamados de volta às suas funções originais na gestão municipal.