Productores do Paraná cultivam pés de couve de seis metros; entenda por que isso ocorre

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Produtores do Paraná registram pés de couve que chegam a seis metros de altura; saiba por que isso acontece

Em Alter do Paraná e Cianorte, produtores têm que subir em escadas ou em construções nos fundos da casa, para conseguir pegar as folhas da verdura. Um agrônomo explica que o “fenômeno” é mais comum do que se imagina.

Produtores de Alter do Paraná e Cianorte, no noroeste do Paraná, relatam que precisam subir em escadas e até mesmo no telhado de uma construção nos fundos de casa para colher folhas de couve. Na região foram registrados pés com mais de três metros de altura. Um deles já ultrapassou a marca de seis metros. As imagens deixaram vizinhos curiosos e querendo mudas das “super verduras”.

O DE conversou com um engenheiro agrônomo, especialista em horticultura, que explicou que o “fenômeno” é mais comum do que se imagina. Confira mais abaixo.

O pé de couve do Milton Borges Gonçalves, de 59 anos, já passou da marca de seis metros, em Cianorte. Há cerca de dois anos, ele ganhou cinco mudas da hortaliça, mas duas foram derrubadas pelo vento e outras duas morreram devido a algumas pragas. A que sobrou se transformou no pé gigante da verdura. Milton diz que não esperava que a muda crescesse tanto, e contou ao DE como foi esse processo.

“A gente foi colhendo as folhas e de repente a gente não alcançou mais, tinha que colocar escada para poder colher. Chegou em uma certa altura que a gente colocou uma escora de uns 4 metros, aí o pé de couve passou e colocamos outra, aí passou de novo. Há pouco tempo, colocamos mais uma de uns 90 centímetros e já está passando de novo”, contou Milton.

Agora, para conseguir colher as couves, o produtor tem que subir uma laje que fica numa construção nos fundos da casa. Muitas mudas já foram retiradas do pé gigante e plantadas na horta caseira do Milton. No quintal, além da couve, ele também cultiva cebolinha, salsinha, coentro, erva-cidreira, além de outros temperos e verduras. O adubo é feito de forma orgânica, com esterco de gato, cascas de legumes e folhas.

Em Alter do Paraná, o pé de couve de Marilene Barbosa Delgado, de 63 anos, está medindo 3,10 metros. A estima pela hortaliça é tão grande que ela lembra até o dia em que fez o plantio: 3 de maio de 2022.

“Esse pé de couve já tem vários ‘filhos’ plantados no meu quintal, que também logo vão ficar iguais aos pais deles. Ele era pra ter crescido reto, mas a gente não achava que ele ia crescer tanto. Ele acabou ficando um pouco torto, mais isso não impede de tirar folhas. Para pegar os maços, meu esposo tem até que subir na escada”, explicou Marilene.

Junto com o marido Advaldo Barbosa Delgado, de 60 anos, ela cultiva vários tipos de verduras, legumes e temperos. Na horta, que fica no quintal de casa, fertilizantes e agrotóxicos não entram e tudo é adubado de forma orgânica. “A gente sempre morou na roça. Eu nasci e me criei lá e há 10 anos eu mudei para Alter do Paraná. Eu sempre plantei na roça e a gente não passava veneno. Os adubos aqui são orgânicos. Meu marido usava folhas, cascas, galhos e raízes e enterra no canteiro. Quando tem lagartas, a gente mata os ovinhos e tira as folhas onde elas estão”, explicou Marilene.

Na cidade, Marilene já ficou famosa e vários moradores passaram a pedir uma muda do pé de couve “super dotado”.

José Usan Torres Brandão Filho, engenheiro agrônomo, mestre em horticultura e professor da Universidade Estadual de Maringá (UEM), explica que o “fenômeno” é mais comum do que se imagina. Tudo depende de um bom manejo das plantas.

Usan aponta que a espécie pertence à família de vegetais do tipo Brássicas, também conhecidas como “vegetais florais” e que, dentro dessa espécie, existem subdivisões. No caso da couve, o agrônomo explica que o crescimento do caule é indeterminado, diferente do repolho, por exemplo, que também pertence à mesma família.

Por isso, de acordo com Usan, se for bem cultivada, com uma boa adubação e retirada de folhas de forma constante, o caule da couve pode chegar às alturas.

Segundo Usan, a adubação orgânica é mais equilibrada e diminui as chances do aparecimento de pragas. Ela também favorece a emissão do sistema radicular, parte da planta responsável pela fixação ao solo, absorção de água e nutrientes e que também pode servir como local de armazenamento de substâncias e produção de hormônios.

“A gente sabe que os nossos solos do Paraná têm características excelentes. Para hortaliça, ele não pode ser solo muito pesado, um solo muito argiloso. É preferível solo mais misto, que não acumule tanta água, senão a planta fica sujeita ao ataque de doenças e também à deficiência de oxigênio”, explicou Usan.

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