Prefeitura de Parintins aumenta fiscalização e proíbe transporte de pessoas em triciclos motorizados
Proibição aconteceu após aumento de mortes no trânsito e medida gerou revolta entre os trabalhadores da categoria.
Transporte característico de Parintins, triciclos ganham cores e enfeites dos bois Caprichoso e Garantido. — Foto: Patrick Marques/DE AM
Com o crescimento dos casos de acidentes e mortes no trânsito nos últimos anos, a Prefeitura de Parintins e a Empresa Municipal de Trânsito e Transportes (EMTT), decidiram proibir o transporte de pessoas em triciclos motorizados nas ruas da Ilha. A medida gerou revolta entre os trabalhadores da categoria.
A proibição afeta diretamente a categoria dos triciclos motorizados, popularmente conhecidos como “carrocinhas” ou “motocar”, que agora estão proibidos de transportar passageiros. De acordo com a EMTT, conforme o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), esses veículos devem realizar apenas o transporte de cargas.
Os trabalhadores, muitos oriundos do trabalho com triciclos tradicionais puxados pela força humana, afirmam que a medida compromete a única fonte de renda deles. Eles ressaltam a importância do trabalho para o município, com a realização de serviços para pequenos comerciantes e produtores rurais, além de atraírem turistas que visitam a Ilha e desejam conhecer a cidade neste típico veículo regional.
Os trabalhadores enfatizam ainda que não são responsáveis pelo aumento dos casos de acidentes e mortes na cidade.
“Nós estamos sendo perseguidos pelos fiscais de trânsito. A gente sabe que eles estão fazendo o trabalho deles, mas nós estamos sendo prejudicados porque nós somos pais de família e nós dependemos desses veículos para trabalhar”, disse o autônomo Francenildo Costa.
O autônomo Roney Oliveira, que também faz parte da categoria, ressaltou a contribuição dos triciclos motorizados para a economia da cidade.
“Nós cumprimos uma função importante para o município de Parintins, que é fazer o transporte da mercadoria dos pequenos comerciantes, dos agricultores, das pessoas de baixa renda que vêm pra cidade. Então, a gente, de alguma forma, tem um impacto muito grande para a economia do município, para ajudar essas pessoas que necessitam do nosso serviço”, enfatizou Roney.
O diretor-presidente interino da EMTT, Ricardo Cohen, informou que o município não está proibindo a categoria de trabalhar, mas que apenas não podem mais transportar passageiros.
“Nós estamos proibindo eles de carregarem pessoas, que de acordo com o Código de Trânsito, é proibido. Com carga não tem problema nenhum eles trabalharem, a nossa preocupação é eles carregarem pessoas em um veículo que não é adequado para o transporte de pessoas”, disse o diretor-presidente.
Nos próximos dias, a Prefeitura e a categoria devem se reunir para discutir a questão.
Um levantamento feito pelo Observatório Nacional do Trânsito, divulgado em janeiro deste ano, apontou um aumento significativo no número de acidentes e mortes no trânsito de Parintins.
Em 2023, foram registrados 1.745 acidentes de trânsito, com 11 óbitos. Já em 2024, o número subiu para 2.409 acidentes, com 19 óbitos, representando um aumento de 38% no número de acidentes e 72% no número de mortes.
Sobre o aumento dos casos de acidentes mortes no trânsito, os motoristas de triciclos motorizado ressaltam que são raros os casos envolvendo o modal em que atuam.
“A maioria dos acidentes aqui em Parintins são pessoas que ficam na rua bebendo, ficam embriagadas, aí ocorrem os acidentes e mortes. Mas você não vê acidente com carrocinha, é difícil”, comentou o autônomo Rodrigo Batista.
O autônomo Adriano Fernandes, que trabalha há 6 anos com triciclo motorizado, pediu diálogo com a Prefeitura.
“O prefeito, a EMTT tem que ver que nós precisamos, nós somos pais de família. Todos aqui querem receber o povo que vem pra Parintins, não só os turistas, mas o povo que vem do interior e os ribeirinhos que também precisam do nosso serviço”, afirmou.