Previsão da OMC aponta queda de 0,2% no comércio global em 2025: impactos das novas tarifas dos EUA e instabilidade comercial

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A OMC cortou sua previsão para o comércio global de mercadorias, projetando uma queda de 0,2% em 2025. Esse número representa uma forte reversão, uma vez que a organização havia estimado uma expansão de 3% em outubro do ano passado. A mudança nas projeções se deve, em grande parte, às novas tarifas impostas pelos Estados Unidos e aos possíveis efeitos colaterais que podem resultar desse cenário, o que poderia levar a uma redução significativa no comércio internacional, algo não observado desde o auge da pandemia de Covid-19.

De acordo com a OMC, a previsão revisada baseia-se em medidas que já estavam em vigor no início deste ano. A incerteza gerada pela introdução de tarifas extras sobre as importações de aço, automóveis e outros produtos, bem como as disputas comerciais em andamento, têm contribuído para um clima de instabilidade e desaceleração do comércio mundial. A intensificação da guerra comercial entre os EUA e a China, por exemplo, tem elevado as taxas sobre as importações de ambos os países para mais de 100%, gerando um impacto direto nas transações comerciais.

A OMC alerta que, caso o presidente dos EUA, Donald Trump, decida reintroduzir todas as tarifas mais amplas, o crescimento do comércio de mercadorias poderá ser reduzido em 0,6 ponto percentual. Além disso, a imposição de tarifas indiretas e outros efeitos colaterais gerados pela política comercial dos EUA poderiam resultar em um corte adicional de 0,8 ponto percentual, levando a uma queda total de 1,5% no comércio internacional, a maior registrada desde 2020.

A expectativa da OMC para os próximos anos é de uma recuperação gradual do comércio de mercadorias, com um crescimento estimado em 2,5% em 2026. No entanto, a agência também alerta para os possíveis impactos negativos das recentes mudanças na política comercial global, destacando a importância de interpretar as previsões com cautela. A desaceleração do comércio entre os EUA e a China poderá abrir oportunidades para outros países, principalmente no setor de serviços, que também poderá ser afetado pela redução da demanda relacionada ao comércio de mercadorias.

A UNCTAD, agência de Comércio e Desenvolvimento da ONU, também alertou para a possibilidade de um desaceleramento no crescimento econômico global, prevendo uma taxa de crescimento de 2,3% devido às tensões comerciais e à incerteza no cenário internacional. A interrupção do comércio entre os dois maiores países do mundo, EUA e China, poderá gerar impactos significativos nas exportações chinesas em outras regiões. Para os demais países, a lacuna deixada pelos EUA poderá representar uma oportunidade de ampliar sua participação nos mercados internacionais, especialmente em setores como têxteis, vestuário e equipamentos elétricos.

A desaceleração prevista para o comércio de serviços também é um ponto de preocupação para a OMC, que estima um crescimento de 4,0% em 2025 e 4,1% em 2026, abaixo das projeções anteriores. A incerteza em relação ao cenário comercial global poderá reduzir os gastos com viagens e serviços relacionados a investimentos, impactando diretamente o setor de serviços. Após um ano de crescimento expressivo em 2024, a expectativa é de uma desaceleração nos próximos anos, reflexo da instabilidade econômica gerada pelos conflitos comerciais em curso. A situação atual requer cautela e atenção por parte dos agentes econômicos e autoridades envolvidas no comércio internacional.

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