Privatização da Celg, um negócio possível

Sem entrar no mérito de quem deixou mais ou menos esqueletos na Celg, hoje é um dia importante na história da maior empresa de Goiás. Depois de um longo processo, com idas e vindas, a companhia finalmente passa para o controle de um grupo privado, a gigante do setor elétrico mundial Enel, de origem italiana.

Os críticos vão dizer que os goianos estão perdendo um patrimônio público; os defensores que a Celg tornou-se, nos últimos anos, uma pedra no sapato do desenvolvimento de Goiás. Quem está com a razão? Com a palavra, os historiadores.

O dado concreto é que há muito a Celg perdeu as condições de atuar com competitividade no mercado e acabou, sim, se constituindo num entrave para o crescimento da economia da Goiás. Não foram poucas as empresas que sofreram na pele o problema da pouca ou quase inexistente oferta de energia. As populações conviveram com constantes interrupções e centenas de cidades amargaram o fantasma da escuridão.

Muitos podem dizer que o Estado não dá conta de atuar numa área tão complexa, como a do setor elétrico, mas existem outros exemplos de boas gestões públicas neste ramo da economia como a Cemig em Minas Gerais e a Celesc em Santa Catarina, apenas para economizar nos argumentos. A Celg, em dado momento, chegou a acumular uma dívida de superior a cinco vezes o seu patrimônio. Perdeu competividade e tornou-se pouco atrativa para investidores.

O tal patrimônio dos goianos, então, não passava de uma moeda podre. A privatização vai garantir um aporte financeiro imediato de R$ 2 bilhões, com a garantia do grupo investidor de aumentar a oferta de energia no Estado. A racionalidade nos leva a concluir que é melhor pagar uma energia cara pela eficiência, do que uma energia cara pela ineficiência.

A operação total envolve algo próximo de R$ 8 bilhões – R$ 4 bilhões em assunção de dívidas, R$ 2,2 bilhões pelo valor da venda e R$ 2 bilhões em investimentos. Pode até não ser o melhor negócio do mundo, mas é o negócio possível.

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BYD cancela contrato com empreiteira após polêmica por trabalho escravo

Na noite de segunda-feira, 23, a filial brasileira da montadora BYD anunciou a rescisão do contrato com a empresa terceirizada Jinjiang Construction Brazil Ltda., responsável pela construção da fábrica de carros elétricos em Camaçari, na Bahia. A decisão veio após o resgate de 163 operários chineses que trabalhavam em condições análogas à escravidão.

As obras, que incluem a construção da maior fábrica de carros elétricos da BYD fora da Ásia, foram parcialmente suspensas por determinação do Ministério Público do Trabalho (MPT) da Bahia. Desde novembro, o MPT, juntamente com outras agências governamentais, realizou verificações que identificaram as graves irregularidades na empresa terceirizada Jinjiang.

Força-tarefa

Uma força-tarefa composta pelo MPT, Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Defensoria Pública da União (DPU) e Polícia Rodoviária Federal (PRF), além do Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF), resgatou os 163 trabalhadores e interditou os trechos da obra sob responsabilidade da Jinjiang.

A BYD Auto do Brasil afirmou que “não tolera o desrespeito à dignidade humana” e transferiu os 163 trabalhadores para hotéis da região. A empresa reiterou seu compromisso com o cumprimento integral da legislação brasileira, especialmente no que se refere à proteção dos direitos dos trabalhadores.

Uma audiência foi marcada para esta quinta-feira, 26, para que a BYD e a Jinjiang apresentem as providências necessárias à garantia das condições mínimas de alojamento e negociem as condições para a regularização geral do que já foi detectado.

O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que sua embaixada e consulados no Brasil estão em contato com as autoridades brasileiras para verificar a situação e administrá-la da maneira adequada. A porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning, em Pequim, destacou que o governo chinês sempre deu a maior importância à proteção dos direitos legítimos e aos interesses dos trabalhadores, pedindo às empresas chinesas que cumpram a lei e as normas.

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