RP Mobi e Prefeitura de Ribeirão Preto rompem contratos com empresa suspeita de envolvimento com PCC
Acordos foram cancelados antes de megaoperação desencadeada na semana passada. As investigações indicam que o BK Bank, que fica no Jardim Paulista, movimentou R$ 46 bilhões.
Prefeitura de Ribeirão Preto mantinha contrato com banco suspeito de lavar dinheiro para o G1
A Prefeitura de Ribeirão Preto (SP) mantinha pelo menos dois contratos com o BK Bank nas áreas de saúde e transporte. Os acordos foram rompidos neste ano, mas nenhum deles faz parte das investigações que ligam a fintech com o crime organizado.
Na semana passada, uma megaoperação deflagrada pela Polícia Federal, pela Receita Federal e pelo Ministério Público apontou o BK Bank suspeito de envolvimento no esquema de lavagem de dinheiro para a organização criminosa Primeiro Comando Capital (PCC).
As investigações indicam que a empresa, que fica no Jardim Paulista, a 300 metros do prédio da Receita em Ribeirão Preto, movimentou R$ 46 bilhões.
O acordo entre BK e a RP Mobi, que administra o trânsito na cidade, foi firmado em março de 2023, na administração passada, e prorrogado no ano passado. A empresa era responsável por gerenciar os pagamentos em crédito e débito dos serviços da RP Mobi.
De acordo com informações do Portal da Transparência da Prefeitura de Ribeirão Preto, foram pagos R$ 3.036.481,15 para o BK entre dezembro de 2023 e fevereiro de 2025.
À EPTV, afiliada da TV Globo, a RP Mobi informou que, assim que tomou conhecimento das investigações, suspendeu imediatamente o uso das máquinas de cartões e adotou providências administrativas. Segundo a prefeitura, o descredenciamento do BK Bank foi formalizado e publicado no Diário Oficial de segunda-feira.
A RP Mobi também informou que recebeu da BK R$ 626 mil de taxas pagas pelos munícipes em operações realizadas por meio de máquinas de cartão eletrônico. Este valor é de um total de R$ 743 mil que a BK recebeu de quem tinha pendências com a RP Mobi, o que significa que o lucro da prestadora de serviço foi de R$ 117 mil em três anos.
A defesa do BK Bank afirma que tem regularização e autorização do Banco Central para trabalhar no mercado financeiro e diz, em nota, que se coloca à disposição das autoridades para colaborar com as investigações.
Além do contrato com a RP Mobi, o BK Bank também mantinha um contrato com a Secretaria de Saúde, fechado em novembro de 2023, também na administração passada. O acordo servia para fornecimento de cartões eletrônicos de benefício vale fralda para quem tinha processos judiciais. O valor era de quase R$ 3, 2 milhões e foi pago nos últimos anos, de acordo com informações do Portal da Transparência. Segundo a pasta, o contrato não foi renovado pela atual administração porque a empresa tentou o reequilíbrio da taxa de manutenção, o que foi negado em fevereiro deste ano.