Prioridade de Bolsonaro é manter a franquia familiar: Flávio como candidato

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Só quem não conhece o ex-presidente acreditou que ele facilitaria o jogo para o consórcio que une os donos do PIB ao Centrão. Bolsonaro nunca deu bola a partidos, acordos ou expectativas alheias. Sempre agiu pela lógica do clã. No poder, descartou e humilhou aliados que atravessaram o caminho dos filhos. Na cadeia, deixa claro que só confia na prole. Flávio não é um pesadelo para o establishment por suas virtudes. Nem pela ausência delas. O que amedronta são as pesquisas que apontam uma rejeição tóxica aos herdeiros do capitão. Ao ungir o filho, Bolsonaro mostra que sua prioridade não é derrotar Lula. O plano é evitar o fechamento da franquia familiar, mesmo que isso signifique perder a eleição de 2026. Mercado e Centrão tinham outras razões para preferir Tarcísio. O governador de São Paulo é visto como um político manobrável. Não criaria problemas nem questionaria acordos fechados na campanha. A exemplo dos irmãos, Flávio só deve obediência ao pai. Para cumprir suas ordens, não hesitaria em contrariar aliados e patrocinadores. O currículo do Zero Um é notável. Em 16 anos na Assembleia Legislativa do Rio, ele se destacou por empregar parentes de milicianos e por ir à cadeia condecorar um matador de aluguel. Nas horas vagas, macaqueou a pregação de Jair a favor da ditadura e da violência policial. Em 2018, soube-se que o ex-PM Fabrício Queiroz operava um esquema de rachadinha no gabinete de Flávio na Alerj. O Ministério Público identificou os laranjas e denunciou o Zero Um por organização criminosa, peculato, ocultação de bens e lavagem de dinheiro. O caso foi arquivado depois que o Supremo anulou provas obtidas em relatórios financeiros do Coaf. Senador há sete anos, o Zero Um tem usado o mandato como trincheira para defender o pai. Seu grande feito em Brasília foi comprar uma mansão por R$ 6 milhões no Lago Sul. Questionado sobre a origem dos recursos, ele disse atuar como advogado, mas se recusou a divulgar a lista dos supostos clientes. A escolha de Flávio representa uma boa notícia para o governo. Sua candidatura divide as direitas e reduz as chances de um palanque robusto contra Lula. Com Tarcísio fora do jogo, as máquinas partidárias do Centrão tendem a abandonar a corrida ao Planalto para se concentrar nas eleições para o Legislativo. Tendo um Bolsonaro como adversário, o petismo poderá resgatar o discurso da frente ampla, que embalou a vitória em 2022.

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