Última atualização 29/03/2022 | 16:27
A Enel Goiás continua entre as três piores distribuidoras de energia do país, segundo levantamento da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Entre 29 empresas analisadas em 2021, a companhia responsável por grande parte do abastecimento em Goiás ficou na posição 27.
A Enel Goiás demonstrou também uma piora no tempo médio de duração das quedas de energia. Em 2021, foram 18,75 horas. Em 2020, 16,48 h, com os serviços da antiga Celg Distribuição. Ambos os números estão bem acima do estipulado pela Aneel, que é de 12,58 horas. A Enel Goiás vem estourando este limite desde 2007. No país todo, a média de tempo em que a população ficou no escuro, em 2021, foi de 11,84 horas. Desde 2012, a distribuidora responsável pelo abastecimento em Goiás vem se mantendo entre as piores na avaliação do ranking nacional.
Para o presidente do Conselho Temático de Infraestrutura (Coinfra) da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), Célio Eustáquio de Moura, a fragilidade no abastecimento prejudica indústrias de diversas áreas.
“Na panificação, por exemplo, você tem um sistema que não consegue retornar com rapidez [quando há queda de energia] e acontece perda de produção. Na siderurgia, se uma caldeira desligar, pode ser danificada porque a interrupção abrupta pode gerar perda total do equipamento”, argumenta o presidente da Coinfra/Fieg.
Ele diz também que esta insegurança faz com que a indústria precise ter investimentos desnecessários com a suplementação [compra de geradores] de fornecimento de energia.
Célio afirma ainda que há demanda reprimida na indústria goiana. Segundo ele, a falta de estrutura correta, como em linhas de transmissão, impede que a Enel forneça energia em potências mais elevadas e amplie a distribuição, para atender à demanda de uma cozinha industrial, por exemplo. “Isso não é questão de falta de energia, é questão de que a rede, muitas vezes, não tem capacidade para que seja instalada estrutura que vá absorver grande quantidade de energia. Claro que [o problema] vem diminuindo. A Enel está ofertando mais a cada dia, mas ainda há uma limitação”, explica.
O impacto chega também no setor agroindustrial. Em uma interrupção de energia, a produção de leite, por exemplo, fica prejudicada, com a perda de milhares de litros, dependendo da duração das interrupções (DEC) e da frequência em que ocorrem (FEC). Ambos fatores são levados em conta na análise da Aneel, feita com base no Desempenho Global de Continuidade (DGC) das concessionárias de energia.
Para o representante da Fieg, a baixa classificação da Enel Goiás, sozinha, não é suficiente para afastar investidores propensos a criar novas indústrias em Goiás. No entanto, a situação é um desmotivador, segundo ele. “É um desestímulo. Isso faz com que o investidor avalie a questão da energia como um ponto negativo. É muito importante que a Enel melhore, tenha energia de qualidade e segura, que não desligue com frequência, tampouco fique muito tempo desligada. Isso realmente impacta muito o resultado da indústria em Goiás”, afirma.
Resposta
Em relação à classificação no ranking da Aneel, a Enel Goiás informou, por meio de nota, que tem registrado avanço no ranking, o que reflete “os fortes investimentos realizados desde que a Enel assumiu o controle da distribuidora, em fevereiro de 2017, e a consequente recuperação nos indicadores de qualidade, que apresentaram melhoria histórica, afirma o texto. A empresa ressaltou ainda que investiu mais de R$ 4 bilhões na qualidade do fornecimento em Goiás, entre 2017 e 2021.
Confira a nota da Enel na íntegra:
“A Enel Distribuição Goiás ressalta que tem registrado historicamente avanço no ranking da continuidade do serviço divulgado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). A melhoria no resultado da empresa no ranking reflete os fortes investimentos realizados desde que a Enel assumiu o controle da distribuidora, em fevereiro de 2017, e a consequente recuperação nos indicadores de qualidade, que apresentaram melhoria histórica.
Entre 2017 e 2021, a Enel investiu mais de R$ 4 bilhões na qualidade do fornecimento no Estado, que durante anos, antes da privatização, sofreu com a falta de investimentos. Foram realizados investimentos estruturais importantes para a recuperação do sistema de distribuição de energia, como a construção de 16 novas subestações e ampliação e modernização de outras 100, além de aportes focados na modernização e automação da rede, como a instalação de mais de 8 mil equipamentos telecomandados, que permitem a gestão remota da rede e o restabelecimento mais rápido do serviço em casos de interrupção.
Como resultado do volume inédito de investimentos na rede, a média de vezes em que o cliente da distribuidora fica sem energia no ano (FEC) caiu de 25 em 2015 para 8,6 em dezembro de 2021, melhora de 66%, bem abaixo da meta contratual (9,22). Já o tempo médio (DEC) em que o cliente é afetado por ano em Goiás passou de 43,24 horas em 2015 para 18,6 horas, melhora de 57%.
Cabe ressaltar que o Desempenho Global de Continuidade (DGC), indicador utilizado no ranking da Aneel, observa os valores apurados de duração e frequência média das interrupções de energia (DEC e FEC) das distribuidoras em relação aos limites regulatórios estabelecidos pela agência para cada concessão. Como estes limites variam para cada empresa, os resultados se tornam mais desafiadores em algumas concessões, não refletindo no ranking, na mesma proporção, os avanços nos números absolutos dos índices de qualidade. No caso da Enel Goiás, por exemplo, pelo contrato de concessão, o limite regulatório será atendido somente a partir de 2023, ou seja, até lá as melhorias nos índices de qualidade terão pouco ou nenhum reflexo no ranking. A Enel reforça que seguirá comprometida com a melhoria constante da qualidade do fornecimento de energia em Goiás, por meio da modernização da rede elétrica”.