São João de Meriti paga aluguel em 3 endereços para a farmácia central e almoxarifado da Secretaria de Saúde
Moradores da Vila São João dizem que não sabem de farmácia nenhuma funcionando
por lá. Um dos aluguéis custa mais de R$ 18 mil.
São João de Meriti paga aluguel em 3 endereços para a farmácia central e almoxarifado da Secretaria de Saúde
São João de Meriti paga aluguel em 3 endereços para a farmácia central e almoxarifado da Secretaria de Saúde
A Prefeitura de São João de Meriti, na Baixada Fluminense, paga aluguel em três endereços diferentes para a mesma finalidade: abrigar a farmácia central e o almoxarifado da Secretaria Municipal de Saúde. Só que os moradores da região dizem que não sabem de farmácia nenhuma funcionando por lá.
Em um dos endereços, na Rua Deputado Flores da Cunha, a casa está trancada e o quintal sujo. O mato cresce na calçada. Mesmo com a aparência de abandonado, notas comprovam pagamentos feitos desde 2023. O aluguel é de R$ 16.788,00.
Até o fim do ano, o custo com o aluguel da casa será de mais de R$ 200 mil.
Os vizinhos dizem que nunca viram movimento de funcionários públicos. Eles
afirmam que uma mulher vive no lugar.
“Mora uma senhora aí. Eu estou aqui há 3 anos. Eu confesso que não a vejo todo
dia não”, disse um morador.
As notas afirmam que o lugar é uma empresa que já foi denunciada pelo Ministério
Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) por dano ao erário. As investigações mostraram conluio com outras empresas para direcionar uma licitação da prefeitura, com pagamento superfaturado. O processo ainda está em andamento.
O poder executivo de São João de Meriti paga outros dois aluguéis com o objetivo de abrigar a farmácia central e o almoxarifado da Secretaria de Saúde do município. Eles ficam em ruas próximas do bairro Vila São João.
Um dos endereços é difícil de encontrar, por causa da numeração confusa e que, em alguns casos, nem existe. Os vizinhos negam que a farmácia central da cidade funcione no espaço.
O aluguel custa R$ 10.342,00. Notas confirmam a despesa desde a gestão passada e
o pagamento continuou em 2025.
O terceiro imóvel, na Avenida Euclides da Cunha, custa R$ 18.805,00. Lá, um funcionário informa que funciona o almoxarifado da Secretaria de Saúde.
Uma informação nas notas pagas pela prefeitura chama a atenção. Em dois endereços, quem recebe o aluguel é Elias Nunes de Queiroz. Ele é o líder do governo na Câmara Municipal de São João de Meriti e pertence ao mesmo partido do prefeito Léo Vieira.
A mulher dele, Roberta Queiroz, é secretária Municipal de Promoção Social.
Elias já teve o mandato cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral, acusado de arrecadação e gasto ilícito na campanha eleitoral de 2016. Passou quatro anos inelegível e voltou à Câmara de Vereadores em 2025.
O advogado Victor Aciolly, especialista em administração pública, afirma que a prefeitura não pode alugar imóvel de vereador.
Na Câmara de Vereadores, Elias não foi encontrado. Funcionários afirmaram que o gabinete destinado a ele estava vazio e que não há telefone fixo. E que nem o vereador e a assessoria quiseram deixar número de contato.
A Prefeitura de São João de Meriti respondeu, por meio de uma nota, que o atual prefeito realizou uma auditoria nos contratos da administração municipal quando assumiu o cargo, em janeiro. E que revogou os contratos de aluguel dos imóveis do vereador Elias Queiroz, que devolveu os valores pagos este ano.
Mas a rescisão só foi publicada no Diário Oficial em junho.
Quanto ao aluguel pago à empresa de material de construção, a prefeitura disse
que o imóvel é uma loja com o letreiro de uma concessionária de veículos. Porém,
o endereço não é o que está no contrato, que corresponde a um imóvel do outro
lado da rua.
O ex-prefeito de São João de Meriti, Doutor João, disse que a antiga gestão do município pagou o aluguel de apenas dois imóveis: um para o almoxarifado e outro para a farmácia central. Ele explicou que o terreno baldio faz parte do terreno do imóvel alugado na rua de trás, onde fica o almoxarifado e negou que a prefeitura pagasse dois aluguéis pelo mesmo imóvel. Mas não é o que indicam as notas fiscais.
Sobre a farmácia no imóvel com placa da loja de veículos, Doutor João disse que
não trocou o letreiro por questão de segurança, já que havia muitos medicamentos
no local.
A TV Globo não conseguiu contato com a empresa de material de construção até a última atualização desta reportagem.