A Prefeitura de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, contratou 58 candidatos a vereador derrotados na última eleição municipal, em 2024. O número é mais do que o dobro de vereadores eleitos, já que a Câmara de Nova Iguaçu tem 23 parlamentares. O levantamento indica que no município é mais fácil sair empregado de uma campanha a vereador perdendo do que ganhando a eleição.
Na última quinta-feira (24), o RJ2 mostrou que funcionários do município cumpriam expediente em suas empresas no horário que deveriam estar na função pública. Após a reportagem, a Prefeitura de Nova Iguaçu informou que dois servidores foram exonerados. Os 58 candidatos a vereador que ganharam cargos públicos estão espalhados por diversos cargos da administração municipal. Os salários variam de R$ 1.670 a R$ 9.240 mil. O gasto mensal com esses servidores gira em torno de R$ 185 mil. Por ano, a prefeitura vai pagar R$ 2,5 milhões com aqueles que não foram escolhidos pelos eleitores, mas foram contratados pelo prefeito Dudu Reina.
Uma das servidoras exoneradas é Roselene Santos Santana Fonseca, a Rose Poder. Apesar da carga horária puxada, ela também é funcionária do município, onde atua como assessora de gabinete na prefeitura, com um salário de R$ 2 mil. Na eleição para prefeito, em 2024, ela fez campanha para o candidato Dudu Reina, do Partido Progressista. Ele acabou eleito e Rose ganhou um emprego. Na quinta-feira, o RJ2 também mostrou o caso de outros candidatos a vereador aliados ao prefeito que estão nomeados na prefeitura.
Marcelo Silva de Almeida é dono de um restaurante no município. Já Marlon Claudino Contaefer dos Santos, que é conhecido como Duduzão, trabalha com adesivação de carros. Duduzão admitiu que passa o dia todo na sua própria empresa. Na folha de pagamento da prefeitura, ele aparece como assessor de governo e recebe R$ 2,7 mil. Rose, Duduzão e Marcelo foram exonerados de seus cargos públicos após a exibição da reportagem no RJ2.
Em nota, a Prefeitura de Nova Iguaçu informou que vai instaurar uma sindicância para apurar faltas sem justificativa legal ao trabalho. A investigação também pretende apurar todos os casos de servidores que não estejam cumprindo a jornada de trabalho de forma regular. Os trabalhos já começaram, segundo o município, que também informou que o responsável pelo controle de pontos será substituído.