Pressão alta atinge um quarto dos adultos brasileiros

A popular pressão alta, ou hipertensão arterial, é um mal silencioso e que, às vezes, aparece sem avisar. E se a pressão não vai bem, não é só o coração que reclama. Além das doenças cardíacas, a enfermidade pode levar prejuízos aos rins, que passam a funcionar com dificuldade, aos olhos, afetando a visão, e ao cérebro. E quando se trata de pressão alta, o corpo avisa por meio de dores no peito, dor de cabeça, tonturas, zumbido no ouvido, fraqueza, visão embaçada e sangramento nasal.

Um mal muito sério e que merece cuidados, a hipertensão é caracterizada quando a pressão arterial está acima dos 120 de máxima e 80 de mínima, convencionalmente chamado de “12 por 8”.  Para alertar a comunidade sobre a importância do tema, o Ministério da Saúde (MS) instituiu o Dia Nacional de Combate à Hipertensão, celebrado anualmente em 26 de abril.

Para lembrar a data, atividades ocorrerão em todo o país. Em Goiânia, o Hospital Geral de Goiânia Dr. Alberto Rassi (HGG), unidade da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO), promove nesta sexta-feira, 26, mais um “Saúde na Praça”, que oferecerá serviço de aferição de pressão e dicas para controlar a hipertensão.

Dados

Segundo dados do Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (VIGITEL) de 2017, um em cada quatro brasileiros afirmam ter hipertensão arterial, ou seja, em torno de 25% de toda a população. Além disso, houve um aumento da prevalência da doença no Brasil, que passou de 22,6% em 2006 para 24,3% em 2017. Os dados da pesquisa apontam que em Goiânia 23% dos adultos são hipertensos, sendo a prevalência de 22,1% em homens e 23,9% em mulheres.

Selma Tavares de Oliveira, coordenadora de Doenças e Agravos não Transmissíveis da SES-GO, afirma que estimativas médicas demonstram que aproximadamente 50% dos indivíduos hipertensos não estão diagnosticados. Entre os que sabem da doença, somente 52% encontram-se em tratamento com medicamentos.

A cozinheira Maria das Dores Marques Pereira, de 56 anos, consome três medicamentos diferentes para controlar a hipertensão, um mal que a acomete há 10 anos. Ela descobriu ser hipertensa por acaso: a filha se machucou na escola, foi para o hospital e quem ficou internada foi a mãe. “Senti uma dor de cabeça muita forte, muito nervosismo”, conta a cozinheira, que também sofre de obesidade.

Assim como Maria das Dores, as mulheres têm mais predisposição à pressão alta. De acordo com o Vigitel, as mulheres ainda continuam com maior prevalência de diagnóstico médico de hipertensão arterial quando comparado aos homens, tendo registrado 26,4% contra 21,7% para eles.

O cardiologista Luiz Bortolotto alerta que a hipertensão arterial pode atingir as mulheres em qualquer fase da vida, inclusive durante a gestação, sendo a principal causa de morte materna tanto no Brasil quanto no mundo. “Para o andamento tranquilo de uma gravidez, um dos pontos indispensáveis é o pré-natal desde o início da gestação, com um bom controle da pressão arterial. É essencial ainda que a futura mãe receba orientações médicas de quais hábitos saudáveis deve adotar como forma de prevenção para a ocorrência de hipertensão”, diz o médico.

Vida Saudável

Mas a boa notícia é que ela é prevenível, ou, em outras palavras, pode ser evitada de acordo com nossos hábitos de vida. Maria das Dores, além do uso de medicamentos, faz atividades físicas para controlar a pressão. Ela participa de um grupo de exercícios funcionais que se reúne duas vezes por semana, desenvolvido pelo Programa de Fisioterapia do Hospital Estadual de Dermatologia Sanitária e Reabilitação Santa Marta (HDS), unidade da SES-GO. “A prática regular de exercícios físicos ajudam no controle da pressão, melhorando a qualidade de vida da pessoa”, afirma o responsável pelo grupo, o educador físico Alexandre Santana de Oliveira.

O acompanhamento clínico e a medição regular da pressão também ajudam no controle da hipertensão arterial. Este tipo de acompanhamento ocorre nos serviços de atenção básica de saúde implantados nos 246 municípios goianos, realizado por equipes da Estratégia Saúde da Família, pessoal de enfermagem e médicos. A SES-GO atua na capacitação e atualização destas equipes. Em 2019 foram realizados três cursos, beneficiando 120 profissionais de saúde. Para maio deste ano está programada a realização de uma oficina de atualização para médicos da atenção básica em saúde.

Pelo Sistema Único de Saúde (SUS), o paciente é diagnosticado e recebe um protocolo de tratamento. Geralmente são indicados medicamentos distribuídos nas Unidades Básicas de Saúde ou pela Farmácia Popular, mediante apresentação de receita médica. Dos 10 milhões de usuários do Programa Farmácia Popular, por exemplo, 7,2 milhões recebem fármacos para o tratamento da hipertensão arterial. A estatística é do Ministério da Saúde.

Quero me prevenir, o que faço?

Com ou sem predisposição à hipertensão, todo mundo pode se prevenir com ações simples.

  • Manter o peso adequado;
  • Não abusar do sal (use outros temperos que ressaltam o sabor dos alimentos);
  • Evitar alimentos gordurosos;
  • Praticar atividade física regularmente;
  • Aproveitar momentos de lazer;
  • Não fumar;
  • Moderar o consumo de álcool;
  • Controlar o diabetes;
  • Evitar o estresse;
  • Medir a pressão arterial com regularidade (pessoas com casos na família ao menos duas vezes por ano).

As principais causas da hipertensão

  • Obesidade (pode acelerar em até 10 anos o aparecimento da doença)
  • Histórico familiar
  • Estresse
  • Envelhecimento
  • O consumo exagerado de sal, associados a hábitos alimentares não adequados

Principais complicações

  • Derrame cerebral, também conhecido como AVC
  • Infarto agudo do miocárdio
  • Doença renal crônica
  • Pode levar a uma hipertrofia do músculo do coração, causando arritmia cardíaca

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Pesquisa aponta que 49% dos brasileiros acreditam em melhorias no país em 2025

Um levantamento realizado pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) revelou que 49% dos brasileiros acreditam que o país terá melhorias em 2025. O índice permanece estável em relação à pesquisa de outubro, mas registra uma queda de 10 pontos percentuais comparado a dezembro de 2023, quando o otimismo atingiu 59%.

A percepção de piora aumentou entre os entrevistados: 28% acreditam que o Brasil irá piorar em 2025, uma alta de cinco pontos em relação a outubro (23%) e de 11 pontos frente a dezembro do ano anterior (17%).

O levantamento, divulgado nesta quinta-feira, 26, foi realizado pelo Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe) entre os dias 5 e 9 de dezembro, com 2 mil participantes de todas as regiões do país.

Sobre o desempenho do Brasil em 2024, 66% dos entrevistados afirmaram que o país melhorou (40%) ou permaneceu igual (26%) em comparação a 2023. No entanto, essa soma representa uma queda de 13 pontos em relação a dezembro de 2023, quando 79% acreditavam que o cenário havia melhorado (49%) ou permanecido estável (30%).

A percepção de piora em 2024 alcançou 32% em dezembro, marcando um aumento significativo em relação aos 20% registrados no mesmo período do ano anterior.

Para Antonio Lavareda, presidente do Conselho Científico do Ipespe, os resultados refletem um equilíbrio entre otimismo e cautela. “O ano teve aspectos positivos, como o aumento do emprego, mas foi marcado por fatores adversos, como seca, queimadas e notícias sobre alta da Selic, juros e inflação”, explicou Lavareda.

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