O árbitro de Copa do Mundo, Jonas Eriksson, que atuou no Mundial do Brasil em 2014, fez duras críticas aos métodos adotados por Pierluigi Collina na comissão de arbitragem da Uefa. Em seu livro “House of Cards – O jogo sujo atrás do jogo”, Eriksson revelou humilhações enfrentadas em testes rigorosos promovidos pela entidade europeia. Segundo o ex-árbitro, era necessário não apenas ter qualidade na arbitragem, mas também manter uma dieta específica, aparência de alto nível e cuidar do peso e gordura corporal para evitar ser preterido em jogos.
Durante uma reunião de treinamento em 2010, em Liubliana, capital da Eslovênia, Eriksson recorda uma situação constrangedora. Os árbitros foram instruídos a ficarem apenas de cueca em uma sala fria para testes físicos. Em fila, eram chamados para subir na balança, sendo anunciados peso e nacionalidade em voz alta. O exame minucioso de Collina sobre seu corpo praticamente nu fez com que o árbitro sueco se sentisse humilhado e indignado. A pressão para perder peso e reduzir gordura corporal era constante e imposta de maneira degradante.
Pierluigi Collina, renomado árbitro na década de 90 e 2000, era o responsável pela comissão de arbitragem da Uefa à época. A pressão exercida sobre os árbitros para atender aos padrões de aparência impostos era intensa, levando a situações de constrangimento e humilhação. Eriksson expressa sua revolta ao ser submetido a tais verificações físicas, questionando a necessidade da exposição e falta de respeito pela privacidade dos profissionais.
O descaso com a intimidade e dignidade dos árbitros durante os testes promovidos pela Uefa expõe a cultura de pressão e exigências físicas injustas dentro do ambiente de arbitragem. O relato de Eriksson revela a importância atribuída à aparência e ao peso dos árbitros em detrimento de sua qualificação técnica e competência no campo de jogo. A necessidade de se submeter a tais práticas degradantes para seguir uma carreira de sucesso no mundo da arbitragem levanta questões sobre a ética e o respeito no universo esportivo.
A exposição pública dos relatos de humilhação vividos por Jonas Eriksson durante seu período como árbitro de futebol alerta para a necessidade de mudanças na forma como os profissionais são tratados e avaliados no campo esportivo. A pressão excessiva por padrões de aparência e controle de peso revela a rigidez e injustiça presentes nos métodos de avaliação da arbitragem, prejudicando o bem-estar e a integridade dos envolvidos. É fundamental repensar tais práticas e promover um ambiente mais humano e respeitoso para os árbitros que dedicam suas vidas ao esporte.