Última atualização 14/02/2017 | 14:43
Sem entrar no mérito de quem deixou mais ou menos esqueletos na Celg, hoje é um dia importante na história da maior empresa de Goiás. Depois de um longo processo, com idas e vindas, a companhia finalmente passa para o controle de um grupo privado, a gigante do setor elétrico mundial Enel, de origem italiana.
Os críticos vão dizer que os goianos estão perdendo um patrimônio público; os defensores que a Celg tornou-se, nos últimos anos, uma pedra no sapato do desenvolvimento de Goiás. Quem está com a razão? Com a palavra, os historiadores.
O dado concreto é que há muito a Celg perdeu as condições de atuar com competitividade no mercado e acabou, sim, se constituindo num entrave para o crescimento da economia da Goiás. Não foram poucas as empresas que sofreram na pele o problema da pouca ou quase inexistente oferta de energia. As populações conviveram com constantes interrupções e centenas de cidades amargaram o fantasma da escuridão.
Muitos podem dizer que o Estado não dá conta de atuar numa área tão complexa, como a do setor elétrico, mas existem outros exemplos de boas gestões públicas neste ramo da economia como a Cemig em Minas Gerais e a Celesc em Santa Catarina, apenas para economizar nos argumentos. A Celg, em dado momento, chegou a acumular uma dívida de superior a cinco vezes o seu patrimônio. Perdeu competividade e tornou-se pouco atrativa para investidores.
O tal patrimônio dos goianos, então, não passava de uma moeda podre. A privatização vai garantir um aporte financeiro imediato de R$ 2 bilhões, com a garantia do grupo investidor de aumentar a oferta de energia no Estado. A racionalidade nos leva a concluir que é melhor pagar uma energia cara pela eficiência, do que uma energia cara pela ineficiência.
A operação total envolve algo próximo de R$ 8 bilhões – R$ 4 bilhões em assunção de dívidas, R$ 2,2 bilhões pelo valor da venda e R$ 2 bilhões em investimentos. Pode até não ser o melhor negócio do mundo, mas é o negócio possível.